Sofrendo deleitado, longas horas de comiséria. Fechar portas
e janelas, fechar a luz, que é algo que não se fecha nem compreende.
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Respirar – que é tão bom – é doloroso. Com o peso da
força da bala que entra devagarmente na cabeça, quebrando osso e liquefazendo o
cérebro.
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A vida tem duas velocidades: parada e em movimento. A primeira
é parada, e não existe, e a segunda é de vagar e rápida. Neste momento, toda a
vida se resume às três ao mesmo tempo.
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Malcriadar duma só vez é uma ejaculação de desespero. Antes isso
do que usar uma serra-eléctrica para cortar presunto ou melancia. Tudo para não
rasgar gargantas nem desfazer as veias dum pulso.
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Não é explosão nem implosão. É explosão para dentro. Comer muita
terra e escaldar a cabeça no Sol forte. Suar e ter a camisa colada pelo suor e
poeira. Querer banho e não ter onde banhar-se. É tudo isso, agora.
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Não é raiva, é miséria.
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