digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

Mostrar mensagens com a etiqueta Vídeo de Alex Cherney. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Vídeo de Alex Cherney. Mostrar todas as mensagens

sábado, agosto 11, 2018

De luz-verdade


.
Se disse, da tua alma, luz.
.
A verdade dos sonâmbulos é de verdade.
.
A boca-coração diz da alma, ainda que a cabeça não pense nem a mande calar.
.
As flores não têm luz, por isso vivem as suas cores.
.
A luz pode ter qualquer cor e só por sua vontade se deixa colher.
.
Ser-se luz de alguém é uma promessa oferecida.
.
Ser-se tido por luz é um privilégio.
.
É inacreditável.
.
O destino, se existisse, afirmaria esta verdade.
.
Podendo mudar-se o destino, a última palavra, emocionalmente útil, são duas:
.
– Amar-o-outro-e-ser-se-pelo-outro-amado.
.
– A outra é segredo nosso, sem tampouco o sabermos todo.

quarta-feira, maio 07, 2014

( ....................... ) / Lapso

Os dias são maiores do que o dinheiro.
.
O número de identificação bancária tem vinte e um algarismos.
.
O dia tem vinte e três horas cinquenta e seis minutos e quatro segundos.
.
Podes ter mais contas bancárias.
.
Podes ter muito dinheiro.
.
Terás sempre vinte e três horas cinquenta e seis minutos e quatro segundos por dia.
.
.
.
Nota: Este poema tem dois títulos. Para que conste, o número de pontinhos é de vinte e três.

sexta-feira, julho 20, 2012

Céu





















Os olhos gordos de beijo descrevem uma elipse, fogo de artifício, fogo caínte. O céu de cima estrelado, aberto e generoso, como um pai. Afecto denso como uma mãe e seu abraço. Mãos dadas e apertadas, ternura perante o infinito e nas dúvidas no Deus, se existe, se nos vê, se nos ama, se é ou apenas está. O céu é uma abóbada e por momentos um dedo apontado é engenharia, pilar quase único que o sustenta. Todo o momento de luz e escuro é de música que se faz em ausência. O quase nada é tudo e é muito o pouco que se entende. Aí faz sentido o amor, os reencontros e a reencarnação, o tempo banal e finito, a alma única, se a houver, a irrepetição do tempo e tudo o que não caiba na boca e venha ao ar pelos lábios ou tão pequeno que não chegue a ter ar para se ouvir; tudo cabe sob o céu da noite. Tudo, pouco ou quase nada é quase tudo quando os olhos se vidram para um beijo.