digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
quarta-feira, abril 23, 2014
Não há maçãs no centro do mundo
domingo, novembro 08, 2009
Em poucas linhas
A vida vai toda em poucas palavras. Só por transtorno dizemos demais. Só por vaidade a escrevemos. Só por piedade a poupamos a outros.
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A minha vida contigo é ainda mais curta. Talvez nem valha estas linhas. Tu vales. A nossa vida não.
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Sempre fomos um amor pequenino. Queria-lo em botão. Queria-o como uma conífera. Não foi por isso, mas por um amor novo.
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Um amor novo morto antes da chegada. Não há dia que não me lembre desse amor novo no nosso amor novo.
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Ficámos a meio dum beijo.
terça-feira, outubro 13, 2009
À flor da pele
Tenho dor na alma e tenho-a à flor da pele. Longe de desencarnar, tenho-a cravada na carne e a forçar a saída. Tenho dor na carne.
quarta-feira, outubro 31, 2007
Infidelidade maior

O passado vive. O passado é presente. Ainda há dias desses que acabaram. Não servem as promessas feitas antes. Não valem as promessas feitas depois. Não valem as promessas feitas agora. Nenhum dos dois pode prometer, nem o outro acreditar.
O passado vive nela. O passado vive nele. Sem presente para conjugar, fecham os olhos para não enfrentar o futuro. Um futuro qualquer. Nenhum dos dois pode prometer, nem o outro acreditar.
Acontece tudo nas viagens noturnas. O presente só acontece depois dos corpos se deitarem e deles o espírito se libertar. No espaço sideral vê-se o futuro. Acordados não vêem. Acordada está a dor.
Quem dera aos dois que um não vivesse o outro. Que a memória não corroesse tudo o que existe depois do passado. Nos dois vive nostalgia ácida e saudades escondidas. Só à noite, quando os corpos adormecem, há encontros como os dantes. Acontece tudo à noite. Há mais memória, à noite. Há mais do que memória, à noite.
A separação une-os. A tristeza une-os. A solidão une-os. A nostalgia une-os. A vida separa-os. A infidelidade maior. A infidelidade maior é a fidelidade ao passado. A infidelidade maior contraria a verdade.
O que quer que seja a verdade. Não se fazem mais promessas. Não se acredita. Não se ouve. Só há silêncio e a infidelidade maior.
Quem dera a ele qualquer outra coisa. Quem dera a ela qualquer outra coisa. Que ele não vivesse com ela em separado. Que ela não vivesse com ele em separado. Que não houvesse passado. O que quer que seja a verdade, não se fazem promessas.
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quarta-feira, dezembro 20, 2006
Dias imperfeitos
Os dias imperfeitos, longas horas de ansiedade. Horas de luz de tédio e silêncio. Ausências e memórias vazias. Desencontro de palavras nos livros. Olhares desesperados dentro dos quartos. Olhares desesperados nas ruas. Insónia de medo. Indiferença à temperatura e à fome. Solidão. Dias imperfeitos. Dias sem noite. Dias sem sono. Dias de insónia.