Os olhos gordos de beijo descrevem uma elipse, fogo de artifício, fogo caínte. O céu de cima estrelado, aberto e generoso, como um pai. Afecto denso como uma mãe e seu abraço. Mãos dadas e apertadas, ternura perante o infinito e nas dúvidas no Deus, se existe, se nos vê, se nos ama, se é ou apenas está. O céu é uma abóbada e por momentos um dedo apontado é engenharia, pilar quase único que o sustenta. Todo o momento de luz e escuro é de música que se faz em ausência. O quase nada é tudo e é muito o pouco que se entende. Aí faz sentido o amor, os reencontros e a reencarnação, o tempo banal e finito, a alma única, se a houver, a irrepetição do tempo e tudo o que não caiba na boca e venha ao ar pelos lábios ou tão pequeno que não chegue a ter ar para se ouvir; tudo cabe sob o céu da noite. Tudo, pouco ou quase nada é quase tudo quando os olhos se vidram para um beijo.
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