digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

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sábado, julho 26, 2025

E entardece

 


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É onde estou, parado. Ao retrospectivar, não me rodando e sem olho de ver para trás, mas sei o que está, aqueles anos percebo tardiamente o sítio onde pertenço.

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Começa a obscurecer e sem saber o que fazer com a vida errada. Não há como inverter, não há terra, água ou céu para. Nem as palavras se corrigem no ar nem os passos se acertam com sapatos errados.

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Há um ramalhete de músicas, álbuns onde as imagens são ausentes e presentes, viagens incríveis-banais, caixas com as certezas juvenis, escuro de bola-espelhada e strobe light, cofre de esconder o álcool censurado e árvore-natal de miúdas-beijos na minha cabeça.

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Quarto está erradamente arrumado, a chave está na fechadura da porta aberta e não vou. Sei o miolo e não sou sôfrego do que tive.

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Chego a pensar que me faltam saudade e nostalgia para ter razão para chorar e alcançar os direitos para viver e morrer. Em vez disso, sobrevivo.

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A sobrevivência é o tédio da derrota. Interpretar não muda, sejam as perspectivas íngreme ou serena.

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Esses dias são noutra vida, como são os das outras vidas.

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Só obrigado voltaria, mas sei onde pertenço e não é aqui.

quinta-feira, maio 25, 2017

Cubo

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O Cubo manifestando-se aqui inconseguiria ser o laço que desaperta na vez de punir. A sua matéria indestrutível seria desistência. O negrume da cidade e o negrum da casa só se unem quando os carros pretos comprimem tempo do caminho. Nem poderia o azul de fora tocar a colecção de tristezas encerradas.
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Se os carros andassem sozinhos… se não a escuridão envidraçada não fosse e viesse de dentro e da rua… se o portão abrisse para fora a fronteira… se o príncipe não.
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Na cidade há cores e a progressão geométrica é saber que não me interessa, não acontece.
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Nota: fui buscar o Cubo a Benoit Peeters e François Schuiten, onde é o motivo da acção de «A febre de Urbicanda».
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