digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
sábado, abril 26, 2008
quarta-feira, abril 23, 2008
domingo, abril 20, 2008
quinta-feira, abril 17, 2008
quarta-feira, abril 16, 2008
terça-feira, abril 15, 2008
Sandeman
A vida é um mistério. Tão profundo e complexo quanto um Vinho do Porto pode ser. Quem me dera voltar àquela idade em que acreditava. O castelo como um labirinto e a busca. O mistério. Memória dos dias sem dor. Memória do tempo de sonhos. Mistérios que a vida levou. Está ainda a lembrança e a impressão feliz nos olhos.
segunda-feira, abril 14, 2008
Primeira luz
Por entre as árvores corre melancolia. A solidão do tempo é própria da época. Finura de luz e amplidão.
A cidade deserta. As ruas lavadas. A luz e o ar. A vida em essência.
Temperatura da terra. A cor das árvores. A rua. O som primordial. Finura de vida. Primeiríssima luz da primeira manhã.
Por causa
Que passe o tempo de tempo passar. Que passe pelas tardes de nostalgia sobre o chão de ladrilho. Que passe a tarde pela janela traseira da cave sombria.
Que o amor antigo não passe. Que passe sem remorsos. Que passe sem ciúmes. Que não saia por porta alguma.
Onde deixei os amores. Sítio incógnito. Sítio esquecido. Sítio guardado.
O meu amor tem dois troncos, um para cada amante. E pernas, para andar e sair, daqui. Um par para cada amante.
Duas vontades. Vontades opostas. O amor pode rodar, mas não sai. Quantas relações traz cada amor? Quantos amantes leva um amante para a cama?
Tantas vontades. Que o amor passe, mas não o momento. Um rebuçado de ficar.
sexta-feira, abril 11, 2008
Lux
Estive contigo em todas as noites de luz e nunca te vi. Agora que não vejo a luz também não te vejo. Contudo, só na escuridão te quis. Não te conheço. Não me sais da cabeça.
Diamantes
Bem sabia que havia uma razão. Bato os pés e finjo uma dança elegante. Grito de felicidade absolutamente triste. Finjo a tristeza com alegria fingida de tristeza. Não sabia, mas era por isso. E o que fazer agora? Nada, esperar ser, um dia, uma pedra e brilhar no olhar. Quem quiser que me leve, já que ninguém me quer. O que for, será.
Um qualquer luar. Um qualquer lugar. Um qualquer amor. Espro não esperar nada. Espero ninguém e espero que nunca me espere para que não a espere. Cabelo curto ou comprido, sempre uma eternidade. Sempre a eternidade.
O engano pleno. Redondo engano. Nem flores. Nem chocolates. Nem jantares. Nem nada que espere. Não espero nada. Nem espero que ela espere. Não espero por ninguém. Só se for pelo que falta. Se for, então era por isso.
quinta-feira, abril 10, 2008
Peixe
Pode
Pode ser um prédio na década em que nasci. Ainda não havia memória nem frio. Havia a mãe.
Pode ser o elevador que não usei para ir à casa da namorada de então. Era um prédio alto rodeado de prédios e de verdes.
Pode ser que nunca venha a saber.
Nota: à Fundação Calouste Gulbenkian, à década de 70 e à Rusa.
Dizer
À árvore
A memória dos meus ossos está depois da carne e do que me vai no sangue. Sou uma velhinha. Mãos translúcidas. Pelica. Curva.
Sento-me à distância, sou também uma projecção, corpo esticado e multiplicado. Estou aqui. A minha sombra está na Boca do Inferno. O meu corpo senta-se nas Azenhas do mar.
Uma árvore com sombras felizes. As pedras secas – almofadas. Frente a qualquer coisa. Atrás os olhos e à frente uma prejecção. À frente do cenário. À frente da realidade. Pode ser. Aqui ou noutro lado qualquer.
A memória é um filme e a vida um cinema. Tenho ainda os ossos todos. Sinto-os. Em novo não tinha memória, agora só a tenho. Nunca tinha sentido os ossos todos, só agora.
Encostado à árvore da infância e da morte, tenho a vida projectada diante da vista. Não estou aqui nem a minha vida por aqui fica. Estou noutro lugar.