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Um dia, onde a luz e o silêncio falam que é uma sala de
exposições, pensei e não me lembrei. Aconteceu agora, por uma nuvem passado pela
fronte interna ma ter trazido, como fosse a materialização da memória de
navio-fantasma.
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Se estiver vazia, tenho a sala como noutro sítio, separada do mundo. Aí não sou o mesmo ou talvez cá fora seja a minha mentira.
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Aí, um papel vincado por lápis 4H, tingido por fraca tinta
de aguarela, é alguma coisa, ainda que a legenda diga vermelhão e não passe de
avermelhado.
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O tempo vivível na sala de exposições não obedece aos
minutos, tal como a velocidade dos aviões é medida como se a viagem fosse por
terra. O espírito quase desencarna e há uma embriaguez de clarividência ou de ocultação.
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Se puder ter a liberdade da solidão, o vazio é o interior
duma grande esfera oca de gravidade zero. Nesse tempo nunca há fraude.
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O drama e o riso ficam entre mim e as obras e nem o autor o
saberá. Acreditará que a frágil coloração esconde o vinco da grafite?
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Um dia numa sala de exposições, podia ser outro.
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