digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

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terça-feira, abril 16, 2013

Agonia

Sofrendo deleitado, longas horas de comiséria. Fechar portas e janelas, fechar a luz, que é algo que não se fecha nem compreende.
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Respirar – que é tão bom – é doloroso. Com o peso da força da bala que entra devagarmente na cabeça, quebrando osso e liquefazendo o cérebro.
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A vida tem duas velocidades: parada e em movimento. A primeira é parada, e não existe, e a segunda é de vagar e rápida. Neste momento, toda a vida se resume às três ao mesmo tempo.
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Malcriadar duma só vez é uma ejaculação de desespero. Antes isso do que usar uma serra-eléctrica para cortar presunto ou melancia. Tudo para não rasgar gargantas nem desfazer as veias dum pulso.
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Não é explosão nem implosão. É explosão para dentro. Comer muita terra e escaldar a cabeça no Sol forte. Suar e ter a camisa colada pelo suor e poeira. Querer banho e não ter onde banhar-se. É tudo isso, agora.
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Não é raiva, é miséria.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Música

Quando todos imaginavam sexo, eu abstinha-me. Quando todos julgavam abstinência, eu enlouquecia.
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Quando todos imaginavam sexo, eu espumantava. Quando todos celebravam fúnebres, eu estava indiferente. Quando todos me julgavam vivo, eu estava morto.
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Que diferença faz se não me notam? Voando por aí, fingindo invisibilidade. Fingindo voar. Fingindo olhar do alto das nuvem. Fingindo estar sob os tectos sem tocar o chão.
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O que importa? As pessoas querem é sexo e dinheiro… e poder mandar. Depois vem o amor. O amor pode esperar. Afinal, o amor vem e vai e todos sabem que um dia todos iremos. A morte custa, mas o que realmente importa é ter.
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Não me excluo. Mas por via de não ter amor. Por não saber amor. Por não saber, amor. Disse amor? Foi retórico.
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Quando todos imaginavam amor, eu estava indiferente. Um dia morrerei e, com sorte, alguém me há-de chorar. Se não descobrirem que não estou onde deveria estar. Tocando música, dizia, mangado música, fazia.