digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
sexta-feira, agosto 31, 2007
Finalmente
Há momentos para fechar os olhos... em que a realidade deixa de ser para se tornar noutra coisa qualquer. Nada deve correr mal e há um mar de felicidade para viver: o céu também vai estar azul. Estou de férias não tarda nada.
terça-feira, agosto 28, 2007
Comoção
segunda-feira, agosto 27, 2007
sexta-feira, agosto 24, 2007
Dias longos
A cor do céu é negra. A cor do vinho é negra. Brancos são os meus dias, entre o tédio e a velocidade.
O Verão cheira finalmente. O vento não partiu e traz o Verão enlaçado. O Verão é azul. Azul como as esperas e os desejos.
Deseja-se o ar e as nuvens. Desejam-se os coentros ou o hortelã temperando sumo de limão. Os limões são de Inverno, por isso são desejo de Verão. Os limões são amarelos como brancos os dias.
A cor do céu é negra e a roupa estendida exala o odor limpo. A cor do céu é negra e rubras são as noites em que se bebe à vida.
Os dias de Verão são longos. Os dias de Verão estão deitados numa espreguiçadeira, molhados e indolentes. Não há mal que venha. Não há medo no Verão. Contudo, a cor das noites é negra. Azul é o Verão.
O Verão cheira finalmente. O vento não partiu e traz o Verão enlaçado. O Verão é azul. Azul como as esperas e os desejos.
Deseja-se o ar e as nuvens. Desejam-se os coentros ou o hortelã temperando sumo de limão. Os limões são de Inverno, por isso são desejo de Verão. Os limões são amarelos como brancos os dias.
A cor do céu é negra e a roupa estendida exala o odor limpo. A cor do céu é negra e rubras são as noites em que se bebe à vida.
Os dias de Verão são longos. Os dias de Verão estão deitados numa espreguiçadeira, molhados e indolentes. Não há mal que venha. Não há medo no Verão. Contudo, a cor das noites é negra. Azul é o Verão.
quinta-feira, agosto 23, 2007
Os três estados - uma questão de m****
terça-feira, agosto 21, 2007
Amor por conhecer
Esta noite sonhei-te. Estavas com os cabelos loiros como sempre e o ar de menina mimada com ar triste, pequena e magra. Esta noite fartei-me de sonhar e, porém, nunca contigo o tinha feito.
Os anos que passaram deram-me agora uma fome de inexplicável ternura. Ainda o ar de menina e os olhos lentos e, às vezes, assustados. Não tens medo de mim. Contudo, se pudesse comia-te.
Os anos que passaram deram-me agora uma fome de inexplicável ternura. Ainda o ar de menina e os olhos lentos e, às vezes, assustados. Não tens medo de mim. Contudo, se pudesse comia-te.
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O factor C
quinta-feira, agosto 16, 2007
Do infinito
Se houvesse um movimento perpétuo os caminhos não precisariam de acabar. A mecânica perfeita é a de Deus, só o seu caminho não tem começo nem fim.
A vida é
A vida é uma sucessão de dias. A vida é uma sucessão de vidas. Umas vezes está-se on e noutras off. Quando se está uma coisa ou outra? Somos espírito, mas na carne não temos memória. Quando é que a vida está on? Quando assim acontece.
A luz e a zanga
- Que a luz te não falte - disse o anjo.
- Assim o queira o Senhor Deus - respondi.
- Que a luz não te falte, assim o queiras tu - disse o anjo.
- Por vezes, a vida é negra - teimei.
- Os dias de luz és tu que fazes e os de sombra também - disse o anjo.
- Mas não há sombra sem luz - continuei.
- Não é isso que quer Deus - argumentou o anjo.
- Zanguei-me com Deus. Deus não me dá nada que eu peça - barafustei.
- Os teus dias és tu que os fazes e neles fazes o que quiseres - disse o anjo.
- Estou farto dos meus dias e Deus não mos alivia - quase gritei.
- Tu também não alivias os dias de Deus. Limitas-te a existir e a pensar só em ti. Que fazes tu pelo bom Deus? - perguntou o anjo.
- Se ele não me dá nada a mim, por que haveria eu de lhe dar alguma coisa? - interroguei retoricamente.
- Ele deu-te a vida - disse o anjo.
- Pois eu não a quero para nada - disse encolhendo os ombros.
- És eterno e imortal, sabias? - prosseguiu o anjo.
- Marimbo-me para a eternidade. Se não quero a minha vida para que quero a eternidade? - argumentei zangado.
- Pede isso a Deus - disse o anjo já saturado.
- Não peço nada a Deus, porque ele nada me dá. Fico com os meus dias para a eternidade - concluí.
- Muita luz para ti - desejou o anjo.
- Muita luz para ti e que o diabo te carregue - acordei ou adormeci, não sei bem.
O leite
O leite entornado exala o odor da nascente infância. Na mesa, as moscas rondam o banquete e com as patas sujam e provam. As moscas têm sempre razão quanto à comida. O ar fresco chega em forma de vento, mas não leva nem as recordações nem o cheiro da nascente infância.
Havia dias escuros. Havia pesadelos dificilmente explicáveis. Havia mil receios e a carência do abraço da mãe. Havia um quarto escuro e solidão, nas noites intermináveis e rompidas pela precoce insónia. Havia o cheiro do leite.
O dia das felicidades acontecia sempre no Natal. Depois havia os outros dias todos, menos lembráveis e igualmente felizes. Em todos eles a espera da plenitude maior e o mesmo cheiro do leite.
O leite é uma memória e a inquietação das horas. As moscas pousam no derrame branco e sujam-no com as patas. As moscas provam o leite pelas patas, têm sempre razão no que se refere a comida. Por mim, deixo estar, não me quero incomodar. Só me pertur
Havia dias escuros. Havia pesadelos dificilmente explicáveis. Havia mil receios e a carência do abraço da mãe. Havia um quarto escuro e solidão, nas noites intermináveis e rompidas pela precoce insónia. Havia o cheiro do leite.
O dia das felicidades acontecia sempre no Natal. Depois havia os outros dias todos, menos lembráveis e igualmente felizes. Em todos eles a espera da plenitude maior e o mesmo cheiro do leite.
O leite é uma memória e a inquietação das horas. As moscas pousam no derrame branco e sujam-no com as patas. As moscas provam o leite pelas patas, têm sempre razão no que se refere a comida. Por mim, deixo estar, não me quero incomodar. Só me pertur
segunda-feira, agosto 13, 2007
sexta-feira, agosto 10, 2007
quinta-feira, agosto 09, 2007
E se o tamanho importar?
quarta-feira, agosto 08, 2007
E se o tamanho importar?
Atrações
terça-feira, agosto 07, 2007
A jura
Morrerei se voltar a pronunciar o teu nome ou a ti dirigir palavras doces. Morrerei por voto e vontade. A tristeza é só uma e os contentamentos, de velhos, tomaram a cor verde dos teus olhos.
O passado está pousado numa cama por fazer. Lá ficaram marcados os corpos, esquecidos de todos os dias que se seguiram. Até suas sombras e suores estão fechadas no quarto nunca mais aberto, assim os beijos nas memórias.
As estradas têm os mesmos destinos e o Sol voltou ao lugar de antes, ao sítio do reencontro das duas vidas separadas há umas vidas. O Sol voltou ao lugar, mas não nós ou as esperanças.
Morrerei se voltar a dizer o teu nome ou a ti dirigir palavras doces. Não partirei cedo ou viverei eternamente, tal é o dissabor.
O passado está pousado numa cama por fazer. Lá ficaram marcados os corpos, esquecidos de todos os dias que se seguiram. Até suas sombras e suores estão fechadas no quarto nunca mais aberto, assim os beijos nas memórias.
As estradas têm os mesmos destinos e o Sol voltou ao lugar de antes, ao sítio do reencontro das duas vidas separadas há umas vidas. O Sol voltou ao lugar, mas não nós ou as esperanças.
Morrerei se voltar a dizer o teu nome ou a ti dirigir palavras doces. Não partirei cedo ou viverei eternamente, tal é o dissabor.
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Fim e agonia
segunda-feira, agosto 06, 2007
Babel
A minha língua é diferente da tua e os meus olhos talvez vejam diferentemente dos teus. Como será a cidade do futuro?
- Será alta para tocar os pássaros em voo.
- Caberemos todos nela.
- Terá de ser um espelho de virtudes, ou não será a cidade do futuro.
- Mas já o dizemos há muito tempo...
Pieter Brueghel - velho
Autor desconhecido
Autor desconhecido
Hendrick van Cleve
Stich von C. Decker
Doug Tiller
Gabriela Trynkler
Julee Holcombe
- Será alta para tocar os pássaros em voo.
- Caberemos todos nela.
- Terá de ser um espelho de virtudes, ou não será a cidade do futuro.
- Mas já o dizemos há muito tempo...
Pieter Brueghel - velho
Autor desconhecido
Autor desconhecido
Hendrick van Cleve
Stich von C. Decker
Doug Tiller
Gabriela Trynkler
Julee Holcombe
sexta-feira, agosto 03, 2007
Vidas
Há um cão negro que me morde por dentro, da alma ao coração e da carne às entranhas. O tempo antes do agora nenhum sentido tem e foram-se as ilusões.
Não é ciúme nem raiva, a dor que atormenta. O passado é a prisão da saudade e, por esta altura, há desorientação num labirinto negro e sem qualquer luz.
Que conversa pode existir entre um surdo e um mudo, ambos cegos? Não importa, é uma metáfora.
Depois, no futuro o ódio, a raiva escondida e a ingratidão pouco importam. Esfumam-se as manhãs, as tardes e as noites de felicidade esfusiante. Duas vidas calcinadas pelas cegueiras do orgulho e do rancor. Há um dia em que o muito para dizer torna-se no nada para falar. São pessoas, têm vidas.
Não é ciúme nem raiva, a dor que atormenta. O passado é a prisão da saudade e, por esta altura, há desorientação num labirinto negro e sem qualquer luz.
Que conversa pode existir entre um surdo e um mudo, ambos cegos? Não importa, é uma metáfora.
Depois, no futuro o ódio, a raiva escondida e a ingratidão pouco importam. Esfumam-se as manhãs, as tardes e as noites de felicidade esfusiante. Duas vidas calcinadas pelas cegueiras do orgulho e do rancor. Há um dia em que o muito para dizer torna-se no nada para falar. São pessoas, têm vidas.
quinta-feira, agosto 02, 2007
Saudades
Depois de todas as facadas e mistérios, quero-te noutra canção. Se já não há lugar para a loucura, ainda resta o sulco crónico da dor. Onde ficou esquecida a confiança e todos os beijos, há agora uma cidade abandonada. Já ninguém se quer lembrar de todas as alegrias nem repara no breu estrelado. Depois das facas e dos segredos ainda restam os sonhos que à noite unem o que a vida separou.
Bobby Darin
Ella Fitzgerald
Louis Armstrong
Robbie Williams
Bobby Darin
Ella Fitzgerald
Louis Armstrong
Robbie Williams
quarta-feira, agosto 01, 2007
Voar
Esta noite voltei a sonhar que voava. Era Outubro ou outro Outono qualquer. Uma roda gigante e uns espaços largos de gente alta que procurava alcançar-me como se fosse um balão a fugir.
Esta noite voltei a voar. Subindo os degraus invisíveis e deitando-me para a frente, sobre a mesa de voo, seguro de que não cairia. Atravessando a portada rectangular sobre um fogo ritual, correndo de ponta a ponta a ilha de mar azul.
Como se fosse o homem do fato escuro e chapéu de coco. Como se voasse na vertical. Como se fosse possível viver sem voar. Como se fosse possível estar não viver sem ser desprendido. Dono de toda a decisão e sempre ingénuo.
Esta noite voltei a sonhar que voava. Pouco importa se o fiz e por quanto tempo. Hoje acordei como se tivesse voado.
Esta noite voltei a voar. Subindo os degraus invisíveis e deitando-me para a frente, sobre a mesa de voo, seguro de que não cairia. Atravessando a portada rectangular sobre um fogo ritual, correndo de ponta a ponta a ilha de mar azul.
Como se fosse o homem do fato escuro e chapéu de coco. Como se voasse na vertical. Como se fosse possível viver sem voar. Como se fosse possível estar não viver sem ser desprendido. Dono de toda a decisão e sempre ingénuo.
Esta noite voltei a sonhar que voava. Pouco importa se o fiz e por quanto tempo. Hoje acordei como se tivesse voado.
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