digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, fevereiro 28, 2009

Por tua causa


Se te apanhar a sós sou bem capaz. Capaz de tudo. Capaz de fazer amor contigo. Capaz de não fazer nada. Capaz de dormir contigo e não acordar ao teu lado. Capaz de não saber o que fazer. Capaz de me deixar ir. Capaz de te conduzir. Capaz de não repetir. Capaz de repetir. Capaz de fugir. Capaz de mentir. Certo é que sempre com medo. De tudo isto que digo. De muito mais. De muito mais que possa vir a seguir.
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Nota: Achei que esta música vinha a propósito. A propósito dela.

Carocha atómico


Estava em Lisboa. Estava em Tavira. Estava em Lisboa. Estava em Düsseldorf. Estava a caminho de Colónia. Estava a caminho de Düsseldorf. Cento e tal à hora num carocha de cor imemorável. O tipo cantava e dançava, e, nós, sem nada ter bebido, cantávamos. É do que melhor que me lembro de 1988. Da década de oitenta. Claro que havia a quinta das traseiras, os campos agricultados, a floresta, o depósito da água, os prédios quase isolados de Solingen, o gato preto, que só outro dia soube que era uma gata, e todo o belo mundo novo que foi a Renânia do Norte-Westfália. Era tão pequenino e foi ainda outro dia.

Pombinha


Ainda não tinhas nascido e já esta música era para ti. Não sei se morri na Grande Guerra. Não sei quanto tempo lhe sobrevivi, mas acredito que te conheci na Argentina e te reconheço agora. Minha pombinha miúda. Foste predestinada. Esta música assenta-te, porque és a pomba. Não da paz. Não da guerra. Apenas a pomba, de peito de rola. Devo ter-te conhecido depois da guerra... se lhe sobrevivi. E agora encontro-te.

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Há gente muito estúpida

Há pessoas tão estúpidas que, se fossem colocadas novamente nas situações do passado, fariam exactamente a mesma coisa. O passado nem sempre se vai embora quando o tempo passa.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Canalhice

- Como é que um tipo como tu gosta duma miúda como eu?
- Porque me tratas mal.
- Trato-te mal?
- Tratas!
- Quer dizer, se eu passar a tratar-te bem... o que acontece?
- Gosto ainda mais de ti.
- Então se eu me quiser ver livre de ti, o que posso fazer?
- Nada.
- Então, esta nossa relação nunca mais vai acabar?
- Não sei. Depende...
- Depende de quê?!
- De me aparecer uma melhor que tu... que me trate melhor... ou pior...
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Nota: Não levei um estalo. Levei um beijo. Por que as mulheres não entendem quando estamos a falar a sério?

Apaixonei-me por uma casada...

- Acho que gosto de ti.
- Eu também gosto de ti.
- Acho que me apaixonei por ti.
- Não!
- Sim!
- Porquê?
- Sei lá porquê…
- Mas porquê?
- Porquê, o quê?
- Por que te apaixonaste por mim?
- Porque és gira e fresca e… não sei, sei lá.
- Isso não pode ser.
- Não pode ser. Porquê?
- Porque vivemos juntos. Estamos muito perto um do outro... conversamos, partilhamos coisas...
- Sim, estamos casados.
- É esse, exactamente, o problema.
- És capaz de ter razão… E agora, o que fazemos?
- Vamos ter de deixar de dormir na mesma cama.
- Achas que o teu namorado se importa por eu me ter apaixonado por ti?
- Ele não precisa de saber. Este é um assunto nosso… e, depois, acho que ele também se apaixonou pela mulher. E tu, que lhes vais dizer?
- Não sei. Ainda não sei. Acho que ela desconfia... acho que vou acabar tudo com ela.
- Não faças isso... Deixa andar as coisas como até aqui. Logo vemos, cá nos arranjamos.

Sim, amo-te





















- Gostas de mim?
- Sim.
- Sim? Isso não é resposta!
- Ai não?! Então, o que devo responder?
- A verdade…
- Mas disse a verdade…
- Ah! Foi assim chochinho.
- Chochinho?! Chochinho?!
- Sim, não sei… foi com pouca convicção…
- Não foi nada!
- Oh! Foi pois!
- Ufa! (haja paciência)
- Mas, gostas de mim ou não?
- Siiiiiim…
- Oh!
- O que queres que te diga?
- Que gostas de mim.
- Mas já disse.
- Não foste convincente.
- Queres que me ponha de joelhos e te declare solenemente o meu amor?
- Não sejas parvo…
- Sim! Gosto de ti! Sabes perfeitamente que gosto de ti!
- Gostas de mim?!... Gostar de mim é pouco…
- O que vem agora aí?
- Gostava que gostasses mais do que gostar…
- … Amo-te. Pronto.
- Amo-te, pronto?! É isso que tens para me dizer?
- Gosto de ti. Amo-te. Adoro-te. Desejo-te.
- Desejas?! Só pensas nisso!
- Começamos…
- Começamos, nada. (trombas)
- O que foi desta vez?
- Não sabes?
- Não, não sei.
- Então devias pensar no que disseste…
- Mas o que é que eu disse?
- Não sabes?! Pensa lá bem…
- … (sopro)
- Diz-me! Diz-me… estou à espera!
- Disse que te amo, que te adoro, que gosto de ti e que te desejo… Qual foi o mal?!
- Qual foi o mal?! Desejas-me?! Isso veio a propósito de quê?! Tenho de te pedir para seres querido e romântico e tu nem isso sabes fazer!
- Bem, estás para desatinar… vou andando, não tenho paciência para estas cenas.
- Ah! Vais-te embora?! Então, é assim?! Está bem!... E depois queixa-te.
- Queres começar, não queres? Então começa sozinha e continua. Vou-me embora, não tenho paciência!
- Começar?! Então, agora fui eu quem começou?! Tens graça…
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Nota: Qual é o homem que pode afirmar, sem mentir, que nunca passou por uma situação destas?!

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Com os pés em cima da mesa

Bem, vou tomar banho. O cheiro dos meus pés está a abrir-me o apetite, e, pior que tudo, não tenho vinho em casa para os acompanhar.

A origem do mundo e a estupidez

A PSP de Braga apreendeu cinco exemplares dum livro, com a capa ilustrada com a obra de Gustave Courbet, chamada «A origem do mundo». Os pudicos agentes terão ido acorrer às denúncias de cidadãos de olhos delicados, que se terão queixado de conteúdo pornográfico na obra. Ora, se fossem preocupar-se com crimes fariam muito melhor. A arte não é pornografia, mas ainda que fosse?! Vendem-se publicações pornográficas em qualquer quiosque e pode aceder-se facilmente na internet.
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Nota 1: Engraçado foi ver um trabalho duma formiguinha da TVI, que disse que o pintor era renascentista... Oh senhora! O homem viveu no século dezanove. E o pivô repetiu o disparate.
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Nota 2: Não acredito que os intelectuais da PSP, de Braga ou doutro lado qualquer, venham espreitar-me o Infotocopiável, mas, todavia, pelo sim pelo não, deixo uma imagenzinha pornográfica para ver se percebem a diferença. Se não perceberem, paciência, que voltem para a escola... agora até mais fácil e até já se tem equivalência ao nono ano com um curso de futebolista. Este país é só rir.
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Nota 3: A PSP alegou que poderia haver distúrbio da ordem pública, até porque havia muitas crianças a visitar o espaço. Então, as criancinhas não podem visitar as ruínas das termas de Pompeia? Ou a Gallerie dell'Accademia, em Florença, onde se encontra a estátua de Davi, nu. E quem diz estas, diz outras.
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Nota 4: O Ministério da Admnistração Interna deveria solicitar ajuda ao Ministério da Cultura - porque o da Educação é o que se sabe -, na formação artística dos agentes da PSP e GNR. Porque em corporativismo já eles estão formados.
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Nota 5: Tal prometido anteriormente, nesta nova oportunidade justificável apresento uma loira. A modelo chama-se Marketa Belohona.

Esta música e este texto também são para ti


Ao ouvir sinto-me apaixonado. De novo. De novo por ti. Por ti. Sejas tu quem fores. Não é fácil de entender.
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Nota: Dedico este texto a quem sentir que lho estou a dedicar.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

A justiça serve quem?





















Ouvi dizer a alguém que havia mãozinha política nas investigações do caso Freeport. Achei que não, mas afinal quem o disse pode ter razão. É que as investigações pararem em 2005 e só serem retomadas em 2009, por força dos britânicos, levanta suspeitas. Mais ainda quando se conheceu que os alegados crimes podem ter prescrito, por força da inécia durante tantos anos. É como nos policiais, é preciso saber a quem beneficia com a situação.
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Nota 1: Em linguagem socrática diz-se Fripór.
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Nota 2: Já repararam que quando há socialistas nas suspeitas da justiça as coisas acabam sempre quietinhas? Já o foi no caso Casa Pia... ninguém percebeu o que não se passou.
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Nota 3: Uma vez que posso estar a fazer insinuações injustas, ilustro o texto com um retrato do juíz William Stoughton, que foi quem esteve à frente do julgamento das bruxas de Salem, no Massachusetts, no século XVII.

domingo, fevereiro 22, 2009

Quero o meu signo de volta

Sempre acreditei ser Capricórnio. Por nada em especial, era e estava tudo bem. Nunca pensei rebelar-me contra esse facto. Há uns dias, apenas há uns dias, descobri que o zodíaco tem mais um signo. É lamentável, só aos trinta e nove anos. Trata-se do verdadeiro zodíaco e não o de doze signos. Doze signos, porque o número é mágico, divide-se por três e por quatro, também eles com magia. Treze é que não dava jeito nenhum.
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Os mágicos uniformizaram também a duração dos signos, fazendo-os com aproximadamente trinta dias. Mas, isso também não é verdade.
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Ora, isso mistura as coisas todas, os signos todos. Os signos têm de ser rearrumados. Reconheço que não sei de astrologia, nem de astronomia, mas parece-me óbvio que as continhas dos astrólogos têm, forçosamente, de estar todas erradas. É que há signos completamente fora do alinhamento místico. Nem sei se alguma das constelações verdadeiras coincide com as astrológicas. Ou seja, quando os magos dizem que o Sol está num determinado signo, na verdade não está lá. Giro! Brincar às escondidas.
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Afinal sou Sagitário, tal como a minha irmã, que também deixou de ser capricorniana. A minha mãe continua a ser Peixes. O meu pai e irmão mantém-se como animais de casco, mas de Touro passaram para Carneiro.
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Nada disto é muito grave. Grave são as consequências nas relações humanas. A partir de agora já não sei como interagir com pessoas que conheço há muito. Quando penso nas namoradas que já tive, só nas principais, fico lixado com as verdades que não me terão escondido, a começar pelo signo zodiacal.
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A R. afinal não é Escorpião, mas Balança. A Rusa já não é Sagitário, mas Escorpião. A K. não é Caranguejo, mas Gémeos. A G. não é Virgem, mas Leão. A V. não é Balança, mas Virgem. Tudo trocado. Agora, até me admira como nunca lhe troquei os nomes. Havia de ter sido bonito!...
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Resultado: não gosto do meu signo novo. Quero a minha cabra com rabo de peixe de volta. Quero voltar à ignorância. Na vida, tudo chega ao fim. Até os nossos signos zodiacais.
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Nota: O «tal» novo signo, ou constelação, sempre lá esteve e chama-se Serpentário ou Esculápio.
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Quadro dos signos - constelações:
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01 - Capricórnio - 20 de Janeiro a 16 de Fevereiro - 28 dias
02 - Aquário - 17 de Fevereiro a 11 de Março - 23 dias
03 - Peixes - 12 de Março a 18 de Abril - 38 dias
04 - Carneiro - 19 de Abril a 13 de Maio - 25 dias
05 - Touro - 14 de Maio a 21 de Junho - 39 dias
06 - Gémeos - 22 de Junho a 20 de Julho - 29 dias
07 - Caranguejo - 21 de Julho a 10 de Agosto - 21 dias
08 - Leão - 11 de Agosto a 16 de Setembro - 37 dias
09 - Virgem - 17 de Setembro a 30 de Outubro - 44 dias
10 - Balança - 31 de Outubro a 22 de Novembro - 23 dias
11 - Escorpião - 23 de Novembro a 29 de Novembro - 7 dias
12 - Serpentário - 30 de Novembro a 17 de Dezembro - 18 dias
13 - Sagitário - 18 de Dezembro a 19 de Janeiro - 33 dias
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Remate: A imagem é dum sacerdote de Esculápio intervindo junto dum doente. Esculápio é o deus romano da medicina.

Muito sozinho


Não tenho dúvidas acerca de ti nem do que sentias, apesar de, já então, o desmentires. Senti-te nesta música e a mim, impotente. Seja como for, onde estás tu, agora? Estou no mesmo sítio, lamentavelmente… cada vez mais no mesmo sítio. E tu já viste o mundo.
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Nota 1: Este texto é dedicado à Diana N..
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Nota 2: Ela tão pequina e eu tão queimado e ainda tinha tanto para passar, eu e não ela. Ela talvez também.

Nem sei o que chamar a esta posta


Não sei, nunca soube, se alguma vez estiveste apaixonada por mim. Não sei por que nunca me apaixonei por ti. Estivesmos tão perto. Eu mais perto da Mónica, ela mais distante de mim. Na verdade dancei esta música. Na verdade, não sei se o fizeste comigo. Estivemos perto. Quando hoje penso quanto estivemos perto, penso o quão poderíamos ter estado mais.
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Nota 1: Dedico este texto a Marta A., que não vejo há mais de dez anos. Tenho saudades. Descobri hoje que tem dois filhos, fico feliz. Só fico triste por lhe ter perdido o rasto e a amizade.
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Nota 2: Não sei se ela dançou esta música, quando a conheci eu dançava-a. Foi no Frágil, quando ainda era gay friendly e não gay. Fui lá hoje e, em cinco minutos, apalparam-me três vezes o rabo.
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Nota 3: Não sei por que me lembrei hoje da Marta, mas deve ter sido porque fui ao Frágil.

Inconsequências


Fujo de ti para não ter de te abraçar. Não tivesses tanta mais beleza. Não tivesses tanta mais vida. Não precisasses de tanto espaço e eu que me abraçassem apertado. Não tivéssemos tanta coisa contra, talvez tivéssemos qualquer coisa para fazer um ao outro. Digo-te coisas e tu ris. Fingimos que não sabemos e fico feliz.

O factor dez anos

Quando era zetário sonhava com mulheres com, pelo menos, dez anos mais do que eu. Agora, que estou com quase entas, sonho com mulheres com, pelo menos, menos dez anos do que eu. Sonho sempre com os dez anos. Sonho desde os dez.
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Nota: Em inglês, as idades da adolescência são os teen, o elemento comum. Em português, o elemento comum é o zê, a que se acresce o etário, o que dá zetário.

sábado, fevereiro 21, 2009

De lá para onde vais

- Mandas-me beijos, lá do sítio para onde vais?
- Não. Trar-te-ei beijos lá do sítio para onde vou.

Deixem estar quieta a crise

Espero que ninguém dê um pontapé na crise, pois ela ainda nos morde mais ainda. Estejam quietos, finjam que não está cá ninguém, que ela logo se vai embora.
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Nota 1: O quadro chama-se «Poeta pobre», foi o melhor que encontrei para ilustrar a palavra «crise». Todavia, com as minhas manias literárias e situação ecnonómica, penso que bem me pode ilustrar.
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Nota 2: Aceitam-se doações. Não se passam recibos.

Sol e Lua


O Sol iluminou a minha Lua. Agora ela tem um sorriso com mais luz. Saiu da órbita e flutua feliz. Bendito seja o Sol.
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Nota 1: Este texto é dedicado à Isabel Colher.
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Nota 2: Por acaso, o Sol é de Inverno, mas o de Verão também serve.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

É Carnaval - É Cárrenavau

O que gosto mais, no Carnaval tipicamente português, é da música. Vibro com o samba.
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Nota 1: No Brasil é Verão, em Portugal é Inverno. No Brasil são gostosonas quase nuas. Em Portugal são roliças com celulite mal despidas.
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Nota 2: Este quadro designa-se de «O Carnaval do Arlequim».

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Quero, e tu, queres?





















- Queres?
- Quero. E tu?
- Também quero. Claro que quero.
- … (sorriso)
- … (acção)
- O que estás a fazer?
- Hã?! Então, estou…
- O que estás a fazer?
- Então, não querias?
- Tás a passar-te?!
- Disseste que querias…
- Queria, mas não era isso…
- Por que não disseste o que querias?
- Porque achei que sabias o que eu queria.
- Como podia saber se não me disseste?
- Mas tu também disseste que querias. Estavas a querer uma coisa que não sabias?
- Achei que querias o que eu queria.
- Não sabias o que eu queria, mas achaste que eu queria o mesmo que tu querias... Só pensas nisso!
- Já sabes que sim.
- Que tarado! És sempre o mesmo!...
- Se sabes que sim, por que disseste o que querias se não era isso que querias?
- Porque achei que tinhas percebido.
- Como haveria de perceber se não me disseste?!
- Mas achavas que eu ia saber o que tu querias?!
- Sim! Não dizes que eu quero sempre o mesmo?!... Que só penso nisso?! Então!...

O tal jantar

- Queres ir lá jantar?
- Quero.
- Este sábado?
- Sim.
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- Afinal sábado não dá.
- Está bem. Estás sempre convidada.
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- Queres ir lá jantar?
- Quando?
- Sábado.
- Sim, acho que sim.
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- Afinal sábado não vai dar.
- Então?
- Não vou cá estar.
- Fica para outro dia.
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- Queres ir lá jantar hoje?
- Hoje não dá. Tenho cenas combinadas.
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- Queres ir lá jantar hoje?
- Não pode ser, mas hei-de aceitar.
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- É a última vez que te convido… queres lá ir jantar hoje?
- Hoje não posso, amanhã vou para fora.
- Então, convida-te quando quiseres. Não insisto mais.
- Está bem. Obrigada. Está descansado que me convidarei.
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- João, posso, então, ir lá jantar hoje?
- Não. A minha comida acabou.
- Acabou?!
- Desde do outro dia que a minha comida só chega para mim.
- Podíamos comprar qualquer coisa e jantávamos…
- Não percebeste, a minha comida acabou… (a paciência)
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Nota: Ou talvez não.

Clarezas

Gosto da claridade. Que me digas logo o que queres. Para que não tenha de adivinhar. E se tiver de to dizer, só o quero fazer uma vez. Serei claro. Se não perceberes, repetirei. Não precisas de transparência, mas não te tornes opaca. Serei claro, mas não me peças para ser óbvio.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O sentido de vergonha de António Costa

Bom dia, esta é um texto que, provavelmente, nunca será lido pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Não faz mal, é apenas um grito dum cidadão alfacinha. Ouvi, há coisa duma semana, António Costa dizer que era urgente tratar e canalizar as águas do esgoto, de cem mil habitantes, que actualmente vão para o Tejo sem qualquer tratamento. O edil disse ainda que era uma vergonha não se terem feito durante os dez anos que o Terreiro do Paço esteve em obras.
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António Costa tem razão. Tem toda a razão. Só que esta sua apreciação só merece dezasseis valores, porque faltou-lhe um bocadinho assim, como o Danoninho. E esse pedacinho assim corresponde à equidistância que deveria ter, à omissão da atribuição de responsabilidades e ao partidarismo que não lhe permite acusar o seu próprio partido.
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É verdade que é absolutamente necessário tratar as águas residuais que vão para o Tejo. É urgente depoluir o rio. Ninguém contesta a precisão de renovar as condutas de água.
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É inquestionável que é uma vergonha aquela zona de Lisboa estivesse dez anos em estaleiro sem que ninguém na Câmara de Lisboa se tivesse lembrado desta necessidade e obras, e tivesse decidido mandá-las avançar.
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Onde falha António Costa? Na assumpção que foram os socialistas os maiores responsáveis pela situação. É que nos últimos vinte anos, os socialistas estiveram à frente da edilidade durante 15 anos. Se se contar apenas com início do projecto do túnel do Metro de Lisboa para o Terreiro do Paço, que foi 1993, o PS não fica melhor no retrato, pois esteve no poder mais de dez anos.
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Não quero entrar por campos que agora pouco vêm a propósito, mas que bem ilustram a gestão socialista, que contou muitos anos com a parceria dos comunistas. Será que ninguém se lembra da inércia de Jorge Sampaio, que produziu muitas ideias e não fez nada? Será que ninguém se lembra da política discricionária de João Soares, que não teve ideias, mas sempre fez alguma obra?
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Pois esta coisa das obras no Terreiro do Paço tem ligações com a parelha de Bucha e Estica socialistas. É que o incapaz Sampaio deixou ideias e arrogante Soares foi buscar algumas. Um facto que, consta, desagradou muito ao, então, presidente da República. Assim, Jorge Sampaio terá solicitado ao seu mainato, fiel seguidor no grupelho dos socialistas, que ocupava a pasta das Obras Públicas que travasse o filho do Bochechas.
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João Soares foi à gaveta de Sampaio e de lá tirou o projecto dum túnel rodoviário entre o Campo das Cebolas e o Corpo Santo. Vinha mesmo a calhar, pois estavam para breve as obras do Metropolitano de Lisboa. Tinha lógica. Contudo, o anterior edil não terá gostado e mandou João Cravinho fazer uma contra-proposta, por forma a tirar o protagonismo ao autarca. A ideia era a de aumentar o túnel rodoviário, ligando Santa Apolónia à 24 de Julho junto ao Cais do Sodré... e a Câmara ainda iria gastar menos do que no modelo anterior.
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A coisa foi aceite. Iriam aproveitar-se as tuneladoras das obras do Metro de Lisboa, quando as primeiras vias estivessem feitas, para furar o solo. Toda a lógica. Não esquecer, que o projecto do Metro data de 1993, com data de conclusão prevista para 1997, a tempo de servir os cidadãos na Expo'98. Garantiam autarcas e governantes que as vias ferroviária e rodoviária estariam prontas a horas.
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Como quase tudo neste país, as obras que deveriam ter arrancado cedo para estarem finalizadas em 1997 só arrancaram nesse preciso ano. Ainda houve quem dissesse que ainda era possível concluí-las a tempo da Expo'98. Paciência, não se conseguiu.
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A segunda previsão para o fim das obras do Metro de Lisboa passou para 2001. Mas, entretanto, deu-se a derrocada e alagamento do estaleiro em 2000, o que atirou o prazo mais para a frente. Disso ninguém tem culpa e, provavelmente, aconteceria se os trabalhos tivessem começado noutro ano. As projecções para a inauguração foram divagando, para 2004, 2005, 2006, 2007... sim, foi em 2007, na pontinha, quase a cair para 2008, já depois de meados de Dezembro.
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Este tempo todo foi quase sempre dominado pelos socialistas na Câmara de Lisboa. Os socialistas lembraram-se dum túnel rodoviário, mas nunca do saneamento e tratamento das águas residuais que vão para o Tejo. No fim, corolário de tanta atenção e competência, o túnel do Metro abriu e o rodoviário nem sequer começou.
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Então, senhor António Costa, é ou não vergonhosa a herança socialista em Lisboa, ou, pelo menos, no que ao Terreiro do Paço diz respeito?! Para mim está visto quem tem razões para se envergonhar... e não apenas por causa da mais bela praça da cidade.
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Nota: Até me assusto com a hipótese de Pedro Santana Lopes vir a ganhar as eleições autárquicas em Lisboa, mas temo que António Costa continue a incompetência dos anteriores socialistas. Até agora, quase tudo bem.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Saudade

Um dos maiores disparates dos portugueses é julgarem que só eles compreendem a saudade e só na sua língua existe tal conceito.

Acerca da santidade - a propósito da canonização de D. Nuno Álvares Pereira





















Hoje proponho um exercício acerca da santidade. Peço desde já aos ateus e agnósticos que façam um esforço para ler estas linhas com olhos de crente, não lhes peço que o sejam. Só peço alguma agilidade de raciocínio. Porém, não é nada difícil, pois nem eu sou filósofo nem a questão me parece substancialmente complexa. O exercício poderá ser mais complexo para que acredita em Deus; há várias religiões e muitos credos. As questões podem ser mais ingratas para os católicos apostólicos romanos.
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Isto vem a propósito da canonização ou hipótese de canonização de D. Nuno Álvares Pereira. Sei que a Igreja Católica Apostólica Romana vai fazer uma votação, mas não sei se o resultado não está já tomado. Coisa que, aliás, não seria inédita e que não difere das práticas dos partidos comunistas deste mundo ou, de forma mais dissimulada, como os referendos contínuos de Hugo Chàvez até que dêem o resultado pretendido pelo ditador ou como os referendos acerca da liberalização da morte através do aborto, que também foi votada até dar o resultado que se queria e nunca mais a questão voltará a ser posta, porque esta é a que «interessa». Portanto, em matéria de democracia não devemos aprender muito com a Igreja Católica, mas também não é esta estrutura eclesiástica a única prevaricadora.
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A agência noticiosa Ecclesia informou ontem, 16 de Fevereiro de 2009, que o condestável de D. João I iria subir do patamar de beato para o terraço de santo. Neste sábado que vem (e há-de ir) realiza-se um consistório público para a votação de dez causas de canonização. O senhor Papa vai lá estar. A agência adianta ainda que esta reunião é um acto formal, em que Bento XVI pede a opinião a um conjunto de cardeais (que são aqueles que têm umas roupas lindas de negro e escarlate), que, por acaso, até já responderam se concordam com a canonização.
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Portanto, a santidade não se faz dum conjunto de virtudes morais e espirituais, mas por concordância duma maioria. Não fossem os cardeais, príncipes da Igreja, nomeados, e de forma vitalícia, poderia dizer-se que a canonização reflectia um espírito democrático. Por outro lado, se a decisão já é sabida, para que raio fazem uma reunião? Para mais, pública… não bastaria um comunicado?! O que estão os simples mortais paisanos lá a fazer?!
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Porém, o que me choca não é se o consistório é público ou privado. O que me encanita é a santidade ser fruto da opinião dum punhado de cardeais. Senhores! Acredito que Deus é justo e bom. Que ama todos os seus filhos por igual. Que tem consigo, trabalhando na sua vinha pelo aprimoramento moral e espiritual dos homens, filhos mais evoluídos, que podemos chamar de anjos, santos, etc.
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Se Deus é inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, será que precisa que um Papa e uma mancheia de cardeais decida, decrete e torne pública a santidade de alguém?! Pode alguém, honestamente, dizer que sim, que precisa?!
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Será que os católicos apostólicos romanos não pensam nisto ou pensam e baixam as orelhas, porque não têm a coragem de dizer que o Rei vai nu?! É que uma coisa é fazermos parte o rebanho do Senhor, outra é sermos ovelhas por direito… é que os ovinos não se questionam e não devem quase nada à inteligência.
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Esta coisa da popularidade não me parece ser um atributo válido para canonização. Quando João Paulo II desencarnou, gritou-se na praça de São Pedro: Santo subito! Ou seja, já. O homem era muito querido pelos fiéis, pelo que merecia subir de elevador até à santidade, distância que outros tiveram de subir, padecendo, pelas escadas … que devem ser muitas.
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Constou-me que o nosso Santo António de Lisboa foi o quem mais depressa percorreu a estrada para a santidade. Já o nosso D. Nuno Álvares Pereira parece ser um aluno repetente, que vai chumbando todos os anos e que, só agora, vai prestar provas no exame. Ora, depois de séculos a tentar entrar no clube restrito dos santos católicos, o Santo Condestável conseguiu tornar-se beato em 1918. Contudo, os seus apoiantes meteram os papéis (literalmente) para santo em 1940. No entanto, a comissão nacional para a candidatura de Nuno não teve os conhecimentos certos, as cunhas, e / ou não soube mexer os cordelinhos certos, e aquele bom português só agora tem reconhecimento. Quer isto dizer: até 1918, Nuno era um borra-botas, bonzito e tal, mas sem relevância. Mas nesse ano, talvez por causa da participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial (não nos esqueçamos que Nuno era condestável e génio militar), passou a ser «alguém» notavelmente bondoso. Agora é, definitivamente, bom… santo. Quem o disse? Deus? Não! Os homens!
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Sei lá se D. Nuno é santo. Não sei. Não tenho autoridade moral e espiritual para o afirmar. Sou apenas um simples crente em Deus e essa matéria não é da minha competência. Mas não tenho eu e não terão todos, ou a maioria, dos eclesiásticos que o decretaram, ou vão proclamar.
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A questão da popularidade também se põe ao contrário. Recentemente, há uns anos, a Igreja Católica Apostólica Romana tirou alguns santos dos altares. Porquê? Porque sentiu dúvidas acerca da sua existência e dos milagres que os tinham promovido. Se os homens os erguem, os homens os derrubam.
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O raciocínio está todo errado. É que milagres não existem! Tudo tem uma explicação lógica e racional. A ciência, a filosofia e o conhecimento, em geral, não conseguem negar a existência de Deus, mas desmontam o que os homens põem na sua boca. E isso a Igreja Católica Apostólica Romana (e outras) não percebeu, não compreendeu com base nas experiências do passado, pelo que confunde os conceitos.
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Se a Igreja Católica Apostólica Romana se assumisse, de facto, como feita por homens, com as suas limitações, e compreendesse que não há milagres, não passaria por vergonhas como as que passou. Hoje, envergonhados com as posições totalitárias e obscurantistas de seus predecessores, os prelados querem tornar plausível o que antes era maravilhoso. Deviam celebrar a bondade, a caridade, a humildade e outros nobres atributos. Não os milagres atarrachados aos homens.
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Isto já para não falar no politeísmo católico. A cada santo o seu pelouro, a quem se reza conforme a especialidade. Até a organização da Igreja Católica Apostólica Romana deriva da utilizada no Império Romano. Nem mais! Além do suborno e tráfico de influências que, supostamente, envolvem os santos… é a velinha e a esmolinha na caixa para que se faça o milagre, é a promessa para que algo seja concedido. Contra isto, esta crendice, nunca ouvi uma palavra ao clero católico.
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Nesta coisa das despromoções de santos criam-se situações incómodas. O que fazer a São Patrício, padroeiro da Irlanda? Se não o fosse poderia ter sido retirado do panteão, tal como Estaline fez com as fotografias dos seus bons camaradas, que foram deixando de o ser. É que entre os milagres de São Patrício está a expulsão das cobras da ilha.
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Um outro exemplo de como os católicos não se interrogam ou não sabem dalgumas maroscas da sua Santa Madre Igreja: Quem foi Santa Isabel? Bem, rainha de Portugal… ou dir-se-ia da Hungria? É que há as duas, aparentadas por sinal, e realizaram os mesmos milagres, incluindo o, tão nosso, das rosas.
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Voltando atrás. Se pensam que o processo de erguer um espírito à categoria de santo terminou, enganam-se. É que o Papa ainda há-de dizer quando é que, exactamente, o homem se torna santo. Não basta os senhores cardeais votarem e revelarem o seu voto colectivo, é necessária uma cerimónia que levantará, por fim, o homem à categoria superior. Deve concluir-se que quem faz os santos não é Deus, mas os homens, reconhecidos pelas suas virtudes… numa determinada conjuntura histórica. Hoje, São Jorge já não mataria o dragão. Pormenores.
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A coisa tem ainda outros contornos. Diz a Igreja Católica Apostólica Romana (tal como os restantes cristãos, judeus e muçulmanos) que Deus é único. Ou seja, de todos. Ainda que não queiram ou saibam, é-o também dos xintuístas, animistas, hinduístas, sikhs, budistas, etc. Então, por que não há santos doutras religiões reconhecidos pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana? Por outro lado, por que a generalidade dos santos é posterior à instalação do rito católico?
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Porque Deus é justo e bom, e universal, é que há homens bons em todas as religiões, em todas as latitudes e longitudes, em todas as épocas. Entre os agnósticos e os ateus. Tenho a certeza que Deus prefere um bom filho ateu do que um facínora rato-de-sacristia.
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No entanto, as diligências dos eclesiásticos católicos não se fica por aqui. Enquanto em Portugal se pondera a divisão do território, através da regionalização, nos vastos territórios da espiritualidade o movimento é inverso, de concentração. Primeiro havia o Céu e o Inferno. Depois, a Igreja Católica criou o Purgatório e, mais tarde, o Limbo. Há poucos anos, o Papa extinguiu o Limbo. Porque tem mais lógica, provavelmente, como antes tivera o inverso. E lá devem andar as alminhas aos tombos dum lado para o outro, numa azáfama à procura do novo lugar a que agora pertencem. Não é Deus quem organiza e reorganiza os mundos espirituais, mas o clero católico.
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Dir-se-á que as decisões do Papa são inspiradas pelo divino… enfim! Quero só recordar que os Papas são escolhidos por cardeais, inspirados pelo divino Espírito Santo - dizem. A avaliar pelas obras e perfis de alguns pontífices, os prelados não distinguiram o corvo agoirento duma alva pomba.
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É por estas e por outras que não compreendo como gente boa e inteligente ainda alinha com a Igreja Católica Apostólica Romana, com o seu clero. Não pensam, nunca pensaram, não querem pensar ou… não conseguem.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Uma efervescência de vida


Ainda bem que fazes anos. Quer dizer que deves ter idade para ter passado muitos dias a dançar. Andava triste por ser tão mais velho do que tu.
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Nota 1: Este texto é dedicado à Beluga.
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Nota 2: É muito fácil ser-se piroso nos textos de aniversário. Espero não o ter sido... muito.

domingo, fevereiro 15, 2009

Tens um lindo sorriso

O sentido dos elogios:
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Às 3h00: Tens um lindo sorriso – quero-te beijar e levar.
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Às 9h00: Tens um lindo sorriso – quero dizer que tens um sorriso lindo e estou apaixonado, depois duma noite de amor.
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Às 16h00: Tens um lindo sorriso – quero dizer que me estás a tramar e que estou a ser irónico.
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Às 23h00: Tens um lindo sorriso – quero dizer que te amo, que tens um lindo sorriso, que quero dormir, mas que, se me desinquietares, faço amor contigo.

Bigode

Tenho de rapar o bigode. Não me imagino, com estes pêlos aqui à frente, a beijar uma rapariga. Não me vejo a beijar uma rapariga nos tempos mais próximos. Mas o melhor é mesmo tirar esta coisa. Nunca se sabe se não escorrego e bato de frente nos lábios duma mamalhuda. Todavia, nada se passará além do beijo. O episódico bigode é já sinal de retirada estratégica.
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Nota: Tentei em vão descobrir o autor desta fotomontagem. Infelizmente há quem não assine as obras e gente, muito ingrata no reconhecimento, que não identifica as imagens que posta. Se alguém souber o autor desta fotomontagem faça o favor de mo indicar.

Declaração de impostos

Pior do que ter de pagar impostos é ter poucos impostos para pagar.
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Nota 1: Acabei de entregar a declaração do IVA referente ao quarto trimestre de 2008 e o resultado foi ainda mais decepcionante do que nos trimestres precedentes.
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Nota 2: Entreguei no último dia do prazo, mas entreguei.
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Nota 3: Aceitam-se transferências bancárias.

sábado, fevereiro 14, 2009

O Carnaval e o sentido de outras coisas

O Carnaval é o momento mais patético do ano. Não é patético fazer-se uma triste figura sem querer, patético é fazer uma alegre figura porque se quer estar alegre à força e diferente sem originalidade. Mas há pior. O Carnaval é um anacronismo saloio e sem sentido. É como os palhaços do circo, não tem graça nenhuma.
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O Carnaval é o momento mais patético do ano. E, sinal da mediocridade da sociedade, tem-se contaminado a outras épocas do ano. É no tempo do Dias de Todos os Santos que ganhámos o Halloween, uma importação tão idiota quanto a sua desnecessidade. A coisa é esvaziada de significado. Claro que, se o Natal é quando um homem quiser, também o Carnaval o pode ser. De acordo! Mas, por que temos de multiplicar a imbecilidade?!
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Se o Halloween é uma festa importada e, por cá, esvaziada de significado, já o Carnaval não é; ou não era. Hoje o período da carne alargou-se e caiu do sacrário. Até se come carne quando dantes era pecado.
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Se comemos carne todo o ano, então para que queremos o Carnaval? É como a festa do 25 de Abril, se temos liberdade, por que haveremos de repetir o mesmo ritual todos os anos? Se comemos carne todo o ano, podemos divertir-nos todo o ano. Podemos mascararmo-nos, no sentido literal, todo o ano. Até porque mesmo na Carnaval há quem leve a mal, e fora dele quem não leve. Para que queremos o Carnaval?
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A sociedade ocidental contemporânea habituou-se à diferença, às posturas de ruptura desde os anos sessenta, embora na década de vinte já se tivesse andado muito à frente. Já ninguém pára na rua para ver passar um tipo andrajoso com uma moicana. E quem diz moicana diz as vestimentas de «elegância» exagerada dos setenta e as extravagâncias dos oitenta.
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O Carnaval é o momento mais patético do ano. E, sinal da mediocridade da sociedade, tem-se contaminado a outras épocas do ano. Ganhámos o Halloween e também o Natal. Ou pior, o Carnatal; mistura de Carnaval com Natal. É juntar Coca Cola Light com Mentos… a gasosa salta da garrafa em vómito grosso e súbito.
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Não ligo nada ao Natal, mas compreendo que haja quem o celebre e respeito muito o que significa, mas, como já disse em postas anteriores, passa-me ao lado. Porém, juntar o sagrado ao profano, numa mesma festa, não é pecado, é uma estupidez. Esvazia-se uma e enxerta-se com outra. Não é carne nem peixe. Esquisitices.
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Onde devia haver contenção passa a haver desregramento. Onde devia haver meditação há o regabofe. Contudo, por todos os sítios onde presenciei o Carnatal, as festas eram o menos desbragado possível. Todos com muita atenção ao que faziam e ao que os outros diziam, todos educadissimamente bêbados com duas taças de espumante manhoso, todos cerimoniosamente enfardados em doces não tradicionais, a música baixinha para não ofender os ouvidos, as conversas circunstanciais, fúteis e a marcar posições e estatuto… Tudo muito calculado e previsível. Sem a espiritualidade do Natal nem o excesso do Carnaval. Champanhoso sem gás.
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A festa do Carnatal não é uma orgia fidalga no século dezoito. Não é uma festa de arromba e de desvario. Não há engates indecentes, encornanços nas barbas do cônjuge. Não! É uma seca disfarçada, onde ninguém quer estar com o resto da gente e só finge estar feliz e divertido, porque demonstrar o contrário seria má educação. A coisa ficou no termo idiota entre a tradição cristã burguesa e a projecção cultural burguesa do Carnaval. Uma bizarria de saloios urbanos, certamente com vergonha das suas, não muito distantes, raízes rurais e populares.
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Vou, por um momento, aceitar o argumento do Carnaval apenas pela sua tradição. Tradição por tradição. Acontece porque sempre aconteceu. Tudo bem. Tudo bem. Mas… e as escolas de sambas dos carnavais mais desvairadamente giros, interessantes e divertidos de Portugal? Adoro o sambar no pé na Mealhada, Estarreja, Ovar, Torres e Albufeira (espero não ter-me esquecido de nenhum). Mas, se há escolas de samba e desfiles semi-nus num país setentrional, talvez essa seja a verdadeira razão e essência da gireza e razão do Carnaval, pois ridículo, mais ridículo, não há.
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Faz tanto sentido uma branquelas beirã ou algarvia andar a sambar na estrada como um Pai Natal no Rio de Janeiro. Se os sul-hemesferianos representam árvores de Natal com neve é com eles e a questão é estética, mas uma tipa andar descascada no Inverno a dançar na rua é estupidez.
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As Câmaras Municipais da parvónia financiam os cortejos e as escolas de samba portuguesas – escrevo isto em riso incontrolável por causa do ridículo. Podem as bibliotecas ser curtas e vazias, as escolas distantes, o cinema ausente, o teatro desconhecido, as artes plásticas só as dos artistas locais – tudo isto aplicável às diferentes actividades artísticas, a enumeração foi aleatória e estética -, mas dinheirinho para esbanjar em aleivosias alarves, isso não pode faltar.
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Já todos devem ter reparado que uma característica do Carnaval português é a das matrafonas, ou seja homens vestidos de mulheres. Não quero nem falar na facilidade simplória de quem se disfarça com o sexo alheio, isso é um problema de imaginação. O que quero é maior compreensão para os travestis e transexuais deste e doutros países. Por que quem quer ver homens vestidos de mulheres não vai à noite passear para a rua do Conde de Redondo? Bem, se calha, muitos irão…
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Mas nestas coisas das mutações das festas culturais há mais: São Valentim foi um bispo itinerante e tipo como padroeiro dos amorosos e dos epilépticos… compreende-se, pois a paixão causa grandes frémitos. Embora tendo sido retirado do calendário litúrgico pelo Papa Paulo VI, o facto é que os milagres, encomendas e celebrações têm vindo a aumentar. Duvido é que por causas espirituais. Já Santo António de Lisboa, ou de Pádua, foi um monge franciscano e, também, tido como casamenteiro. Não fossem os dois santos e dir-se-ia que eram concorrentes. Mas não, pelo que devem ser amigos e até trabalhar em conjunto.
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Bem, talvez a sofisticação da sociedade contemporânea ocidental necessite dum patrono para o namoro e outro para o casamento. Sim, porque há muita gente que tem muitos namoros na vida e outros um casamento para a vida. Já outros só conheceram um namoro e outros, ainda, vários casamentos. Tenho de escrever ao Papa, senhor de toda a sabedoria divina, mais do que o próprio Deus, a saber disto.
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Contudo, não percebo por que, a par da abertura da economia e sociedade portuguesa ao exterior, a devoção a António em matéria de amores decaiu a favor de Valentim. Será que o espírito material e comerciante, inflacionado por escalas da sociedade capitalista global, se impôs?! Hoje, os casais não vão celebrar os seus aniversários de amores ou festejá-los, tão somente, a 13 de Junho, mas a 14 de Fevereiro. Porquê? Porque é assim que estamos alinhados com o resto do mundo que queremos imitar.
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Mas não fiquem tristes os adeptos de Santo António, porque o taumaturgo português encontrou um novo mercado. Não um nicho de mercado, como em economia se diz, mas uns hectares de mercado, criados à custa de São Pedro e São João (Sanjoão no Puorto).
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Antigamente, numa sociedade dominada a mais de noventa por cento por católicos apostólicos romanos, o 13 de Junho era a festa do santo lisboeta, havia celebrações, pois então, bebida na noite, folia, com certeza, e religiosidade. No São João, a 24 de Junho, a festa pagã a ele associada levava a que se saltasse a fogueira. No São Pedro, a 29 de Junho, não era a fogueira, mas havia as suas tradições e espiritualidades.
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O problema não é a sociedade ter ficado menos espiritual, pois esse é um problema de cada um. O problema está no desvirtuamento das datas e das festas. Sim, outrora festas pagãs foram reconvertidas em católicas, mas mantinha-se uma linha de ligação espiritual e/ou mágica. Agora está desviada de qualquer significado além do interesse em beber muito, vomitar, causar ou assistir a confusões, roubos e violências. Em Lisboa, a noite de Santo António é uma imensa orgia, em que a generalidade dos mais de 2,7 milhões de habitantes da área metropolitana acorre aos bairros históricos da capital. Todos bêbados, muitos conflituosos e alguns meliantes. No Porto passa-se o mesmo com o Sanjoão.
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Na noite de Santo António, em Lisboa, o que importa são as sardinhas, a preços astronómicos, e o álcool – cerveja cara ou vinho manhoso a preços de escangalhar a rir… já para não falar em falta condições de higiene, de poucas facilidades para o cumprimento de necessidades fisiológicas, fuga aos impostos, poucas boas maneiras, maus vinhos, agorafobias, claustrofobias, etcaetera.
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Quem não sabe ou não quer saber do significado das datas – e são muitos, talvez a maioria, por falta de cultura ou mero pragmatismo materialista – designa à noite de Santo António em Lisboa como a dos Santos.
- Vais para os Santos?
Isto pergunta quem quer dizer: vais sair à noite para te enfrascares, comer mal e pagar muito, no meio duma enorme confusão de gente e muita porcaria, numa área indeterminada da cidade velha.
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Vais para os «Santos», porque têm uma vaga ideia de que havia mais do que um quer era celebrado num ciclo de festividades de Junho. O que sabem, e querem saber, é que há um feriado em Lisboa e, por isso, uma noite propícia à borga. Como não vão celebrar o São João a Almada, porque, tratando-se dum subúrbio, «ninguém» conhece, ou o São Pedro ao Montijo, porque a terra é pequena e foi transformada num dormitório incaracterístico, ninguém descobre, a noite de Santo António, em Lisboa, é a noite de Santos. A noite tudo em um.
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Portanto, quando se ouve alguém interrogar-se acerca de alguém ir para os Santos, não está a referir-se ao dia de Todos os Santos, mas à noite de Santo António, em Lisboa. Data que agrega todas as noites dos santos fixes, os do álcool e da folia… como no Carnaval, só que no Verão. O ir para os Santos não tem nada a ver com o dia de Todos os Santos, pois nessa altura celebra-se o Halloween, ou seja o Carnaval. Aquele que, poucas semanas antes, antecipa o Carnatal.
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Nota: Estão a ver o que dá não ter namorada nem o que fazer na noite de São Valentim?! É o resultado que dá!

Chuva sem umidade


Tirar o H à humidade é tirar água à chuva.
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Nota: É humidade e não umidade... espero que o acordo ortográfico imponha a verdade ortográfica.

Uma traição


Tive um amigo que abraçava como se fosse uma montanha, mas era um grão de anti-matéria. A dor é uma das belezas da vida.
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Nota: Este texto é dedicado a LM, o rico «primo».

Marta





















Era morena, bonita e não muito alta, bem
feitinha. Simpática e aparentemente inteligente
e sensível. Não sei onde nem como a conheci.
Depois, pouco depois, foi assim:
- (não me lembro)
- (não me lembro)
- (não me lembro)
- (não me lembro)
- (não me lembro)
- (não me lembro)
- (não me lembro)
- (não me lembro)
- (não me lembro)
- (não me lembro)
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Isto foi assim, mais coisa menos coisa. Uma voltinha de carro e estávamo-nos a beijar... ou talvez já estivessemos antes.
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Ela deve-me ter dito o nome e o que fazia. Não me lembro. Devia ser artista ou afins, tenho uma certa tendência e reincidência. Sei que me disse que não tinha namorado, que o deixara há uns dias. Mais beijinho menos beijinho. Mais beijinho menos beijinho disse-me que ia voltar para a Madeira. Sim, podia ligar-lhe.
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Toca. Toca. Toca. Toca.
- Estou?
- Sim. Gostaria de falar...
- Ela está no banho...
- Bom, peço desculpa. Pode dizer-lhe que liguei? Que sou o João.
- Sim , tudo bem. Direi.
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Uns minutos ou horas.
- Olá. Estás bom?
- Sim. E tu?
- Também. Ligaste-me?
- Sim, liguei. Atendeu-me um...
- Era o meu namorado...
- Era para saber de ti, se querias combinar alguma coisa.
- Hoje não vai dar. Já combinei com o meu namorado e amanhã vou para a Madeira.
- Afinal tens namorado. Não tinhas acabado?
- Eh... sim...
- Foi ontem.
- Pois foi. Agora tenho de desligar, ele vem aí.
- Ok. Ainda nos vemos?
- Acho que não.
- Beijos.
- Beijos.
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Anos mais tarde... dois ou três ou quatro. Quatro da manhã ou qualquer outra hora da manhã. Maxime, algum álcool e pouca luz.
- Olá!
- Olá! (quem será esta?).
- Lembras-te de mim?
- Sim, claro. (quem será esta?).
- Lembras-te mesmo?
- Lembro-me! (mentira).
- Então, como me chamo?
- Marta! (lotaria)
- Pois é! Lembras-te mesmo! (grande sorriso).
- Claro! (mentira).
- O que tens feito?
- O mesmo.
- E tu?
- Voltei da Madeira.
- Que bom! (voltou da Madeira? acho que já sei quem é).
- (silêncio).
- Então até um dia destes.
- Adeus (infelicidade).
- João, quem era?
- Não sei.
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Já não me lembrava dela. Nunca mais a esqueci. Não sei quem é. Nunca mais a vi.
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Nota: Dedico este texto a todas as desconhecidas que conheci... especialmente à Marta.


Song For Whoever - The Beautiful South

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Dormir

Não gosto de dormir e não faço outra coisa. Quendera adormecer e não mais acordar, porque nunca mais voltaria a adormecer.
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Nota: Este quadro designa-se de «Sono e seu meio-irmão Morte».

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Qual é o problema com os homossexuais? Mordem?
















Para mim, heterossexual assumido e resolvido, a homossexualidade e seus problemas passam-me um bocado ao lado. Nunca tive dúvidas, não vivi no armário, nunca me escondi ou tomei posições ferozes para ser respeitado e levado a sério quanto aos meus desejos e vivências sexuais.
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No entanto, o fenómeno da homossexualidade toca-me enquanto cidadão. Não posso deixar de sentir a dor do meu próximo. Nem é porque tenho amigos homossexuais, mas porque o princípio do respeito para com os outros deve ser seguido por todos. O respeito pelas orientações sexuais é uma obrigação de cidadania.
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Agora surge o debate acerca do casamento entre elementos do mesmo sexo. Qual é o mal? É por se usar a palavra casamento? Que palavra querem escolher, os nominalistas e os tradicionalistas, para designar a união de duas pessoas do mesmo sexo? O que está em causa é a assumpção dum relacionamento pelo direito civil. Todos os cidadãos são iguais perante a lei, a homossexualidade não é crime, então por que não hão-de poder casar-se e utilizar o termo? Quanto às objecções religiosas... se as religiões tradicionais não o querem aceitar, enquanto união protegida pelo divino, é um problema delas. Felizmente, Estado e Igreja estão separados na nossa sociedade.
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Os homossexuais são pessoas como todas as outras, têm direito à felicidade, a viverem com quem querem e amam. Devem ter o direito, por lei, a partilhar as suas vidas, deveres e responsabilidades como os heterossexuais.
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Compreendo as condenações do clero católico, apostólico romano. Compreendo à luz da educação dos seus elementos. Não concordo, mas compreendo. Compreendo menos quando a estrutura eclesiástica nega a homossexualidade entre os seus clérigos ou esconde situações depredatórias, pedófilas, ou não, dos seus representantes. E note-se, quando refiro pedofilia não estou a conotá-la com a homossexualidade, pois esses comportamentos são transversais às diferentes orientações. A generalidade dos homossexuais não é pedófila, como não é a dos heterossexuais.
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Sim, escrevia que compreendo as condenações dos oficiais católicos. Não me interessa se a moral deles condena, interessa-me, sim, os seus comportamentos práticos, para que não sejam de discriminação, humilhação e excomunhão. Um homossexual pode, perfeitamente, ser católico. O seu problema, se o for, é íntimo e é com Deus; não tem de deixar de ser crente se for homossexual nem homossexual por ser crente católico. Se burlões, assassinos, agiotas e outros meliantes são aceites na comunidade Católica, por que não hão-de ser os homossexuais que, pelo facto de o serem, não prejudicam ninguém?!
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Depois vem o fantasma da adopção de crianças por casais homossexuais. Se aceitamos que a homossexualidade não é crime, não é doença e que devem as pessoas com orientação sexual diferenciada ser respeitadas, então por que não se há-de aceitar a adopção?
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É absolutamente preferível ter crianças criadas, por homossexuais, com amor, carinho e respeito, ensinamentos de valores de família e de cidadania, do que deixá-las em instituições onde são mais um ser indistinto, onde lhes falta o afecto que merecem. Além do mais, nada indica que dois homossexuais transformem uma criança em homossexual. Não é como os vampiros, em que uma dentada para sugar o sangue transforma, de imediato, a vítima em parceiro de sina.
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Para tranquilizar os mais assustados, esclareça-se que a homossexualidade não se pega, por contacto próximo nem distante. Não é um bicho que, ao ser contactado, penetra pelas pessoas, entranha-se e torna esquisito quem o recebe. Percebem, não percebem?! Já sabiam, não sabiam?!
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Façamos um pequeno exercício de pensamento: se nascem crianças, em famílias heterossexuais, que, mais tarde, assumem uma opção homossexual, o que impede uma criança,criada numa família de orientação alternativa, de se tornar heterossexual?
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Grave não são os casamentos homossexuais. Graves são as situações de violência doméstica. Grave não são as adopções de crianças por casais homossexuais, mas as que vivem em instituições e aquelas que, vivendo em núcleos tradicionais, estão abandonadas nos afectos, sentimentos, atenção e educação. Essas situações é que são graves.

sábado, fevereiro 07, 2009

Como elas pensam os géneros



















Se um homem percebe as mulheres é porque é compreensivo e sensível. Se não percebe, é machista e egoísta.
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Se uma mulher compreende um homem, é submissa ou inteligente. Se não compreende, é feminina e quase de certeza que tem razão.

Não, sim e talvez





















O problemas delas é não saberem dizer directamente. O problema deles é não perceberem senão directamente.
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Nota 1: Parece-me absolutamente lógico que só as palavras, ideias e decisões ditas claramente traduzem o seu valor. Haja paciência para elas!...
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Nota 2: Então quando a questão é um «não» a coisa dá para o torto. Sim, porque só há problemas quando um «não» está à mistura, porque o sim nunca levanta problemas.
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Nota 3: Os homens, quando proferem uma sentença a uma mulher, são brutos e insensíveis, por o fazerem de modo tão directo. Quando um homem não percebe uma sentença, enviesada e difusa, duma mulher, é estúpido.

Pendurado

Tantas vezes julgado e condenado, em pura inocência, que já desconfio de mim mesmo quando lhes faço um convite.

Como as mulheres





















Demos umas voltas, ainda foram algumas. Um dia, sem aviso nem razão, deixou de dar para mim. Tentei várias vezes; consegui com outra.
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Nota: Hoje, ao tentar fechar a porta da rua, a chave recusou-se a funcionar; nem para trás nem para a frente. Acabara de abrir a porta para sair, dando quatro voltas. Ontem à noite funcionou na perfeição. Perguntei-me se não teria um assaltante tentado entrar-me em casa e lixado a fechadura. Não! A porta abriu-se, sem problemas, com outra chave. Porém, vieram lembranças à cabeça.

Jantar com elas

O que gosto nos jantares só com mulheres é conseguirem ouvir-se a todas. O que não aprecio é estarem horas a falar da mesma coisa.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Verbo descompreender





















Quanto mais conheço as mulheres menos as compreendo.

Morangos com Açúcar - imperdível





















Junte-se um vício a beleza, objecto de arte a indolência intelectual, e o que se obtém? Uma alienação. Doce.
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Nota: A qualidade dos textos e a arte dramática dos Morangos com Açúcar não são grandes, mas... faz muito bem à alma ver a série todos os dias. Todos os anos. Sempre a mesma estória, sempre o mesmo, sempre o mesmo indefinível prazer.

Atchim

Tentei suicidar-me com Aspegic. Não morri, mas durante quatro anos não tive gripe.
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Nota: Também poderia ter sido com Aspirina, AAS, Antigripine, Cêgripe, Ben-U-Ron, Panadol, Melhoral...
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Aviso: O autor do blogue não é médico, nem enfermeiro nem farmacêutico nem dispõe conhecimentos acerca da toxicidade dos medicamentos acima referido e suas dosagens. Este texto não é para ser levado a sério.

Quo vadis?

Já nasci e morri tantas vezes que não sei em que vida estou.
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Nota: Nunca soube quem era. Em cada vida fui tanta coisa. Já me perdi e encontrei tantas vezes. Por isso não sei onde ando nem para onde vou. Vou aprendendo a viver.

Vanitas

Por que não nasci vivo?!

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

La benzina è mobile

A sabedoria popular também erra. Diz-se que para descer todos os Santos ajudam... dando a entender que subir é mais difícil. Pois bem, na sociedade contemporânea, regida pela ciência e pelo conhecimento, sabe-se que é exactamente ao contrário.
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Primeiro vou fazer um intróito para quem não sabe, não lê jornais ou é distraído. Só explico no fim, pelo que os sabedouros de tudo isto devem saltar para o fim, onde está a explicação.
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Por exemplo: quando as cotações do petróleo sobem, pouco tempo depois agrava-se o valor da gasolina. Quando as cotações descem, a queda dos preços do combustível demora a verificar-se.
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Os peritos em física e metafísica também comprovam a maior facilidade em subir do que a descer. A lei da gravidade, descoberta por Isaac Newton, está errada... também aquilo vem do século dezoito, no mínimo está fora de moda. Quando o petróleo sobe dez, a gasolina sobe quinze. Quando o petróleo desce dez, a gasolina desliza sete.
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Isto já para não referir outro fenómeno, que é o da queda das cotações e subida da gasolina. Isto porque o custo da refinação aumentou. Estas situações são bruscas, acontecem sem aviso prévio. Ontem a refinação custava dez, hoje já são quinze. Ninguém podia prever.
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As gasolineiras, que vivem em apertos, reduzem pessoal, para se prepararem para uma possível crise enfrentarem, reduzem os custos de produção. No entanto, sobem os protestos dos trabalhadores e o clima levanta fervura... ora cá está, levanta... levantam os preços.
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Depois há ainda um outro fenómeno complexo. As cotações do petróleo são feitas em dólares, pelo que a desvalorização da moeda norte-americana leva à subida do preço da gasolina, para compensar a perda cambial. Contudo, quando o dólar sobe é legítimo que as empresas tenham um ganho no câmbio, pois isso faz parte da actividade económica, nas sociedades livres e democráticas, onde vigora a economia de mercado.
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Estes exemplos que dei têm uma explicação racional... os combustíveis são matérias voláteis, pelo que têm tendência para subir... o dinheiro dos cidadãos tem exactamente as mesmas características de volatilidade. Já o aumento dos salários rege-se por uma lei diferente, em que é mais fácil descer ou estagnar, mas trata-se duma situação de particularidade no mundo da racionalidade, podendo também tratar-se da excepção da regra. O que é contra-natura é os preços descerem.
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Assim, é natural que os cidadãos queiram mandar tudo ao ar... simplesmente para ajudar à subida... de qualquer coisa, nem que seja do ânimo.
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Nota: Tem lógica, não tem?!

Uma gata, duas gatas, três gatas - A Granita, a Lioz e a Paraquedas





















O que gosto nas minhas gatas, nas três, é que só estão preocupadas em serem gatas. Nada mais. Não pretendem ser humanas, embora o sejam.
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Nota: Sei que são lugares comuns e repetidos por muita gente - quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos animais. Deram-me mais que muita gente, nunca me faltaram, não têm fingimentos (são o que são), são como as pessoas deviam ser.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Do que é que me fui lembrar...





















Às vezes ponho-me a pensar: as coisas que me vêm à cabeça; as coisas com que ocupo a cabecinha; a irrelevância do meu conhecimento. Interrogo-me: como uma coisa tão pequenina tem tanta tralha inútil lá dentro?!...

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Aqui há gato, em Alcochete não

Se o outlet lá está é por um conjunto de coincidências, milagres e intervenções dos gatos, que são agentes de Deus. O resto é má língua!
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Deus não faz nada ao acaso. As leis de Deus não permitem as coincidências. Tudo tem uma razão. Porém, todas as regras têm uma excepção, até as divinas. Em Alcochete, uma fatia da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo foi desanexada e lá surgiu um enorme centro comercial... e onde antes, no projecto, havia construção excessiva encontrou-se uma volumentria e densidade perfeitamente aceitáveis, até porque a Zona de Protecção recuou na extacta dimensão e limites do necessário.
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Em Portugal tudo anda devagar... outras vezes devagarinho... e muita vezes vai-se parado. O tempo que as coisas se arrastam!... Ali para Alcochete, terra de fenómenos, um projecto encalhado, em burocracias e exigências ambientais, viu-se resolvido num ápice. Embora não acredite em milagres, porque acho que todos os fenómenos têm explicação racional, neste caso só encontro inspiração milagrosa.
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A quem pensa que aqui há gato, só posso afirmar que há muita gente (ou não) que acredita que os gatos são divinos e, por isso, perfeitos. São os devotos kreonitas.
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Em Alcochete não há gato com o rabo de fora. Não é pelo estuário do Tejo que o gato vai às filhoses. Estas situações não cheiram a esturro... têm antes o aroma da maresia. Nada é por acaso, embora não saiba porquê, se um outlet ali está é porque assim é preciso.
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Nota 1: Se tenho alguma coisa a provar? Só provo vinho e, ainda assim, não é todos os dias.
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Nota 2: Parece que as grandes obras de construção se designam, na gíria, de obras de arte. E se o outlet é bom, a decisão de instalação é bonita. É o bom e o bonito... se assim é, ninguém tem nada a temer. Tudo vai acabar bem, na velocidade vagarosa da investigação e da justiça, até ao arquivamento final. Quem espera sempre alcança e povo tudo esquece e perdoa.
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Nota 3: Os kreonitas acreditam que os gatos vêm do planeta Kreon e estão na Terra para ajudar a humanidade a evoluir.

A tabela periódica

Ainda hoje tenho pesadelos com o nono ano. O nono ano calha sempre e em cheio na idade da parvoice... era ver-nos a chumbar. Chumbos com que se atira aos pássaros; caíamos que nem tordos. Lá passei com alguma deficuldade. Serviu-me de lição.
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Nos dois anos seguintes vivi três filmes de terror: matemática, desnecessária para o meu futuro e vocação, física, para me complicar os nervos e deixar intrigado quanto à sua utilidade, e química, que sempre era mais concreta, mas cujo interesse era idêntico à atracção sexual das osgas. Porém, sempre havia alguma coisa que me animava nas aulas de química: a tabela periódica. As cores entretinham-me, apesar da criatividade dos cientistas não ser muita.
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O que eu queria era as artes. Mas esse meu namoro terminou abruptamente, aquelas três cadeiras eram excessivas para mim... sofri horrores, saltei de explicador em explicador, passei pela vergonha das classificações em linguagem binária (zero e um), tive pesadelos, desmotivação, irritabilidade e sentimento de injustiça.
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Não podia continuar a sofrer devido a três cadeiras desnecessárias e inúteis, que me causavam um sentimento de revolta. Segui, então, a minha segunda vocação, as letras, em geral, e a história em particular. Se eu pudesse voltar atrás... ao nono ano... era agora mais fácil, parece que os setôres estão mais na boa e são mais compreensivos.
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Reconheçam, um quadro de Vasarely não é infinitivamente mais belo e interessante do que uma tabela periódica?!