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digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
terça-feira, setembro 26, 2006
Noite
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segunda-feira, setembro 25, 2006
Um beijo do cimo do Chrysler Building
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Na escala gigante a art déco até se consome, porque se dilui. Afogar-me-ia nela se me deixasses tê-la. Dá-me um dos teus abraços e não me mando para baixo como um avião de papel.
Não sou gato de telhados tão altos, mas ali poderia tocar na Lua e encostar a cabeça no teu ombro. Lá tão em cima, as lágrimas sobem, em vez de cairem... tenho a certeza. Lá em cima não há tristeza. Lá em cima estaria mais perto de ti. Sei que te veria a acenando-me do outro lado do Atlântico.
Por mim haveria uma carreira de beijos entre o edifício da Chrysler e a Torre de Belém. Entre a minha alma e o teu coração. Do ar para a água. Da realidade para a fantasia. Por mim dormia a sesta todos os dias num quarto com janelas triangulares, depois de te ver acenar do outro lado do Atlântico.
domingo, setembro 24, 2006
Américas
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Estou cansado! Voar é belo e fatigante. Os meus olhos estão saturados! Nunca tinha estado no Rio de Janeiro... não conheci os cariocas, por mais que gritasse do alto, ninguém ouve a voz nem entende o sotaque dum português voador. Perdi-me, mas não de amores. Não encontrei o Corcovado! Roubam tudo no Rio de Janeiro!... Encantei-me com as águas e o litoral. Perdi-me nas ruas e espequei sobre uma espécie de ovo, que afinal é um campo de futebol. Tenho de lá voltar, mas com mais tempo... a ver se aterro e percorro as ruas e conheço as gentes. O Brasil é terra simpática.
Em Nova Iorque encontra-se tudo! Até a Estátua da Liberdade!... Ela não foge nem deixa que a roubem... onde está também não é o Bronx... Não me fiquei na desolação da ilha mínima e fui ao centro, mas as vertígens mandaram-me de volta. Não é cidade que se mire de cima!... Mais vale ser pequenino em baixo!
sábado, setembro 23, 2006
As minhas cidades
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Não aguentei mais a espera e levantei-me. Despedi-me de todos aqueles a quem devo afectos e abalei sem as malas, porque o meu peso já basta como carga. Esbracejei para voar e encantei-me, como se fosse a primeira vez, com o Terreiro do Paço... e como doem os olhos por o ver há tantos anos feito estaleiro de obras!... Não há luz como a de Lisboa! Não há! E junto ao Tejo, rio quase mar, a praça é tão feliz!
Ainde consigo orientar-me em Paris... cirandar junto à Torre Eiffel, subir os Campos Elíseos e indecidir-me na Étoile... Não há lazeres como os parisienses!... Nem discussões! Que belo trânsito! Que massa compacta de veículos em velocidade e manobras arriscadas! Que quase susto agradável!
Colónia é uma casa... e há quanto tempo não entrava. Estou sempre bem. O Reno, a ponte, a catedral a cerveja kolsch da Frü, o perfume 4711 e a gare ferroviária. Estou sempre bem.
A calma de Viena é o encanto da perdição. Perdi-me. Não me perdera nos passos, mas visitando do ar... Contudo, provei os bolos dos cafés, fabricados com o melhor chocolate. Não há gordura mais emproada e faustosa do que a vienense! Há primor! Há aprumo! Repeti os bolos de chocolate... entrei em todos os cafés.
Edimburgo é uma rua. Entre o castelo e o palácio. É uma rua torta que não se chama rua e que vai dum passado a outro e atravessa o presente e traz fantasmas. Edimburgo é um rio ausente e uma brisa marinha. É o mar ao lado sem que se veja. Edimburgo é um agasalho. Edimburgo... Edimburgo não mostro, porque é lá onde guardo o coração e poderia - ia de certeza - mostrar onde o guardo.
O salto
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Saltei uma vez. É um horror. Tudo treme. Até à concentração. Até ao silêncio. Até ao passo. Até ao salto. Vem tudo à mente. O passado todo e toda a gente.
Saltei uma vez. Fui-me de dor por duas criaturas canalhas. No entanto, não vomitei todo o veneno que me deram traiçoeiramente. Saltei da realidade abaixo crendo num mundo onde estivessem os dois amigos à minha espera, acordei na terra onde duas sinistras velhacas congeminavam mentiras, urdiam sinistras maquinações e doentias palavras. Saltei deles para fora. Mandaram-me deles abaixo. Ainda vomito o veneno que me deram dissimuladamente a beber.
Ainda dou o salto e já vou cansado de saltar e prometer novas quedas para vidas novas. Saltei uma vez. Na verdade saltei duas. Se quiser contar a verdade, foram três. Ainda dou o salto e já vou cansado de saltar e prometer novas quedas para vidas novas. Só não se morre. Não se morre, porque a morte não existe.
sexta-feira, setembro 22, 2006
A carta
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Saio de casa para jogar cartas. Vou para o poker e nada me detém a personagem cordial, mas implacável, docemente fria, que encarno quando estou à mesa. Não aposto muito. Nunca aposto muito e vou sempre a jogo. Em casa não gosto de jogar poker, parece mal... tenho tantas intimidades, que todo o meu bluff, táctica e estratégia se revelariam aos olhos dos jogadores atentos e competentes. Não jogo poker em casa. Por estas razões, nunca perdi dinheiro.
Dentro do meu espaço, e em qualquer lugar, prefiro a canasta. Tem perfume este jogo argentino! Cheira-me a gin, cheira-me a chá, cheira-me a sexo, cheira-me a ternura... este é o meu jogo. Entro em confidências sem importância e conheço por dentro quem jogo. Tenho sorte com as fulminantes e maravilho-me sempre.
Paciência! Viveria a fazer paciências se não me desse a ninguém. O meu coração, largado e escondido numa caixa em Edimburgo, faz paciências para passar o tempo. O meu corpo de tédios faz intermináveis serões de paciências, e segue as regras, faz batota, inventa passa-tempos e falcatruas. Aborreço-me sempre. Não tenho muita paciência.
Já vivi numa casa de cartas e correspondi-me diariamente com uma menina que tanto poderia ser Alice como ter outro nome qualquer. Vivi demasiado tempo numa casa de cartas. Fugi! Foi há muito tempo e, contudo, ainda sonho em fugir daquele espaço, ainda me desejo lá dentro. Se pudesse voltava, nem que fosse para voltar a fugir. Ainda me lembro dos pesadelos com cartas e de Alice, que poderia ter outro nome qualquer. Quando fugi levei as cartas que ela me escreveu. Não fugi sozinho.
Jogo paciências com as cartas que me escreveram, e por vezes comovo-me. Abro as portas da casa onde vivo e deparo-me com cartas de jogar, mesmo não vivendo numa casa de cartas. A minha vida é um jogo e aposto. Aposto no limite, no risco. Juro que não sei o que estou a fazer.
quinta-feira, setembro 21, 2006
Indo
quarta-feira, setembro 20, 2006
Mercado das pulgas
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Nos murmúrios das madrugadas, entre cafés e galões da manhã e imperiais pela tarde regateio e baixo os preços das minhas inutilidades que podem servir a alguém ou compadecer generosidades. Se não as vender voltarei noutro dia com o preço inicial posto a fingir.
As minhas quarta-feiras são tristes e de vazio, são um rosário de relembrar e uma espera para nova esperança. Este meio caminho é um sítio nenhum onde não gosto de estar. Sinto a ausência do ruído do mercado e a falta do trato. Deito-me à espera e espero apenas que passe. Ainda assim, não desgosto das quarta-feiras. Não faço nada nelas.
segunda-feira, setembro 18, 2006
Confusão no divã
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Do castelo para baixo
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Fecho-me na parte de fora do dentro e ainda que chova e me molhe não deixo de estar dentro e só. Corro pelas muralhas e deixo-me cair nos tropeços e espreito pelas ameias para a paisagem vazia ou indiferente. Abro-me para o espaço do dentro onde nada é diferente do quero.
Fecho-me na parte de fora do dentro e encosto-me à pedra tão fria quanto à que está do lado de fora. Encosto-me e deixo-me cair para sentir a rugosidade da morte, as lágrimas e a solidão da morte. Grito onde ninguém me pode acudir, porque estou no lado de dentro do eu. Estou onde quero e onde não sei sair.
sexta-feira, setembro 15, 2006
Lava o amor
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quinta-feira, setembro 14, 2006
Menti-te
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Ainda te vi presa ao que eras e onde querias estar e disse-te ser o amor da tua vida. Não sei se acreditaste ou se fingiste, mas saiste do marasmo inútil em que sonambulavas.
Menti-te! Não és, não foste e nunca serás o amor da minha vida. Houve outra. Haverá outra. Haverá sempre outra. E muitas mais mulheres para descolar da parede e arrancar beijos com sabor a fumo ou a coração.
quarta-feira, setembro 13, 2006
A minha mulher
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terça-feira, setembro 12, 2006
Vivó Douro!
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Ainda ontem estava de apetites simples e feliz por existir. Sentei-me à mesa e pedi arroz de cabidela, sem ironia com o folhetim com os batoteiros de Barcelos. Que bem me calhou a galinha com um despretencioso Quinta de la Rosa de 2003. Penso que não há forma melhor de se celebrar o Douro do que beber os seus vinhos.
Como bom português, o meu sangue é um rio com afluentes nascidos em muitas nascentes. Não venho dum só lugar. Pelo menos gosto de pensar assim. Se viesse viria de Lisboa, donde tenho um costado com várias gerações; sou dos poucos. Mas também do Alentejo. Lá de cima, atrás das montanhas das Beiras, não consta que tenha sangue recente. Porém, é do Douro o vinho que mais prazer me dá beber. O vinho também é sangue e as gentes durienses recebem-me tão simpaticamente como se fosse família.
A demarcação do Douro aconteceu porque andavam a assucatar os vinhos e as exportações ressentiam-se. O marquês de Pombal estabeleceu regras para produtores e comerciantes, em nome da qualidade e do comércio. A lei previa que os mixordeiros pudessem ser punidos até com a pena de morte. Coisa séria! Felizmente hoje já não se faz vinho a martelo, mas há ainda aldrabões no vinho, e até no Douro... há gente a fazer vinho que era preferível produzir batatas.
O Vinho do Porto do tempo da primeira demarcação era semelhante ao actual Vinho do Douro e só mais tarde a diferenciação veio a acontecer e a acentuar-se. Hoje, a região divide-se em Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior... está vasta e generosa, linda com os seus sucalcos, vales de reentrâncias, sombreados e inclinações, com a natureza bravia a querer furar a paisagem humanizada. O Douro é uma festa para todos os cinco sentidos.
Penso que uma lista dos melhores vinhos do Douro, tanto de tintos como de brancos, fortificados ou de pasto, dá um poema, seja qual fôr a forma da sua ordenança. Ainda que em escala e tamanhos diferentes, tenho no paladar e na cabeça prazeres feitos de Vale Meão, Maritávora, Poeira, Pintas, Redoma, Charme, Barca Velha, Chryseia, Vallado, Grantom, Gouvyas... Achou que poemei!...
Nota: Já sei que devia ter divulgado este texto a 10 de Setembro, data exacta do decreto do marquês de Pombal. Contudo, nesse dia não me apeteceu celebrar a efeméride nem abrir uma garrafa.
segunda-feira, setembro 11, 2006
Uma visão do fim do mundo
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Não quero saber quem cometeu este conjunto de atentados nem ouvir os motivos que os suportam. Nem vou ligar ao que podem representar como símbolo os alvos, nem que balear os EUA no peito é uma ameaça à democracia, porque não é. Quero lá saber das ondas de choque nas economias. Quando estas linhas foram escritas ainda o pano não tinha caído sobre a tragédia, mas a dada altura não é a quantidade de alvos o que mais importa. Um atentado é sempre condenável, sobretudo contra alvos civis, porque é um acto de cobardia e vilania. Aquilo foi alarvidade. Choca a bestialidade, espanta a «facilidade» do absurdo. Como é possível haver num dia barbaridade tão concentrada? Talvez seja só comparável aos anos do nazismo.
Os EUA são a maior potência e por não terem adversário clássico, só parecem ser vulneráveis por golpes baixos. A espionagem e a defesa não foram capazes de saber ou de travar estes episódios. Agora, os EUA não devem apenas lançar um plano de eliminação de criminosos e de aplicação de justiça, mas parar para pensar.
Quem vai à guerra dá e leva. Os EUA podem não estar em guerra, mas os seus interesses chocam com outras vontades. A Terra não é apenas um planeta de recursos e coberto de países, que são amigos ou inimigos conforme os interesses. As políticas externas traduzem sempre conveniências. Não sei quem são as bestas que planearam e realizaram os atentados, embora possa desconfiar. A política externa dos EUA nunca se pautou por valores morais e George W. Bush tem mostrado ser desatento e até desastrado.
Bush ficará na História não pelas suas argoladas, não por ser desastrado na política externa, mas como o senhor que estava na Casa Branca quando os bárbaros atacaram a América. Dizer que o presidente norte-americano semeou o pesadelo que ontem colheu é um abuso. Mas a sua política acicatou canalhas em vez de acalmar. Não gosto de Bush, mas espero que seja recordado como o homem que soube pensar e tirar conclusões sobre o que deve ser uma superpotência no mundo.
Nota: Esta crónica foi escrita, a quente, a 11 de Setembro de 2001, quando tudo era incerteza, e publicada a 12 no jornal «A Capital». Esta sua republicação pretende evocar aquele dia em que o mundo mudou e também as suas vítimas, em Nova Iorque, Washington e por todo o mundo, nas réplicas bélicas e terroristas do atentado. Infelizmente, George W. Bush não desfez a imagem que tinha dele.
sexta-feira, setembro 08, 2006
Audiências televisivas
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Desligo-me em frente ao aparelho todos os dias e sei que sou deixando de ser. Fico-me, existindo só respirando. As notícias do mundo são quase frias quando chegam pelo ecrã. As notícias do mundo são quentes quando se lêem no jornal. Fico cheio nos documentários que trazem conhecimento e irrito-me com a falta de cultura dos jornalistas portugueses.
Não vivo sem televisão e gosto de adormecer com o peso das imagens nos olhos. Nos dias das dificuldades, houve alegria nos programas tristes. Não se vive sem televisão!
quinta-feira, setembro 07, 2006
Desabafo de éter
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O pior da telefonia é a dicção amadora da Oxigénio (102,6 - Lisboa) e os erros de fonética da TSF (89,5 - Lisboa) e da Antena 1 (95,7 - Lisboa)... e as muitas asneiras de português em todas elas e mais os jeitinhos irritantes de voz..
Pior ainda ... porque há pior do que tudo isto ... é o desequilíbrio. O meu pesadelo é não haver uma rádio perfeita. Os meus arrepios maiores fazem-se com os noticiários da Oxigénio e os espaços musicais da TSF. A O2 dá notícias de desinteresse, mal construídas, mal montadas em noticiários mal estruturados, a outra agride os ouvidos com canções passadas e estafadas, de mau gosto, porque ninguém naquela casa percebe ou gosta de música nem compra um disco há vinte anos. Ai, se juntassem as partes...
Nota: Estou-me nas tintas se esta minha generalização é injusta em algum momento da programação das duas rádios que mais oiço.
quarta-feira, setembro 06, 2006
Pirosada das 15 horas
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Degolado
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A minha cabeça pensaria mesmo desligada do corpo, não precisaria dele. Seria um egocêntrico concentrado. Seria a minha cabeça e proclamaria poder viver sem corpo. Poderia existir mesmo sem sangue e até sem cabeça.
Quando me tirassem a cabeça iria espirrar sangue de forma embirrenta e atingir na boca todos os que se julgassem satisfeitos. E também sobre os outros. Seria um traste!
Gostava de me chamar Amor e ser falso e dúbio como um Luís que conheço. Gostava de mentir e ser intrigar como uma Susana que cá sei. Se me cortassem a cabeça haveria de jorrar verde da peçonha e do pus. No cadafalso mijaria de desdém sobre a assistência... se me chamasse enganadoramente Amor e vivesse entre paredes de espelhos que me confundissem os dias e os passos.
Às vezes desejo-me bombista e sinto o humor mórbido nascer em mim... tenho vontades de me igualar à canalha. É quando estou nessa sarjeta que penso em degolarem-me...
terça-feira, setembro 05, 2006
Luz na cabeça
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Gatos aos pulos, muitas garrafas de tinto e algumas de branco, pneus de carro de Fórmula Um, galhardetes do Belenenses, pontapés nas costas, vómitos em sessões solenes em cima de alguns notáveis que não gosto, muitos beijinhos de muitas formas, feitios e dedicatórias, gordura a perder, petiscos a adicionar, viagens por fazer, percursos realizados, memórias felizes (as infelizes dissolvem-se na luz), embirrações contra os mal-educados, abraços e abracinhos, colecções variadas, brasões por inventar, dragões e bestas feras, fogo frio, o coração largado numa caixa em Edimburgo, diferentes cores de olhos, fato do Diabo, trajo de cardeal, uma confusão de músicas, as minhas namoradas todas e todas as palavras doces que não lhes disse a tempo.
Julgo que seria tudo.
Fava-rica
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Protesto-te contra a guerra e uso-te com ironia profunda, com pessimismo mordaz, com recusa de lógica certa... as coisas mundanas talvez não façam sentido. As vidas dos outros não me cabem nem te servem.
Abri-te ao calhar na página começada por «dada» e desde então és o meu cavalo de brincar. És Pegaso e levas-me a voar sobre o sonho e acima da vida. Todos os dias a ternura pode mais do que a rotina. Encontro poesia nos teus defeitos e nas palavras espalhadas pelo teu corpo. Se um dia me deres um filho que seja um conceito.
segunda-feira, setembro 04, 2006
Coimbra
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Passeio junto ao Mondego e bebo vinho do Buçaco no Hotel Astória. Estou à varanda em contemplação do entardecer. Estou na margem em admiração das vidraças da estação e do «palace».
Cruzo a ponte e vou a Santa Clara a Velha. Regresso: cruzo a ponte e vou a Santa Cruz. Quero estar em toda a parte... Na Sereia e no Botânico, debruçado no Choupal e repousado com vista para a Cabra.
Há quanto tempo não te vejo!... Há muito mais que não te sinto... Gostava muito de voltar a fazer amor em ti.
domingo, setembro 03, 2006
Lisboa
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sexta-feira, setembro 01, 2006
Cabidela
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A cabidela fica bem depois duma partida de cartas ou dum jogo de batota. Não há volta a dar, a cabidela pode ser exportada e até já há gente que vá ao estrangeiro explicar a cabidela e se reúna com o Governo para trocar receitas.
Em Portugal a cabidela come-se de Norte a Sul e, cá para mim, acompanha bem com Mateus Rosé... embora haja quem diga que é retinto.
Nota: O autor não confirma nem desmente que este texto evoque o «Caso Mateus» e as batotas do Gil Vicente F.C. contra o C.F. «Os Belenenses».
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