digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, janeiro 31, 2009
Lindeza
Paciência
Brincadeiras de crianças.

- Eu gosto mais da montanha, da neve, porque está tudo branco e há um friozinho bom, fazem-se bonecos de neve e guerras de bolas.
- Pois eu gosto mais de brincar na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo!
- Porquê? (uníssono)
- Porque há terrenos que desparecem dali e aparece um outlet.
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Nota: Pura magia.
A caminho de Andrómeda

- Já pensaste, a estrela mais próxima da Terra está dois milhões de anos-luz.
- Não me impressiona.
- Não te impressiona?! Já viste tanto tempo para lá chegar e nós que só conseguimos voar a sete ou oito vezes mais depressa do que a velocidade do som... Por que não te impressiona?
- Porque quem vai a pé não tem pressa.
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Nota: Já tenho viagem marcada, mas não é para já.
Define-te através da música - Corrente musical
É de bom tom lançar o desafio a mais bloggers, para que também eles postem a corrente... a coisa, se for seguida por todos, fica a modos que uma epidemia. Porém, não o vou fazer, porque as pessoas a quem quero lançar não tenho assim muita intimidade com elas... é que são poucos os meus amigos que dão nesta coisa dos blogues... e aqueles que dão já sei tudo acerca deles... topam? Por isso, os meus desafios seguem por email... se me derem tampa não passo uma vergonha das antigas. Compreendem, não compreendem?!
As questões são as seguintes:
1 - És homem ou mulher?
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2 - Descreve-te.
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3 - O que as pessoas pensam de ti?
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4 - Como descreves o teu último relacionamento?
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5 - Descreve o estado actual da tua relação.
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6 - Onde querias estar agora?
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7 - O que pensas a respeito do amor?
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8 - Como é a tua vida?
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9 - O que pedirias se pudesses cumprir um só desejo?
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10 - Uma palavra ou frase sábia.
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Cá vai:
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1 - És homem ou mulher?
Louis Armstrong e Dizzy Gillespie - Umbrella man
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2 - Descreve-te.
Maria Guinot - Silêncio e tanta gente
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3 - O que as pessoas pensam de ti?
Iran Costa - É o bicho
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4 - Como descreves o teu último relacionamento?
Sérgio Godinho - Bom prazer
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5 - Descreve o estado actual da tua relação.
Paul Simon & Art Garfunkle - The sound of silence
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6 - Onde querias estar agora?
Jorge Palma e Lena d'Água - Bairro do amor
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7 - O que pensas a respeito do amor?
Sérgio Godinho - Às vezes o amor
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8 - Como é a tua vida?
Joy Division - Isolation
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9 - O que pedirias se pudesses cumprir um só desejo?
Brotherhood of Man - Save your kisses for me
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10 - Uma palavra ou frase sábia
Sérgio Godinho - Os amigos do Gaspar
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Nota 1: Estou medicado e não mordo.
Sexo bísaro


Cuidado com o que dizes
sexta-feira, janeiro 30, 2009
Complete a seguinte frase do pensamento socrático

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a) Mas não posso dizer.
b) Mas que não podem (ainda) provar.
c) Mas que só direi nas minhas memórias póstumas contarei.
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Remate 1: «Só sei que nada sei» - Sócrates citado por Platão.
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Remate 2: «Uma vida não suscetível de exame não vale a pena ser vivida» - Sócrates citado por Platão.
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Nota 1: O autor do blogue assume não ter provas do que quer que seja. As afirmações são meras suposições, baseadas em dados veiculados pela comunicação social. Assim, as suas afirmações podem carecer de verdade, sendo por isso erradas, infundadas e injustas... ou não.
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Nota 2: Qualquer semelhança entre os dois Sócrates é mera coincidência.
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Nota 3: O autor do blogue só foi uma vez ao Freeport, o outlet de Alcochete. Dali levou, pagando, é claro, um fato, cinzento escuro de meia estação, e quatro calças de sarja, duas azuis, umas pretas e outras cinzentas. Ah! E duas gravatas, lindas. Uma laranja, como o PSD, e outra vermelha, como a bandeira do PS... essa coisa do rosa é demasiado amaricada.
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Nota 4: Este quadro designa-se «A morte de Sócrates».
Malvados... Maldosos...

- Mas aqui não é proibido?
- Para mim não é.
- Como assim?
- Sou primo do ministro.
- Mas não há leis? Não são iguais para todos?
- Sim, claro, mas tudo se resolve.
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- Primo, ‘tás bom?
- Tudo fixe. E contigo?
- Também. Olha, precisava dum favor teu.
- Se puder ajudar…
- Quero construir uma casa ali em Coentros de Baixo.
- Mas aí é proibido. Terras da reserva nacional.
- Não podes dar um jeitinho?
- Claro que posso… Deixa-me ver… faço um despacho a dar ordem aos serviços para considerarem o teu terreno sem importância para a reserva nacional. Depois faço um decreto para que o espaço não seja considerado reserva nacional.
- Então, pode ser tudo legal?
- Claro. Comigo é tudo legal.
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- Então, sempre resolveste a situação com o teu primo?
- Sim. Tudo tratado. Não é para isso que serve a família?
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- Senhor assessor, olhe o que os malandros dos jornalistas andam a escrever sobre mim.
- É tudo mentira, não é?
- Completamente. Por quem me toma?!
- Temos de encontrar uma solução… mas o quê?
- Diga-me você, justifique o dinheiro que ganha.
- Já sei! Vamos falar em aproveitamento político por parte da oposição… que há uma campanha negra, por parte de forças ocultas, contra si… realçamos que há eleições este ano e que a oposição está a aproveitar-se da situação.
- Isso… isso… Mas, os gajos até têm estado calmos… muito decentes comigo.
- Não importa! A culpa é sempre da oposição… e como há eleições este ano, eles vão passar por interesseirões, que se aproveitam dum simples e legal acto de gestão ministerial para fazerem um banzé, sobre coisas que não existem.
- Deixe-se estar descansado… como está tudo legal, não há nada a temer.
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- Estás a ver esta bronca?
- Fogo!
- Lembras-te como isto começou?
- Fui eu que preparei a parte legal.
- O ministro pediu-te isso directamente ou foi o chefe de gabinete?
- O ministro. Disse-me que era urgente, importante e que teria de ser discreto, porque havia pessoas muito sensíveis… pediu-me para esquecer o Dr. Santos.
- Lembras-te quando foi?
- Completamente. Foi uma semana antes das eleições.
- Que bela memória!... Mas nessa altura o Governo só podia proceder a meros actos de gestão… além do mais porque foi o próprio primeiro-ministro a demitir-se.
- Sabes como é… um decretozinho aqui, um despachozito ali, nunca fizeram mal a ninguém. Além de que o assunto era importante. Não se podia deixar para o Governo seguinte, porque podia de ser da oposição, e foi, esses malandros... depois podiam não aprovar a alteração que o senhor ministro queria fazer ali em Coentros.
- Era importante? Então?
- Estratégico. Construíram lá uma casa, bem grande… empregou aí umas vinte pessoas durante seis meses.
- É relevante.
- A casa está linda, com aquela bela paisagem toda à volta.
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- Senhor assessor… o que faço agora?
- Tem a certeza que foi tudo legal?
- Bem… sim…
- Mas o dono da obra não é seu primo?
- Não me diga que também está alinhado com os que me querem ferir a honra… jornalistas, magistrados e outros…
- Claro que não!
- Vamos dizer que está inocente, uma vez mais… que não tem razões para se demitir e que está disposto a colaborar com a justiça…
- Mas tenho de abdicar da minha imunidade?
- Claro que não. É só para dar aquela pala…
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- O ministro, teu primo, está num grande aperto por tua causa…
- Pois… não deixo de pensar nisso…
- Daquela vez, chegaste a agradecer-lhe?
- Sim, mandei-lhe uma caixa de Barca Velha.
- Epá, vê lá se há registos disso… ainda te entalas e a ele também.
- Não há problema! Dei-as ao irmão, o outro meu primo.
- Ufa! Já estou mais descansado.
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Nota 1: Estas conversas privadas são pura ficção. A situação passa-se num distante país de brandos costumes. Qualquer semelhança com a realidade política portuguesa é mera coincidência.
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Nota 2: Não acham que um tio pedir ao sobrinho ministro um favorzinho para se reunir com uns empresários, que querem construir alarvemente numa Zona de Protecção Especial, é grave o suficiente? É o chamado senhor Cunha…
Língua - Conversa improvável ou verdadeira entre duas mulheres
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Vai sonhando
Elas o outro e eu - Polígono amoroso - Telenovela venezuelana dobrada em mexicano - Ai a minha vida
Já foste
É sempre a mesma conversa
- Gostas de mim?
- Gosto. E tu gostas?
- De mim?
- Parvo! De mim...
- Claro que gosto.
- Por que gostas de mim?
- Porque és querido e divertido...
- Sou?
- És. Fazes-me rir.
- Sou um palhaço?
- És um palhacito.
- Palhacito? Isso é pior do que palhaço.
- Não é nada. Palhacito é giro, é «quido».
- Pensava que gostavas de mim por ser giro, pelo meu corpo e intelecto.
- Não sejas parvo. Não tem nada a ver.
- Obrigadinho.
- Nunca me escreveste um poema...
- Pois não. Tenho de tratar disso.
- Ah... assim não quero. Tive de ser eu a pedir.
- E se eu quiser dar?
- Oh!
- E se te cantasse uma canção?
- (sorriso embevecido)
- É cheia de poesia. Chama-se mesmo poesia... fala de amor e de prazer.
- Então canta lá. Quero ouvir.
- Cá vai...
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Nota: Agora é só ver o vídeo para ouvir a canção que ele lhe cantou.
Namoros defuntos
- Acabou.
- O que é que acabou?
- O nosso namoro.
- Porquê?
- Porque chegou ao fim. Não te quero mais.
- Mas ainda temos a vida toda pela frente.
- Encontraremos outras pessoas.
- Mas tínhamo-nos prometido para a vida...
- Será noutra vida.
- Tens a certeza?
- Tenho.
- Então, por que nos adiamos?
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- Não te quero ver mais.
- Que mal te fiz?
- Não quero isto para mim.
- Mas éramos loucos um pelo outro.
- Tudo chega ao fim.
- Ainda agora começou.
- Chegou ao fim.
- Pensava que era um grande amor...
- Não sou pessoa de grandes amores. Na vida terei muitos pequenos amores.
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- Acabou.
- O que é que acabou?
- Tudo entre nós.
- Porquê?
- Apareceu outra pessoa.
- Tens a certeza? Não queres dar-nos um tempo?
- Não sei.
- Pensavas melhor, terias uma certeza.
- Acho que nunca terei uma certeza.
- Comigo sabes com o que contas. Com ele é tudo novidade, não sabes.
- É esse o meu dilema.
- Não te posso ajudar. Por mim dava um tempo para pensares melhor e decidires-te.
- Vamos fazer amor?
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- Quero acabar o nosso namoro.
- Porquê?
- Já não te amo.
- Mas amavas tanto.
- Não amo mais.
- Está bem, vamos ser amigos.
- Claro.
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- Quero acabar.
- Porquê?
- Estou farta de discussões.
- Mas só discutimos uma vez...
- Foi o bastante.
Estou tão...
Em desalinho. Por ti em desalinho. Desde que te vi até que fugiste. Mas fiquei, para sempre, num desatino que me eleva o desejo, destrói o coração e devasta a alma. Já é meio-dia, a meio da idade numa paixão inteira, num amor infinito e indefinição de palavras. Fiquei por aqui a lembrar todos os desejos que tive por ti e a adivinhar os que ainda terei.
O tamanho dos beijinhos
Nota: Uma amiga respondeu-me enviando «um mini beijinho grande». Fiquei derretido.
quarta-feira, janeiro 28, 2009
Ao que isto chegou
- Parece-me que sim.
- Então?!... Olha lá, por que estás a ler o jornal?
- Para estar informado.
- Humm... não te bastava ver as notícias na televisão ou ouvir a rádio?
- Bem... não...
- Porquê? Não reparaste que a televisão e a rádio dão as mesmas notícias? E mais actualizadas...
- Mas os jornais devem explicar melhor.
- Então, por que não explicam?
- Talvez porque não saibam nem possam...
- Mas é suposto. Se as notícias são da véspera e vêm pouco ou nada explicadas, para que compras o jornal?
- Porque gosto! Pronto! Ajuda a queimar o tempo e a sujar os dedos.
Nota: Em 1992 havia cerca de 3.000 jornalistas. Actualmente são mais de 8.000, resultado do enorme débito de licenciados em cursos de jornalismo, comunicação e afins, e que, nem o aumento do número de meios de informação consegue absorver.
- O que te parece?
- Parece-me que sim.
- Então?!... Olha lá, por que estás a ler o jornal?
- Para estar informado.
- Humm... não te bastava ver as notícias na televisão ou ouvir a rádio?
- Bem... não...
- Porquê? Não reparaste que a televisão e a rádio dão as mesmas notícias? E mais actualizadas...
- Mas os jornais devem explicar melhor.
- Então, por que não explicam?
- Talvez porque não saibam nem possam...
- Mas é suposto.
Porque gosto! Pronto!
Nota: Em 1992 havia cerca de 3.000 jornalistas. Actualmente são mais de 8.000, resultado do enorme débito de licenciados em cursos de jornalismo, comunicação e afins, e que, nem ao aumento do número de meios de informação consegue absorver. Esta situação tem vindo a degradar os salários da classe e implicado uma forte redução da qualidade noticiosa, devido à maior percentagem de jornalistas com pouca experiência, a quem não é possível nem viável dar o acompanhamento formativo como o que antigamente se fazia. Acresce à situação que muitos dos novos jornalistas saltitam de estágio não remunerado em estágio não remunerado, ou, na melhor das hipóteses, de estágio mal remunerado em estágio mal remunerado. Obviamente que os jovens jornalistas são vítimas e não culpados. Portanto, existe excesso de mão-de-obra, menor experiência profissional, reduzida formação prática e situações de mão-de-obra escrava. Para se ter uma ideia, no início da década de 1990, uma colaboração de uma página era paga, em média, a 25 contos (125 euros) líquidos, enquanto actualmente varia entre os 50 e os 100 euros brutos.Todos os ganhos na produção dos jornais não reverteram a favor das redacções, mas apenas para a produção e para os departamentos finaceiros. Antigamente os jornais fechavam as edições mais tarde, permitindo melhor e maior cobertura noticiosa, enquanto agora têm tendência para fecharem cada vez mais cedo, falhando actualidade e reduzindo o tempo para acrescentar valor à informação.
domingo, janeiro 25, 2009
A escolha do restaurante
- Onde queres ir?
Gosto tanto da comida
Até à próxima vida

Nota: Andrómeda está a dois milhões de anos-luz da Terra e Sombrero a 28 milhões de anos-luz. Não sei quanto tempo é nem onde ficam.
Aos grandes amores finitos
sábado, janeiro 24, 2009
Uma tarde bem passada nas compras

- Sim, estou só a acabar de me arranjar.
- Há que tempos estás a acabar de te arranjar.
- Não comeces.
- Eu despacho-me num instante e fico sempre à tua espera, e para te despachares com calma ainda vou primeiro. Apanho com cada seca.
- Já está quase. Não vês que tive de secar o cabelo e do esticar.
- Siiiim, está bem… (suspiro amigável)
- Só mais cinco minutos.
- Mais um quarto de hora, queres tu dizer.
- Não me chateies, porque assim demoro mais.
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- Estou pronta. Vamos?
- Mas não me apetece nada ir às compras.
- Querido, mas tem de ser. Temos de ir. Preciso de roupa e tu também devias comprar para ti. Preciso urgentemente de comprar calças. As que tenho estão velhas e algumas quase que não me servem.
- Vá lá, a sério…
- Não protestes. Não demoramos muito.
- Nunca demoro muito. Tu é que passas a tarde enfiada nas lojas.
- Já te disse que não demoro muito.
- Dizes sempre isso e é sempre a mesma coisa. (ligeiro amuo)
- Não me chateies, vou só ver calças. Depois vamos.
- Uf! (suspiro resignado)
- Anda…
- Mas tu tens tantas calças… e ficam-te bem, ficas linda.
- Não comeces com fitas.
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- Fica-me bem este vestido?
- Sim, parece-me bem.
- Achas?
- Acho.
- Não o achas demasiado curto aqui à frente?
- Não. Parece-me bem.
- Humm… não sei.
- Siiiim… fica-te bem. (suspiro condescendente)
- Oh! Só queres é tudo a despachar. Vá lá, diz-me, fica-me bem?
- Já te disse que sim. Não sei por que perguntas, se nunca ouves o que te digo.
- Claro que oiço. Então, achas que me fica mesmo bem?
- (suspiro)
- Então e este? Não achas melhor?
- Esse é azul o outro é preto…
- Oh! Mas dá para as mesmas ocasiões.
- Se gostas mais do azul, leva antes esse.
- Achas?!...
-Então e em relação àquele outro? O primeiro?
- Já não me lembro… experimentaste três vestidos pretos, além deste, o azul e o outro bordeux…
- Nunca te lembras de nada.
- O que queres, já estou farto de estar aqui.
- Não te queixes, que ainda agora chegámos.
- Ainda agora?!
- Bem, diz-me lá, qual deles?
- O terceiro… (suspiro enfadado)
- O terceiro? Aquele?
- Sim… (suspiro desencantado)
- Não acho nada!
- Então, não escolhas esse.
- Ai! Não acho nada!
- Para que me perguntas a opinião? Por que experimentaste esse se não gostas dele?
- Estás sempre com má vontade quando te peço para me ajudares.
- Mas já não sei o que te diga. Já perdi a conta aos vestidos que experimentaste, mais as saias, as blusas e os casacos…
- Então preferes este? É?!
- Siiim… (suspiro de enfado)
- Não me estás a ajudar nada.
- Já não sei o que te diga.
- Então, não digas nada. Vai-te embora. Vai dar uma volta. Prefiro ficar sozinha. Só atrapalhas.
- Suspiro… (alívio moderado)
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-Então, querida, já escolheste o vestido.
- Já.
- Então qual foi?
- Não deves querer saber…
- Ai! Diz lá, vá…
- O azul.
- Parece-me bem.
- Mas desse tu não gostavas.
- Nunca disse isso.
- Mas via-se pela forma como tu olhavas.
- Não via nada.
- Então, e tu que fizeste?
- Comprei dois pares de calças e um pulôver.
- E já aqui estás? Foi na primeira loja que entraste… (suspiro conformado)
- Não foi nada! Fui a três.
- Foste, foste. Aposto que nem experimentaste.
- Claro que experimentei.
- Mas ficavam-te bem, as calças? Como caiam?
- Sei lá como caiam… caiam-me bem. Gostei.
- Estou para ver isso… mostra lá o pulôver…
- Vês?!
- Deixa cá ver. Tira-o do saco. Assim não se consegue ver nada.
- Toma.
- Desta cor? Tu sem mim só fazes disparates. Foste comprar um pulôver desta cor?! Minha Nossa Senhora!
- O que tem de mal?
- Ainda perguntas? E esta malha?! Francamente. Não se pode deixar-te ir às compras sozinho.
- Cala-te. Se tivesse ido contigo levava uma hora para comprar umas meias.
- Cala-te tu.
- Bem, vamos embora?
- Espera, ainda quero ver a lingerie…
- Ainda?! Estás há mais de uma hora nesta loja.
- Tem paciência, que ainda temos de ir à Zara e àquelas lojas ali da frente…
- Quais lojas?
- Isso agora não interessa. Deixa-me prestar atenção ao que estou a ver.
- Humpf! (suspiro irritado)
- Acho que daqui já tenho tudo.
- Finalmente!
- Depois, se for preciso mais alguma coisa que me lembre, voltamos cá.
- Mas afinal o que compraste? Que levas aí?
- O vestido, estas duas camisolas… olha para mim quando estou a falar contigo…
- Estou a ouvir. Não preciso de olhar para ti para te ouvir…
- Mas assim não vês as coisas.
- Vejo em casa.
- Não perguntaste o que levo?
- Sim, diz lá… (suspiro de derrota)
- Então, o vestido, estas duas camisolas, este casaquinho de malha e este soutiã.
- Tanto tempo só para isso?!
- Não me provoques.
- Olha lá, revistaste a loja toda durante um horror de tempo e só levas isso?
- Vocês homens não sabem fazer compras!
- Olha lá, não compraste as calças.
- Não.
- Porquê?
- Não vi nenhumas que gostasse.
- Mas tu não ias comprar calças?
- Ia, mas não comprei.
- Mas não era das calças que tu precisavas? Não viemos aqui perder a tarde para comprares as calças e depois não as levares?
- Não vi nada que gostasse… vemos agora nas outras lojas.
- Acho que vou para o café ler o jornal.
- Não vais nada. Vens ajudar-me.
- Mau!
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- Gostas destas?
- Goooosto!... (suspiro de grande enfado)
- Dizes isso só para me calares e ires-te embora.
- Siiiim… (suspiro desesperado e sincero)
- Achas que estas me fazem gorda?
- Não.
- Não?
- Não.
- Humpf!... (suspiro aborrecido)
- Pronto, deixa lá ver melhor.
- Diz…
- Sim, gosto.
- Gostas? Gostas mesmo?
- Siiiim… (suspiro inqualificável)
- Não achas que estou gorda?
- Não!
- Mas tenho aqui esta barriga…
- Mas eu gosto dessa barriguinha…
- Vês! Afinal achas que estou gorda.
- Não disse isso.
- Mas pensaste.
- Não pensei nada.
- Não pensaste nada, não pensaste nada. Nunca pensas em nada. Não me estás a ajudar nada com as calças.
- Que mais queres que te diga?
- Não digas nada, pronto.
- Não amues. Vim contigo às compras, não queria vir, vim por ti, contrariado, mas vim, já fomos a todas as lojas, estamos há mais de três horas nisto, estou cansado e farto, e quero ir para casa…
- Agora atiras-me à cara isso? Que vieste comigo por favor?!
- Não disse isso. Não quis dizer isso. Mas, desculpa, estou mesmo muito cansado e muito farto. Anda embora.
- É sempre a mesma coisa. Nunca tens paciência para as minhas coisas.
- Afinal, não levas as calças!...
- Logo vejo calças para a semana. Também não há pressa!
- Deves estar a brincar… estás, não estás?!
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Nota: Estória baseada em situações reais… e repetidas… com diferentes protagonistas femininos. Ao que parece, estes acontecimentos verificaram-se também com outros elementos do sexo masculino.
sexta-feira, janeiro 23, 2009
Contra a intolerância islâmica

Ou seja, andaram gerações na Europa, em particular, e nos estados do Ocidente, a lutar pela igualdade de direitos entre os sexos, pela tolerância religiosa, pela liberdade de pensamento e pela democracia, para agora terem de admitir e respeitar as fragmentações de comunidades islâmicas, que para aqui e lá imigraram, e calar as nossas santas boquinhas para não os melindrar. É só mesmo isto que nos faltava! Uma coisa é a liberdade e o respeito por outras culturas e religiões, e outra é o silenciar e amochar para não afectar os sensíveis temperamentos dos intolerantes.
Dizem alguns cívicos que devemos, no Ocidente, respeitar a cultura islâmica. De acordo! Mas devemos permitir que as mulheres muçulmanas sejam rebaixadas e humilhadas pelas burcas nas nossas cidades? O mesmo se coloca em relação ao lenço islâmico que rebaixa quem o usa. É meio caminho andado para nos exigirem leis de excepção, só para as comunidades muçulmanas, para que possam aplicar a sua justiça castigadora, nomeadamente sobre as mulheres. Depois dessa cedência virá a necessidade de aplicar tais leis a todos. Aqui, no tolerante Ocidente contemporâneo.
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- Só há um Deus e Maomé é o seu profeta.
Todos os outros estão excluídos! Isto não é intolerância?
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- Bate todos os dias na tua mulher. Se não souberes a razão, ela saberá.
Se no Ocidente existem tantos casos de violência doméstica contra mulheres, facto que é, e bem, criticado por todas as pessoas decentes, o que não será nos países islâmicos, onde as mulheres estão num claro patamar inferior?!
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Já alguém reparou que os extremismos religiosos da actualidade vêm só os Islão? O problema do Islão não é a fé. Não será a doutrina religiosa. Mas a intolerância dos homens, dos que chefiam a fé e dos que a seguem. Homens que mandam, põem e dispõem, e que se concentram em grande número em alguns locais do planeta, professando uma mesma religião. Gostaria de ver os islâmicos moderados a insurgirem-se publicamente, e de forma notória, contra dirigentes políticos e religiosos do Islão. Nos seus países e no Ocidente. Seria uma postura de decência e de distanciamento.
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Nota: O autor do blogue apoia as declarações do cardeal patriarca de Lisboa e do primeiro-ministro australiano. O autor do blogue confessa que não é australiano. O autor do blogue confessa que não é católico e reconhece que existem muitos muçulmanos tolerantes e que não se conhecem fenómenos extremos destas comunidades em Portugal, apesar de casos episódicos de mulheres trajando burcas.

Resposta da Manel a esta posta: ler aqui.
quinta-feira, janeiro 22, 2009
Cona, buceta, rata, gatinha e outras coisas que querem dizer vagina

Nota: Este texto foi escrito de enxurrada e directamente da cabeça aos dedos. Não o revi, pelo que, se encontrarem asneiras ou se tiverem protestos, escrevam para o endereço de email, deixem uma mensagem ou queixem-se ao provedor.
Satisfação de clientes e internautas em geral

Nota: Há coisas incríveis, não há?!
quarta-feira, janeiro 21, 2009
Ler o jornal

- Não tens nada para fazer?
- Não...
- Não tens trabalho?
- Não.
- Já pediste ao chefe?
- Já...
- Por que não lês o jornal?
- Porque não o comprei.
- Então, podias começar a pensar em comprá-lo, não?!
- Para quê? Não tenho mesa para o ler...
- Tens essa...
- Tenho, mas é pequena.
- Não serve?
- Não, é pequena. Não dá para estender o jornal.
- Tens de arranjar uma maior. Sempre te ocupava o tempo.
- Não tenho dinheiro para comprar uma mesa maior.
- Por que não procuras um emprego que te pague melhor?
- E procuro onde? Na rua?
- Não. No jornal, claro. Os jornais têm anúncios de emprego.
- Bem sei. Mas, e onde o lia? Não tenho mesa para o estender.
Coisas de gaja com um gajo
- Queres ir tomar um cafezinho um destes dias?
- Queres mesmo que te responda? Desaparece.
Desapareci e ela ficou zangada. Julgo que o mal que lhe fiz foi ter sido seu namorado.
Convidei-a para voltar a tomar café:
- Havemos de repetir, voltar a tomar um cafezinho...
- Não dá! Tenho namorado.
- E então, que tem isso? Não te pedi namoro.
- Já te disse, tenho namorado.
Desapareci. Fiquei a achar que o namorado a seguia e lhe batia.
Convidou-me para tomar café:
- Queres vir tomar café?
- Não dá. Ando muito ocupado. Sempre a ir para fora em reportagem. Saio cedo e volto tarde.
- Então, e no fim-de-semana?
- Epá. No sábado tenho compromissos religiosos, depois costumo ir sempre jantar com um grupo de amigos. O domingo é mesmo para descansar e recuperar da véspera.
- Então, se não queres, não queiras. Nunca mais te convido. Depois não te queixes.
Safei-me da melga. Nunca mais me falou. Fiquei agradecido.
terça-feira, janeiro 20, 2009
A intimidade - Manifesto pessoal e algumas loucuras e inconfidências cirurgicamente reveladas - A entrevista improvável - Abaixo de cão
Os direitos de ter voz e dor
sábado, janeiro 17, 2009
Ai a minha cabeça
La la la la la la (a subir), depois a descer
sexta-feira, janeiro 16, 2009
A preto e branco

Negro? Porquê? Que saiba a mãe é branca. Isso não faz dele branco? Por que quando há um casal misto os filhos são sempre pretos? Um mulato é preto. O filho de mulato com branco é preto. Isto embora sejam conhecidos inúmeros casos de mestiços que são incomparavelmente mais brancos que muitos portugueses caucasianos.
Bem sei do significado histórico, cultural e social da eleição dum cidadão preto (branco) para presidente dos Estados Unidos. Não sou ingénuo nem ignorante até tão longe. Há menos de meio século assassinou-se o sonhador duma América sem racismo e ainda nos tempos actuais existe uma organização abjecta como o Ku Klux Klan. Porém, alinhar na questão do preto e do branco tem sempre por base algo de racismo. É uma pessoa, um cidadão e isso basta para definir.
Esta coisa dos meios qualquer coisa lembra-me o Terceiro Reich e a sua política de perseguição racista e religiosa. Durante o nazismo, a sociedade não se dividia apenas entre arianos, judeus e ciganos. Havia uma hierarquia de sangue, que estabelecia níveis com base na proximidade de antepassado ou número de parentes com sangue judeu, eram os mischling. Alguém que tivesse um quinto avô judeu era judeu, um mischling. Adolf Hitler, um vegetariano excêntrico e a antítese do gastrónomo, recorreu a uma nutricionista para lhe variar e equilibrar a dieta. A senhora, da mais fina nobreza austríaca, esteve em funções até se lhe conhecer um quarto ou quinto avô judeu. Esta questão da percentagem do sangue tem, exactamente, o mesmo princípio da atribuição da classificação de preto a alguém que não o é apenas.
Os norte-americanos criaram um termo que me irrita, que é o afro-americano. O que é um afro-americano? Um cidadão preto que tem no seu trisavô um africano? Mas se os seus parentes mais próximos nasceram todos na América… E depois, afro? Então os magrebinos, caucasianos como um sueco, não são afro? Então não há brancos em África? Então o sul-africano descendente dum holandês, loiro ou ruivo, não é africano? Mas na América seria afro-americano?
Depois também há os remorsos e ressentimentos. O que até é natural. A questão traduz-se de diversas formas e, como é também compreensível, de formas erradas ou desconformes. Uma que oiço com alguma frequência é a de que não se deve chamar mulato a alguém que tem um dos progenitores negro e outro branco, porque, dizem, o termo é sinónimo de filho de mula. Um disparate! Os árabes estiveram séculos em Portugal e deixaram aos portugueses sangue e palavras. Uma delas deu mulato. O vocábulo deriva de muallad, e que se aplicava aos filhos de árabe com negra. Já mula vem do latim, deriva de, exactamente, mula.
O racismo nasce da ignorância e da reacção ao diferente. É primário. O racismo torna-se tantas vezes inconsciente. Muito boa gente, que até nem será racista, embarca em situações de discriminação. Quem nunca ouviu algo semelhante a «Está ali fora um senhor de cor que lhe quer falar». O que a palavra cor acrescenta? Já ninguém diria que «está ali um senhor gordo» ou uma «senhora feia», porque poderiam ouvir e levar a mal. Ninguém diz «está ali um senhor branco para ser atendido».
Um mito que me lembro de ouvir repetido é de que Portugal não é um país racista. Não o foi e será como outros países ou, pelo menos, tão violento e ostensivo, mas é. É frequente ouvir-se um responsável dizer que dois fulanos negros assaltaram uma bomba de gasolina, dois indivíduos de etnia cigana forçaram a entrada ou crime foi realizado por dois ucranianos ou brasileiros. Estas coisas são depois acriticamente repetidas por jornalistas e que passam para o dia-dia do cidadão comum. O que importa a raça, etnia ou nacionalidade para o caso? É atenuante ou agravante para a situação? Se fosse branco o criminoso tinha sido mais ou menos violento, mais ou menos frio e sinistro? Mas, é óbvio, que a discriminação pretende melhor identificar, mas mistura os maus com os bons e o resultado que se obtém é distorcido e desvantajoso para todos os outros da mesma raça, etnia e nacionalidade. Isto para o mal, porque para o bem não se passa assim. Ninguém refere que o presidente da Zon é indiano ou que a empresária Isabel dos Santos, a filha do presidente José Eduardo dos Santos de Angola, é preta.
Deixo o texto com a referência inicial, o novo presidente dos Estados Unidos. Que o mandato de Barack Obama seja metade (ouxalá mais) de bom do que a promessa e esperança.
Nota: Para terminar com humor, vai uma anedota racista. Diz alguém: «Eu não sou racista, só não gosto de alemães. Disseram que iam acabar com os judeus e os ciganos e fizeram um trabalho de preto». Vá lá, não sejamos fundamentalistas… o humor é um sinal de inteligência.