digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
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quarta-feira, novembro 22, 2006
A pomba
Lembro-me duma manhã, ainda quase madrugada, e dum caminho feito em quase silêncio. Havia nós nos estômagos e apertos nas gargantas, os olhos estavam cheios de água com muita vontade de transbordar e as vozes abafaram-se antes que se exaltassem. Não havia frio nem calor, mas cólicas de alma. Uma vontade de liberdade, de desafogo. Um medo de morte.
O caminho fez-se de olhos postos no cimo, muito acima dos altares, e os lábios a dizer juras de paixões vermelhas e roxas.
A chegada de espera de todas as horas, num tempo sem significado. Um significado maior que o tempo. Um gesto maior do que os homens.
Em silêncio largou-se uma pomba ao céu para que voasse tão alto quanto pudesse e voltou-se ao dia anterior à antevéspera, quando ainda não te conhecia. Desde essa antevéspera que uma pomba voa.
Já não tenho nada, voou tudo nessa manhã. Desse dia não resta nem o passado, tudo me foi levado. Hoje não tenho nada, tudo me é negado. Hoje não tenho nada.
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