Não pago multas de estacionamento!
digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
sábado, outubro 31, 2009
Culpa
Não sabes de quem é a culpa? Tua não será. Põe-na em mim e fica com os méritos. Fizemos amor, porque quiseste, mas os arranhões nas minhas costas, durante o teu orgasmo, foram por culpa minha. Se o dia te correu mal, culpa-me por ter esquecido de comprar arroz. Mesmo que não tenhas tido sempre razão, nunca reconheças uma falta nem peças desculpa. Põe as culpas em mim, pois afinal tenho tendência para me imolar. Dá-me, pelo menos uma vez, razão. A razão de me vitimizar.
.
.
.
Nota: Este vídeo, sem a imagem inicial, já tinha sido postado. Mas aqui justifica-se novamente.
sexta-feira, outubro 30, 2009
quinta-feira, outubro 29, 2009
quarta-feira, outubro 28, 2009
Assalto
Como estás bela, de olhos fechados, em tranquilidade. Se te beijasse, agora, abririas os olhos e o espanto do sobressalto levaria o modo calmo do teu rosto. Mas o que hei-de fazer? Nada melhor do que um assalto à boca, do que um beijo roubado.
terça-feira, outubro 27, 2009
domingo, outubro 25, 2009
Everidei ise laique sandei
Todos os meus dias são domingos. É sempre folga e o corpo não tem dinheiro para disposição de actividade. É que a cabeça faz todos os dias cinzentos.
Pexum
O meu organismo não permite imitações. Se é peixe, logo e pexum... as vísceras são sábias e dizem prontamente que aquela carne branca, suave e macia não é comestível. Soube ontem que o bacalhau, que da outra vez me serviram, não era, afinal, bacalhau. Era uma coisa qualquer que o imitava, quer no nome quer na cura. É que bacalhau não é peixe e peixe só atum de conserva e desde que não seja sangacho. Pois não era bacalhau e das vísceras nasceram vómitos e a incapacidade de engolir, antes da má disposição. O organismo não mente e o bacalhau de salmoura também não.
Uma promessa
Segunda-feira de não pronunciação. Fez o terceiro dia, o da promessa. Do outro lado há uma voz que garante, para outro dia. De terça-feira a domingo nada que conte, dias por dizer, e a crença no cumprimento da dívida. Nova segunda-feira, nova esperança de que o dia não seja impronunciável. Que a semana não seja outra indizível.
.
.
.
Nota: Não se é perceptível, mas o texto não tem nada a ver com Rachmaninov.
Curiosidade
Não sei por que me espiam. Devem gostar de maus romances enfadonhos. Aliás, nem é romance! Nem narrativa! É um amontoado de palavras, organizadas em frases de pouco sentido e sem interligação dumas com as outras. Curiosidade? Só se for pelo vazio de interesse, mas bastam poucos minutos para se perceber tudo… ou o que não há para perceber.
sábado, outubro 24, 2009
Jantar de vinte e três de Outubro
.
domingo, outubro 18, 2009
sábado, outubro 17, 2009
sexta-feira, outubro 16, 2009
Sair de casa
- Já saíste de casa?
- Ainda não… mas, queres combinar alguma coisa?
- Quando te pergunto se saíste de casa refiro-me a teres uma vida fora da casa dos teus pais: arrendares ou comprares uma casa.
- Na verdade, não consigo sair. Volto para lá todas as noites.
- Já tens idade…
- O que queres, todas as noites volto para lá. Para o meu quarto, para toda a casa, para os conflitos e os dramas.
- Tens de fazer alguma coisa?
- Matar o pai?
quinta-feira, outubro 15, 2009
quarta-feira, outubro 14, 2009
terça-feira, outubro 13, 2009
segunda-feira, outubro 12, 2009
sexta-feira, outubro 09, 2009
quinta-feira, outubro 08, 2009
quarta-feira, outubro 07, 2009
terça-feira, outubro 06, 2009
Tédio
Só há uma coisa pior que este tédio, a lembrança das namoradas antigas. É ela que me fere, porque sinto todos os disparates que fiz me fizeram perde-las. É uma dor, como um buraco, na alma. Um buraco com vista para o íntimo e opaco aos olhos. Quendera voltar onde já não posso para desfazer. Quem sabe se não faria algo pior. Sem memória não saberia, com memória teria mais do que uma vida numa só. Quendera acordar noutro dia qualquer… e só de pensar… estou a vinte e quatro horas de daqui a um dia. Nem isso me traz alento nem evapora os suspiros secos, abatidos e por parir, por imparíveis. Tenho este tédio como tenho pernas, braços, tronco e cabeça. E se tronco e membros não pensam, não deixam de sentir dores. A dores das saudades das que se foram. A cabeça, o coração e a alma em estado de ruína, sem parar, cristalizam na dor. Este maldito tédio que se pega ao corpo como o suor ao corpo nos dias abafados. Maldito tédio.
Tempo
Às voltas na cama, tento voltar o tempo. Intuo as voltas dos ponteiros, peço a Deus que andem depressa e esqueço-me que o relógio é digital. Oiço, lá fora, os sons a passar, prova inequívoca de tempo. Vivo um sobressalto, de que não passe e de que passe demasiado depressa. Tudo foi ontem: a infância, a escola, a avó, o liceu, a namorada, a outra namorada, as outras namoradas, a faculdade, o trabalho, a promessa, a namorada, uma outra promessa, a casa, a outra casa, a dor grande, a esperança, a dor maior, o desalento, a dor de novo, o desalento e a perdição, a dor da traição, as gatas e o dia de ontem. A vida toda num tempo e a certeza que ainda há mais dias para vir, e a certeza que ainda há dores grandes à espera. Sem saber o que fazer com o tempo, sabendo que o que vai não volta e que um dia lamentarei este que já lamento.