digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

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domingo, fevereiro 10, 2013

A vida vive sempre


Não te quero confrontado pelo medo, logo tu, herói de vida. Há sonhos e pomares de laranjeiras. Olhos que viram tanto, têm vidas para contar. Há alma e altura guardadas no repouso inquieto dos dias correntes; tudo ao mesmo tempo, passando diante das vistas. Não chegam os abraços e é tanta a generosidade, quanto as promessas e os sonhos em catadupa, as palavras desenfreadas, verdadeiras na essência. Há coisas que te não posso dar, mas posso dar-te um beijo na alma infantil e abraço ao teu abraço; enlace que tenta unir o céu. Se até hoje não envelheceste, não poderá ser o medo que agora te derrotará.
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Nota: Para o grande amigo Carlos Fagulha.

sábado, julho 17, 2010

Mãozinhas

Deviam de me dar umas mãozinhas de madeira, para pôr nas outras mãos, para que não escrevesse nada que não devesse ser escrito, ou que, se escrevesse, não escrevesse, ou que, se escrevesse, não tivesse escrito.

terça-feira, agosto 21, 2007

Despedida





















Uma recusa e um poema por ler. Na intimidade da cama ficaram todos os beijos sobejantes por dar e a tal leitura. No quarto obscuro, o homem voou para seduzir nos últimos instantes duma vida.
Se bem que o corpo não saíu do corpo nem a alma o abandonou, a magia dos dias íntimos esteve toda lá. Menos os beijos quentes no corpo. Os amantes despediram-se.
Na cama morna havia dois corpos, só não havia beijos. Junto ao leito estava guardado um poema de cumplicidade, uma premonição de despedida.
Os amantes abandonaram-se ainda partilhando a cama. Contudo, sem beijos, mas com a indiferença, quase desprezo, de um e a tristeza incompreendida do outro.
O que importa a vida se há um momento em que deixa de ter sentido? Não porque os dias não se compreendam na ausência, mas porque ficou um poema por ler. Era uma premonição e um desejo de novos afectos entre os mesmos amantes.

quarta-feira, março 07, 2007

O amor maior

Um grande amor é como um pão volumoso: tudo pode acompanhar e nele quase tudo pode caber.
Um amor novo é pequeno e frágil, sempre cantado. Dele se guardam saudades e remorsos. A ele se comparam as flores e seus perfumes.
O meu amor preferido não foi grande nem frágil. O meu amor saudoso esteve muito longe de ser um amor-perfeito. Foi pequeno, o meu grande amor. Mas foi concentrado. Partiu-se num instante e foi tão sólido enquanto se não quebrou!...
O meu grande amor foi pequeno. O meu delicado amor foi bruto. O meu amor preferido é odioso, porque findou tão abruptamente. O meu amor preferido é já antigo, porque terminou. O meu amor passageiro foi um amor novo. Em tudo novo. Por isso, foi um grande amor.