digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Contra a intolerância islâmica

Se hoje condenamos a conduta da Igreja Católica nas Idade Média e Idade Moderna, com a sua Santa Inquisição, por que não haveremos de criticar a contemporânea intolerância religiosa dos islâmicos? Em muitos países muçulmanos, se não mesmo todos, como nos estados ocidentais para onde migraram, temos fenómenos de ruptura.
.
Ou seja, andaram gerações na Europa, em particular, e nos estados do Ocidente, a lutar pela igualdade de direitos entre os sexos, pela tolerância religiosa, pela liberdade de pensamento e pela democracia, para agora terem de admitir e respeitar as fragmentações de comunidades islâmicas, que para aqui e lá imigraram, e calar as nossas santas boquinhas para não os melindrar. É só mesmo isto que nos faltava! Uma coisa é a liberdade e o respeito por outras culturas e religiões, e outra é o silenciar e amochar para não afectar os sensíveis temperamentos dos intolerantes.
.
Dizem alguns cívicos que devemos, no Ocidente, respeitar a cultura islâmica. De acordo! Mas devemos permitir que as mulheres muçulmanas sejam rebaixadas e humilhadas pelas burcas nas nossas cidades? O mesmo se coloca em relação ao lenço islâmico que rebaixa quem o usa. É meio caminho andado para nos exigirem leis de excepção, só para as comunidades muçulmanas, para que possam aplicar a sua justiça castigadora, nomeadamente sobre as mulheres. Depois dessa cedência virá a necessidade de aplicar tais leis a todos. Aqui, no tolerante Ocidente contemporâneo.
.
No Ocidente podemos criticar os políticos, os artistas, os santos e Deus. Os políticos podem não gostar e zangam-se. Os artistas podem não apreciar e zangam-se. Os crentes religiosos podem não gostar, protestam, fazem vigílias, escrevem artigos. Todos dentro dos limites do aceitável, do bom senso e da decência; quando assim não é, ou se ultrapassam limites, há tribunais idependentes de poderes religiosos e políticos. Já os santos e Deus têm mais do que fazer do que se zangarem, pois, felizmente, são muitíssimo mais tolerantes do que os homens. Mas, se isto acontece no Ocidente, alguém pode, honestamente, garantir que aconteça nos países islâmicos?! Mesmo na Turquia, que é um estado laico, Direitos Humanos elementares são bastante castigados... pelas autoridades e população. Claro que há atropelos aos Direitos Humanos no Ocidente cristão, mas, honestamente, não têm a mesma dimensão e frequência... salvo a triste situação de Guantanamo... que é grave por se tratar do Ocidente, que todos, e bem, criticamos, porque podemos. Quantas prisões imundas e sub-humanas existem nos estados islâmicos? Protestos civis e políticos... viram-nos e ouviram-nos?
.
O que dizer da onde de raiva intolerante contra cartonistas, jornais, sociedade e estados a quando da publicação das caricaturas de Maomé? E as manifestações em países islâmicos, apoiadas pelos governos, que exigiam aos estados democráticos para aplicarem leis totalitárias?! Isto é decente? E o que dizer da cobardia de alguns políticos ocidentais, que rastejaram servis a quando dessa situação?! Medo de quê? Duma jihad, promovida pelas comunidades imigrantes? Para onde iremos? Que mais teremos de tolerar? Depois admiram-se do surgimento dos Le Pen...
.
Há uns tempos, o primeiro-ministro da Austrália arengou aos muçulmanos do país. Que eram todos benvidos, mas que teriam de aceitar a a cultura democrática, a diversidade religiosa e a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Lá lhe caiu a esquerda em cima, que o homem era xenófobo. Santa paciência!
.
Bem sei que há comunidades muçulmanas pacíficas em diversos estados do Ocidente. Nisso, Portugal nem se pode queixar muito. Mas gostava de as ter visto na rua a condenar ataques terroristas ou a conduta extremista de grupos armados ou as políticas anti-democrática dos países islâmicos ou a apoiar a liberdade de expressão e a democracia nos países para onde migraram. Gostava.
.
Tenho a certeza que Deus é justo e bom. Tenho a certeza que já havia pessoas boas e santas antes de se estabelecerem as religiões judaica, cristãs e muçulmana. Tenho a certeza de que a bondade e humanidade existem em todos os povos, quadrantes, latitudes, longitudes e religiões... nos agnósticos e nos ateus. Tenho a certeza que Deus prefere um bom ateu do que um beato perverso. É que não tenho dúvidas. Se posso afirmar isto é porque estou no moderado Portugal. Se estivesse num país islâmico teria de vociferar:
- Só há um Deus e Maomé é o seu profeta.
Todos os outros estão excluídos! Isto não é intolerância?
.
A esquerda política portuguesa caiu em cima do cardeal patriarca de Lisboa quando este deixou um aviso às mulheres portuguesas, católicas em particular, para pensarem bem, pensarem duas vezes, ponderarem antes de se casarem com muçulmanos. Ai Jesus! Disse a esquerda, lá se vai a tolerância e o respeito pelas outras culturas. Em primeiro lugar, este clérigo é bem conhecido pelas suas posições de tolerância e integradoras, pelo que, no máximo, teriam sido palavras infelizes e imprudentes. Contudo, a intolerância da esquerda para com a Igreja Católica Apostólica Romana, alimentada pelo anacrónico pensamento jacobino, é inversamente proporcional à tolerância que advoga para todos os outros.
.
Em observação: terá o cardeal patriarca dito uma coisa que se baseasse em alguma mentira? É, ou não, verdade, que existe uma cultura machista nos países islâmicos, onde as mulheres não têm, nem de perto nem de longe, os mesmos direitos e deveres que os homens?! Não esqueçamos o provérbio muçulmano que diz:
- Bate todos os dias na tua mulher. Se não souberes a razão, ela saberá.
.
Se no Ocidente existem tantos casos de violência doméstica contra mulheres, facto que é, e bem, criticado por todas as pessoas decentes, o que não será nos países islâmicos, onde as mulheres estão num claro patamar inferior?!
.
A Manel questionou-se no seu blogue (Blue) acerca do inverso, das mocinhas em relação aos mocinhos. Pois, por tudo o que escrevi acima, não é a mesma coisa, a situação não se põe.
.
Já alguém reparou que os extremismos religiosos da actualidade vêm só os Islão? O problema do Islão não é a fé. Não será a doutrina religiosa. Mas a intolerância dos homens, dos que chefiam a fé e dos que a seguem. Homens que mandam, põem e dispõem, e que se concentram em grande número em alguns locais do planeta, professando uma mesma religião. Gostaria de ver os islâmicos moderados a insurgirem-se publicamente, e de forma notória, contra dirigentes políticos e religiosos do Islão. Nos seus países e no Ocidente. Seria uma postura de decência e de distanciamento.
.
.
.
Nota: O autor do blogue apoia as declarações do cardeal patriarca de Lisboa e do primeiro-ministro australiano. O autor do blogue confessa que não é australiano. O autor do blogue confessa que não é católico e reconhece que existem muitos muçulmanos tolerantes e que não se conhecem fenómenos extremos destas comunidades em Portugal, apesar de casos episódicos de mulheres trajando burcas.



Resposta da Manel a esta posta: ler aqui.

4 comentários:

Raquel Alão disse...

"Há uns tempos, o primeiro-ministro da Austrália arengou aos muçulmanos do país. Que eram todos benvidos, mas que teriam de aceitar a a cultura democrática, a diversidade religiosa e a igualdade de direitos entre homens e mulheres."

Isto para mim, resume tudo. É que se eu for visitar um país de cultura distinta da minha, espera-se, no mínimo, que respeite a cultura do local onde me desloco. E isso é válido para o tudo o resto. Tenho de concordar com o teu post. E, não sendo austriliana, confesso-me católica. Embora mantenha as minhas discordâncias com parte da ortodoxia da mesma, tenho de assentir no meu apoio ao Patriarca. No pior dos casos, foi um comentário infeliz, mas não nos enganemos quanto à veracidade do conteúdo do mesmo. E não, não é exactamente o mesmo para os meninos, porque para o Islão a relação de equivalência entre os sexos não existe, sendo que a mulher é sempre, na sua diferença, inferior ao homem, pelo que deverá sempre submeter-se a este.

Tolerância é uma coisa, politicamento correcto é outra. E, pessoalmente, começo a ficar um bocado cansada do ranço do politicamente correcto da esquerda caviar...

Raquel Alão disse...

*é válido para tudo o resto
*australiana

Manel disse...

Olhem, escrevi um comentário bué da grande, resolvi fazer antes um post. Ide lá ver, ide. Beijinhos. ;)

moonlover disse...

Fantástico, como sempre, João!
raros são os blogues em que consiga ler um texto deste tamanho ;^)

assino por baixo, existe um movimento muito estranho de medo em relação aos muçulmanos!!!

o último em que eu fiquei incrédula foi em Londres em Dezembro, explicaram-me que as iluminações de natal não poderiam ter qq referencia religiosa para não ferir a sensibilidade dos muçulmanos!!!

O pessoal dos hospitais não estão autorizados a usar qq símbolo religioso! pelo mesmo motivo...

sorry!? do you mind say that again!?