digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

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quarta-feira, fevereiro 03, 2016

Todos os sentidos – a perfeição

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O que vale a pena na vida. Digo dos olhos e ainda faltando à verdade – a verdade é absoluta.
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Podia dizer de música. Não há ofício tão benquisto, poucas legendas a caligrafia abandona.
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Pelos olhos se apaixona. Incontável maioria de esquecimento de contar o nome do operário
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Há juras de que não se sabe cheirar. Mais não do que de memória de nomes ou locais e momentos. Do seio ao orgasmo, sangue e ansiedade, por raiva da essência animal – adrenalina.
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O tacto é tudo.
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A boca é sagrada. Com ela se sela o casamento ou outro negócio. Quem sabe dos amargo, doce, salgado e ácido. Umami… O picante é exactamente o quê? A boca começa no nariz e termina no estômago.
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A cama: sono, sono-mimo, mimo, sexo, sono-sexo, orgasmo, pesadelo, pesadelo-erótico, heroísmo e pré-morte. Na cama: preocupação, paixão e outros sofreres, desejo e efabulação, orgasmo, amor, impenetração, fidelidade, adultério e conversas acabadas. Bendita é se na quebra não viver violência.
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Pelos olhos se apaixona. Que digo de minha injustiça?
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– O céu de Rubens, a luz de Rembrandt, um anjo de Leonardo e a terra de van Gogh.
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Ainda o azul.

terça-feira, novembro 13, 2007

Afinal

Deus está no céu. Deus está em toda a parte. Deus está em nós. Alguém se decide onde está?
Deus é Pai. Deus é Filho. Deus é Espírito Santo. Afinal, quem é Deus? O rementente, o correio ou a encomenda?
Sei as respostas, mas não as digo.
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sexta-feira, março 09, 2007

A carta do dia seguinte

Lisboa, 9 de Março de 2007

Querido(a) leitor(a) escrevo hoje a carta do dia seguinte, porque me pediram para escrevê-la. Pediram-me para escrever sobre a mulher. Pediram-me para escrever sobre a mulher no seu dia. Por que não o fiz no seu próprio dia? Estou assim a responder a uma encomenda? Dirá de sua justiça no final, como é hábito seu. Digo desde já que sou tão irracional e obtuso quanto não sou indomável, que sei dar a mão à palmatória quando o julgo ser necessário tanto quanto sigo os meus princípios.
Não escrevi nem uma linha sobre as mulheres no seu dia, porque não há nada a escrever sobre as mulheres. Escrevo-as quase todos os dias: as reais e as ficcionais, as que amo, as que amei, as que desejo amar, as que amarei e as que julgo odiar.
Não há nada a escrever sobre a mulher no seu dia, porque se o fizesse estaria a considerá-la um só ser. A mulher não é uma flor. A mulher não é um objecto. A mulher ter um dia é assumi-la como um ser inferior ou ter a data como marco comercial como o Dia de São Valentim ou o Dia do Pai ou Dia da Mãe ou o Dia das Bruxas.
A mulher não é um bichinho muito parecido com o homem com o qual se tem sexo e se deixa viver lá em casa. Por que raio há-de ter um dia no calendário? Serve para simbolicamente se criar uma feliz e justa igualdade no recenseamento militar, coisa criticada com aleivosia militante de feminista sindical. Para que raio serve o Dia da Mulher? Serve para uns sindicatos de preguiçosos sairem à rua com as mesmas palavras-de-ordem de todos os outros dias de anhanço laboral a protestar contra todas as políticas de todos os Governos. O Dia da Mulher serve para umas tantas mulheres reivindicarem vitória gloriosa do «sim» no referendo do aborto, esquecendo-se que muitas outras mulheres votaram no «não» e que certamente metade dos 56 por cento de abstencionistas é formado por mulheres.
A mulher não é objecto! A mulher não é adorno! A mulher não é para cuidar do lar sozinha! A mulher pode cuidar sozinha dos filhos! É ridículo andar a oferecer rosas no Dia da Mulher! A menos que se queira oferecer uma rosa apenas por querer oferecer uma rosa... É idiota andar a oferecer gerberas no Dia da Mulher! A menos que se queira oferecer uma gerbera apenas por ser um simples 8 de Março...
Ora, para escrever flores bordadas a palavras não contem comigo a 8 de Março, porque tenho demasiado respeito pelas mulheres. Para fazer claque de feminismo sindical fora de prazo também não. Sou homem e tenho na mulher alguém da mesma espécie com os mesmos direitos e os mesmos deveres que eu... certamente muitos muitos desejos iguais aos meus. É por isso que me marimbo para o Dia da Mulher!

Nota: Esta carta é dedicada à Gisela Amieira que deixou um comentário a queixar-se de que não havia um texto sobre as mulheres no dia 8 de Março. Com todo o respeito que a minha amiga me merece, aqui fica a resposta. O texto é dedicado ainda a quem sentiu igual falta.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Uma poesia crua

Uma poesia crua, feita com números disparados pela realidade e versos sem rima. Marcas de bala contra a parede. Muitas dúvidas, mas só uma interrogação:

O Sistema Nacional de Saúde não tem capacidade de resposta para o aborto livre.

O custo dum aborto numa clínica fica acima dos 1000 euros.

O subsídio de maternidade corresponde a um salário.

O subsídio de maternidade é no mínimo de 198,93 euros.

O salário médio do sector privado ronda os 750 euros.

Vai o Estado pagar mais para matar do que para saudar a vida?

quinta-feira, maio 18, 2006

Ainda agora

Ainda agora aqui estavas e já partiste. O rosto modificou-se um pouco com o tempo, mas sempre o mesmo olhar esperto e quente, como uma mãe e uma amante. Sinto-te a presença não muito distante, mas não te vejo. Ainda agora aqui estavas e já partiste. Deixaste o sorriso na memória e sei que abalaste a chorar. Não queria que nenhuma lágrima me pertencesse. Sinto-te não muito distante e sei que se alçar do braço não te alcançarei nem mesmo tocarei. Andas esquiva e sentida, como uma amante ferida e abandonada. Não queria que nenhuma das tuas lágrimas fosse minha.
Espero-te bem e sorrindo, nadando em pétalas de rosas vermelhas a cantar a felicidade dos dias azuis. Não sei se estás em festejos e folguedos, mas desejo-o. Por ignorância dos teus humores limito-me a aspirar que te encontres de saúde e em alegria. Sonho então e digo: É com contentamento que oiço as notas piadas pelos bandos vindos do Sul. Não há calor como o do Verão nem mar mais enrolado além desse onde mergulhas sem remorsos. Desejo tudo isso para ti.
Ainda agora aqui estavas e por bem te querer estás sempre comigo.