Há um cão negro que me morde por dentro, da alma ao coração e da carne às entranhas. O tempo antes do agora nenhum sentido tem e foram-se as ilusões.
Não é ciúme nem raiva, a dor que atormenta. O passado é a prisão da saudade e, por esta altura, há desorientação num labirinto negro e sem qualquer luz.
Que conversa pode existir entre um surdo e um mudo, ambos cegos? Não importa, é uma metáfora.
Depois, no futuro o ódio, a raiva escondida e a ingratidão pouco importam. Esfumam-se as manhãs, as tardes e as noites de felicidade esfusiante. Duas vidas calcinadas pelas cegueiras do orgulho e do rancor. Há um dia em que o muito para dizer torna-se no nada para falar. São pessoas, têm vidas.
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