digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

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terça-feira, novembro 28, 2017

A cama

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Diz-me se esse beijo pertence-me. Que a justiça de Deus recaia em nós, estamos obrigados sem contestação.
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Diz-me se o pão nos dará o ânimo para a forças nos guiar até de manhã. Que a justiça de Deus seja clara na sua ordenança, obrigação da força que a gravidade nos empurra para um leito.
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Diz-se se a madrugada não tem hora. Que a justiça de Deus abata no nosso feitiço tardio e paguemos ao outro a dívida do suplício do prazer.
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Diz-me que sim, que tudo isto é verdade.
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Diz-me que não, que tudo o resto é um sonho terminado.
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Diz-me qualquer coisa na cama onde acordaremos da insónia.

segunda-feira, novembro 06, 2017

Universo

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O universo não devia existir, dizem cientistas da ciência exacta. Nem cientista nem exacto, sinto-o duplamente. Tanto me penso ser sem o todo, só mente imaginativa, quanto não pertencer à ordem, por isso inútil.
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O cientista sabe como o crente da precisão do tangível e da largura da crença. Céptico da pedra e do inalcançável, tudo me faz lógica e irracionalidade.
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É sítio de perguntar da utilidade do universo, seja cosmos ou desordem. Sem essa solução – se fosse exequível – não se saberá do homem. Conhecendo-a, nasce questão igual, mais fina de especificação e tão antiga:
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– O que se faz aqui?
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É bem de ver, não há fala luminosa. Sem necessidade de perguntar, fazê-lo é tempo de prazer de espreguiçar.
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Há tão poucas coisas saborosas quanto o espreguiçar.

segunda-feira, abril 13, 2015

Sic transit gloria mundi

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Estamos carne e comemos coisas e somos espírito e comemos coisas da carne. E não percebemos que por isso a roupa de marca e a comida de plástico e os textos de politetrafluoretileno e resta pouco fora disso, desta palavra complicada, mas sempre foi assim e até gozaram com o Camões.
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Por isso o Estado Islâmico e a Arábia Saudita e os Estados Unidos da América e a Rússia e a moralidade europeia que é hipócrita e às vezes engana, além de África e os ditadores do mundo e o Sueste asiático é a mesma coisa, não esquecendo as Américas das contradições, a China, o Japão e a Coreia – que é só boa ou só má. Por isso as palavras voam parecendo livres e apenas por cheias de vazios.
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Por isso os serviços de informações e as polícias políticas e quem assume erros no cinismo e os da voz de Deus que desfazem. Esses – ambos os dois, porque é para rir da estupidez trágica – e os da moralidade de toda a laicidade e toda a religiosidade.
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Ainda assim há gente feliz.

sexta-feira, março 13, 2015

Muitas paredes para fazerem muitos quartos

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Não quero perceber de arte. Nem ver longos vídeos-arte. Quero muitas paredes. Fazer quartos e pensamentos para cada. Muitas paredes para pendurar, para encostar. Para não entrar. Para esquecer. Acordar inquieto para sofrer a falta de dinheiro. Para sofrer de falta de Sol e Sal. Dias repetidos, espiral relojoeira de desinteresses. Adormecer no museu e acordar inquieto. Não ter vício do cigarro nem dinheiro para o café.