digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, abril 16, 2013

Agonia

Sofrendo deleitado, longas horas de comiséria. Fechar portas e janelas, fechar a luz, que é algo que não se fecha nem compreende.
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Respirar – que é tão bom – é doloroso. Com o peso da força da bala que entra devagarmente na cabeça, quebrando osso e liquefazendo o cérebro.
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A vida tem duas velocidades: parada e em movimento. A primeira é parada, e não existe, e a segunda é de vagar e rápida. Neste momento, toda a vida se resume às três ao mesmo tempo.
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Malcriadar duma só vez é uma ejaculação de desespero. Antes isso do que usar uma serra-eléctrica para cortar presunto ou melancia. Tudo para não rasgar gargantas nem desfazer as veias dum pulso.
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Não é explosão nem implosão. É explosão para dentro. Comer muita terra e escaldar a cabeça no Sol forte. Suar e ter a camisa colada pelo suor e poeira. Querer banho e não ter onde banhar-se. É tudo isso, agora.
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Não é raiva, é miséria.

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