digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

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quarta-feira, fevereiro 22, 2017

Sala de exposições

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Um dia, onde a luz e o silêncio falam que é uma sala de exposições, pensei e não me lembrei. Aconteceu agora, por uma nuvem passado pela fronte interna ma ter trazido, como fosse a materialização da memória de navio-fantasma.
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Se estiver vazia, tenho a sala como noutro sítio, separada do mundo. Aí não sou o mesmo ou talvez cá fora seja a minha mentira.
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Aí, um papel vincado por lápis 4H, tingido por fraca tinta de aguarela, é alguma coisa, ainda que a legenda diga vermelhão e não passe de avermelhado.
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O tempo vivível na sala de exposições não obedece aos minutos, tal como a velocidade dos aviões é medida como se a viagem fosse por terra. O espírito quase desencarna e há uma embriaguez de clarividência ou de ocultação.
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Se puder ter a liberdade da solidão, o vazio é o interior duma grande esfera oca de gravidade zero. Nesse tempo nunca há fraude.
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O drama e o riso ficam entre mim e as obras e nem o autor o saberá. Acreditará que a frágil coloração esconde o vinco da grafite?
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Um dia numa sala de exposições, podia ser outro.

domingo, maio 01, 2011

E agora?





















Amas, amarás, amaste. Não. Por que não? Porque sim! Por que não me perguntaste? Por que perguntaste por mim? Por que não me beijaste? Por que te senti? Senti a falta. Agora sei que sentiste. Mas não sabes que sei.
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Por que não me perguntaste? Procurei-te. Vi-te. Viste-me. Ouviste-me. Não me respondeste. Não ignoraste, não respondeste. Aprendi? Não, não aprendi. Amo-te? Amei. Amas? Não amarei. Por que não me perguntaste? Por que perguntaste por mim? Por que me recusaste?
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O cigarro atrás do outro. A cigarrilha. O escândalo à varanda. O funeral sem corpo. A morte sem corpo. Mais pesado que um cortinado de veludo.
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Além do estudo. Além da promessa. Afinal a mentira, depois da descoberta. O estudo…
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Não te esqueci. Não poderei, porque há uma morte para lembrar. Sei que sabes, ainda que sempre digas que não. Não me esqueceste, pelo que nem me dizes que não. Como poderei?
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Não te esqueci. Como poderei, depois de tudo e do amor também?
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Como poderei esquecer esses olhos de água? A fúria em rosto de tranquilidade… o desvario e a preocupação, esta que nem desconfiei. Se amei? Amei!
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Se amo? Amei. Como quase amei tanto quanto outro alguém. Se doeu a perda? Doeu, mas menos do que perder alguém. Se morri? Morri, um pouco, ao saber que para ti tinha morrido e agora ainda mais por saber que te não morri.
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Agora, agorinha mesmo… beijar-te-ia. Concedendo-te o perdão que não pediste nem pedirás nem queres. Para sempre, nesta vida, desavindos… beijar-te-ia. A ti, que quase pensei seres o amor da minha vida. Certamente por não me lembrar do amor da minha vida.
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Beijar-te-ia. Amarei sempre, porque amo sempre a quem sempre amei. A uma mais, mas a ti também. A ti que pensei que viesse a amar mais do que quem mais amei.
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Beijar-te-ia? Agora? Sim! Agora. Novamente. Por saber que, afinal, perguntaste por mim.