digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, outubro 06, 2009

Tédio





















Só há uma coisa pior que este tédio, a lembrança das namoradas antigas. É ela que me fere, porque sinto todos os disparates que fiz me fizeram perde-las. É uma dor, como um buraco, na alma. Um buraco com vista para o íntimo e opaco aos olhos. Quendera voltar onde já não posso para desfazer. Quem sabe se não faria algo pior. Sem memória não saberia, com memória teria mais do que uma vida numa só. Quendera acordar noutro dia qualquer… e só de pensar… estou a vinte e quatro horas de daqui a um dia. Nem isso me traz alento nem evapora os suspiros secos, abatidos e por parir, por imparíveis. Tenho este tédio como tenho pernas, braços, tronco e cabeça. E se tronco e membros não pensam, não deixam de sentir dores. A dores das saudades das que se foram. A cabeça, o coração e a alma em estado de ruína, sem parar, cristalizam na dor. Este maldito tédio que se pega ao corpo como o suor ao corpo nos dias abafados. Maldito tédio.

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