digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

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quarta-feira, setembro 09, 2015

Como dizem os americanos

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Voltar ao tempo das rosas, que apareciam espectrais no silêncio da casa da primeira liberdade. O silêncio no quarto dos livros e daquele tapete que nunca mais usei. Tão pequena, a casa, a maior de todas em que vivi.
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Acreditava no amor perfeito e em canções eternas, que a idade passaria recta sem intercepção. Sem elixir ou magia, com a bênção vertida sobre os eleitos. Tive tardes eternas e pressentimentos do rio.
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O pai e a mãe, os carcereiros davam-me colo e almoçava para matar as saudades, sem ressentimentos, guardando os segredos.
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Um dia acordei numa cidade que sabia existir e desconhecia. Um quarto andar como um buraco negro que me sugou lentamente, regurgitando-me e sorvendo-me novamente, num vagar sádico e negrum aterrorizador.
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Mais alto e lunar, a Torre do Tarot. A selva de pesadelos e incredulidades, onde ogres vigiavam e monstros invisíveis retraçavam o ânimo, a esperança e a luz.
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Nunca é minha, a casa das escuridões, da doença da desesperança. Nunca a sonhei porque, desligado do corpo, fugia.
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Abalei com uma mala de amores. Mas pesadelo desse cárcere é-me lembrado e, desligado do corpo, fantasmas arrastam-me e de lá desperto fugindo – aterrorizado e ofegante, acordo confuso. A janela do quarto sossega-me.
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Amores morridos, canções esquecidas, memórias escondidas e a desilusão pela consciência do mal que fiz e do que desperdicei.
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Acordei velho e gordo, cansado sem nostalgia. A primeira liberdade fica tão longe.
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Aqueles anos do buraco negro consumiram-me velozes e esqueço-me para não os lembrar. Sinto que vivi vidas nestes quarenta e cinco anos pesados, insaudáveis e desleixados e desalinhados.
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Órfão de sorte e salvação. Sem ver destino nem caminho nem desafogo nem luz nem penumbra nem ovni.
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A bênção dos eleitos não verteu em mim.
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Um lúzer – como dizem os americanos.

quinta-feira, junho 28, 2012

Não estou aqui nem volto já


Um dia caio no Snob como um cocainómano insiste no jornalismo. Como a velha guarda, que morreu, apaixono-me por olhos e sorrisos que não são para mim, eventualmente por pernas. Digo cona alto, porque penso não me ouvirem.
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Para mim só o uísque, que não gosto, a cerveja que me dilata o estômago e o vinho que evito beber. Frenet-Branca? Era miúdo e não respondo.
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Era ela. E hoje, quem me resta? Que me resto? Estou e vou estando, desejando estar onde não consigo.
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Azeitonas, Martinis. Alguns vodkas às escondidas, que os séniores não gostam, gins, que ninguém liga, e uísques de garrafa verde.
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Queria ser crescido: tinha namorada e casa, e carro.
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Sou crescido, porque já não me dou com os crescidos.
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O que é feito? De que sou feito? Quantos anos… a casa não é a mesma e a outra foi. Vejo-me antes do princípio sabendo quase tudo, conhecendo quase todos, e sem ter onde me sentar.
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Não é triste. É Patético. Para mim? Para todos. Sobretudo para mim.

sábado, fevereiro 14, 2009

Rua Fernão de Magalhães, 20, 3º esquerdo - 1190 Lisboa


Nostalgia é uma palavra fodida. É mais do que se consegue dizer. É menos do que se sente. Inocência... já não éramos. Ingenuidade, ainda. Nostalgia... que palavra fodida.
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Nota 1: Do que me fui lembrar!...
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Nota 2: Escusam de me procurar nesta morada, já lá não estou há mais de dez anos.