digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Mercado das pulgas

Hoje é quarta-feira e não há feira da ladra. Hoje não vendo emoções em segunda mão nem as minhas bandidices ronfeiras. Amanhã já é quinta e faltará um passo para sábado. Se acordar cedo irei dispor pela calçada as intimidades que não me servem e outras que finjo terem menos precisão.
Nos murmúrios das madrugadas, entre cafés e galões da manhã e imperiais pela tarde regateio e baixo os preços das minhas inutilidades que podem servir a alguém ou compadecer generosidades. Se não as vender voltarei noutro dia com o preço inicial posto a fingir.
As minhas quarta-feiras são tristes e de vazio, são um rosário de relembrar e uma espera para nova esperança. Este meio caminho é um sítio nenhum onde não gosto de estar. Sinto a ausência do ruído do mercado e a falta do trato. Deito-me à espera e espero apenas que passe. Ainda assim, não desgosto das quarta-feiras. Não faço nada nelas.

1 comentário:

perdida em Faro disse...

Lindo e eu a ouvir Sérgio Godinho..muito bom.