
Lembro-me como se fosse hoje aquela tarde de conversa que tivemos na Brasileira. Tu estavas em casa e eu não era nascido. Mandaste-me educadamente calar e eu virei-me para outro lado qualquer, ainda longe de poder sonhar. Talvez já sonhasse, mas não sonhava em que um dia sonharia contigo e muito menos no dia da tua morte.
Afinal o que importa é estares vivo! Afinal não se morre! Vais continuar a pintar e a dizer a tua poesia com a mesma cruel acutilância dos poetas maiores. Gosto da tua verdade. Gostei de ti na primeira vez que te vi, naquela vez na Brasileira do Chiado, ainda estava eu por nascer.
Afinal o que importa é não se morrer... E agora, lá fora, ri de tudo!
Nota: Este texto é dedicado a Mário de Cesariny.