digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
quarta-feira, dezembro 26, 2007
sexta-feira, dezembro 21, 2007
sexta-feira, dezembro 14, 2007
Ir indo
Cuco
terça-feira, dezembro 11, 2007
Brincar com a luz
Dentro de poucas horas estarei além. Além do mais, agora não saio. Fico. Quieto, quase imóvel. Fico.
Pouso as pálpebras. Apenas oiço. Para dentro. Para fora. Como se os olhos abertos deixassem entrar o ruído e as orelhas não pudessem escutar tão delicadamente.
Repouso as costas e deixo-me ir. Fico. Não vou. Irei. Deixo-me ir enquanto não vou. Irei quando retornar do deixar-me ir.Onde está o Sol. Onde está o menino? Sorrisos e palminhas. Deixo-me ir. Quem me dera voltar. Voltar para a barriga da mãe.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
Eco e Narciso
domingo, dezembro 09, 2007
As palavras do amigo
O mistério das frases claras. A força serena das palavras. Significados ocultos e um vórtice. O mergulho pelo escuro até ao passado. Memórias de andorinhas e outros bichos.
O amigo fuma cigarros e tem óculos. Por trás dos dedos e dos vidros há uma cabeça repleta de cifras e segredos. As folhas do caderno são receptáculo da arte toda e da arte possível do amigo. A arte possível do amigo é suficientemente grande para se ver da Lua.As frases claras e as palavras fortes têm labirintos e intranquilidades. Por isso gosto de ambas e também do amigo.
sábado, dezembro 08, 2007
Inteligência
Ambulância
Dualidade corpórea
C.A.N.A.L.H.A.
sexta-feira, dezembro 07, 2007
Vida 2b
- A vida é mecânica?
- A vida é a vida.
A minha cabeça mecânica e redonda tem pensamentos vivos. A minha cabeça ordena. Os pensamentos vivos dizem ao braço mecânico para levar a sopa viva à boca mecânica.
- A vida é fluída?
- Não sei.
Vida 2a
Divergências intuitivas
quarta-feira, dezembro 05, 2007
Foi na casa dos amigos
Foi lá em casa
O prato de honra foi de carne de vaca aos quadradinhos feita na frigideira com morcela desfeita e molho de vinho branco, mostarda e pimenta preta. Acompanhou batata assada no forno, salada de endívias com molho de mel e azeite e ratatui de tomate, alho-francês e cenouras.
A sobremesa foi iogurte de avelã com amoras, groselhas e framboesas. Sobre os vinhos não me apetece escrever sobre quem foram nem como estiveram. No final houve quem tivesse fumado um Romeo & Julieta.
Nota: Este texto é dedicado à Colher, Mafas, Nês e ao Turco.
Insensibilidade
terça-feira, dezembro 04, 2007
Antes do fim
Nota: obrigado aos meus poucos leitores.
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Estética
Nudez sem roupa
sexta-feira, novembro 30, 2007
Faz sol
É sexta-feira e eu aqui fechado. Lá fora pode ser Verão. E eu aqui fechado. As horas demoram-se. O dia está de sol. Cercado. Cercado por orelhas e olhares. Bisbilhotado. Uma enorme vontade. Vulcão. Uma gargalhada. Um desejo. O verbo ir. Lá fora está sol.
Antes assim
Não tivesse deixado o coração em Edimburgo talvez ingressa-se na caravana. Fico de pé à espera que passe para, então, subir a bordo. Vivo preso na liberdade. Antes isso do que livre numa prisão. Antes de pé em dor do que suplicante de joelhos. O que importa? Tenho o coração em Edimburgo.
Demasiado
Já aconteceu. Passou. A vida sem um ou sem o outro é insonsa. Noites de sono. Noites de insónia. Dor de cabeça. Dor de corpo. Muita água para depois. Que um não atrapalhe o outro.
Dancing with myself
Estou quase a conseguir. Daqui a nada já está. No final destas palavras. Dançarei sozinho. Dançarei e só saberei porquê. A vantagem dos trinta. Trinta e tal passos. Não está cá para dançar comigo. Mesmo sem ela danço. Estou quase a conseguir. Já danço. Consegui.
Passos perdidos
Se não tivesse já ido, dizia para ficares. Se tivesse ficado, dizia para ires. Na verdade, se estivesses, dizia para ficares. Entra-me pela vida ou sai-me da cabeça.
Fé
O teu Deus é melhor que o meu. Tens tudo e eu quase nada. Temos o mesmo Deus. Um só criador. A fé dum é maior que a do outro. Fé íntima. Um dia dormiremos. Um aprenderá a ter mais fé e o outro mais ainda. No novo acordar talvez tenhas menos e eu mais. Haveremos de ir e voltar, mas só no sono saberemos. Memória transitória e instrumental. Deus só justiça e bondade. Deus inteligente e amoroso. Fé íntima.
Natalidade
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quinta-feira, novembro 29, 2007
Quatro elementos
Terra
terça-feira, novembro 27, 2007
quarta-feira, novembro 21, 2007
O jardim
Desalinhados são os passos pensativos. De vez em quando, os olhos atiram-se para o chão e vão seguindo o caminho de areia escassa e raras pedrinhas.
Não se deve olhar o chão. Ver onde se põem os pés. O velho, o rapaz e o burro. Pensa-se melhor com os olhos confortáveis, estejam fixos, fechados ou em voo, rasante ou celestial. Quando se pensa quase nem se repara no horizonte da vista.
Sobre as sebes, sob as árvores, sobre tudo, as aves fazem tangentes e secantes, mas nunca intersecções. Parece que o odor tem ruído e o som tem aroma. Distraídas passam as mãos pela sebe, mais do que os olhos.
Distraídas passam as mãos pela sebe. Mais concretos são os passos. Os passos não têm objectivo. Há uma música muda. Há uma música só na memória. E há a música do envolvimento.Depois do que fica depois do verde natural e do lago há um muro, depois da barreira de árvores grandes. Talvez plátanos. Talvez tílias. Depois do que fica depois, depois das últimas árvores e do muro, fica o que não interessa.
Moby - Porcelain.w... |
terça-feira, novembro 20, 2007
Movimento
A vingança. O corte do ar e dos sítios como uma faca. Metal opaco. Sem uma gota de sangue. Gotas de chuva no pára-brisas. Suor da natureza. Metal sensível. Desejo de chegar e usufruto do prazer indefinível de ir.
A carnificina de insectos só cessa no fim. No último rodado. Foge lebre. Foge cão. Foge gato. Fujo para a frente. Fujo sabendo do que fujo. Fujo sabendo do que não sei. Desejo de chegar e usufruto do prazer indefinível de ir.
Quanto falta para chegar. Distância igual à de partir.
segunda-feira, novembro 19, 2007
Hugo Chávez 0 x Juan Carlos 5
Enquanto mandas outros desobedecem. Se te enfrentam feres. A tua boca infame morde naqueles que acusas de atitudes como as tuas. A tua desfaçatez não engana. Já todos sabem da besta que és. Ainda assim continuas a falar.
domingo, novembro 18, 2007
Pelo vinho
terça-feira, novembro 13, 2007
Afinal
Deus é Pai. Deus é Filho. Deus é Espírito Santo. Afinal, quem é Deus? O rementente, o correio ou a encomenda?
Sei as respostas, mas não as digo.
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segunda-feira, novembro 12, 2007
Ainda que seja só uma miragem
Sinto o meu corpo fraco para carregar o peso do mundo. Mas há uma ilha. Uma miragem. No esforço do penar faço a desistência. Porque agora encolho os ombros e esqueço-me. Na ilha. Curto a bom curtir como se não houvesse amanhã.
Na ilha. Há a música. A adição da música. O mundo cabe na ilha. Na ilha há a música. Há droga alucinogénica. Há placebo. Curto a bom curtir como se não houvesse amanhã.
Amanhã não carrego com o mundo. Acredito. Acredito na ilha eterna. Lugar de música e sem amanhãs. Não carrego com o mundo e dali não vou sair. Não há dores. Há placebo.
Canteloupe Island ... |
A Bica
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Ide-vos
Um dia destes começo à bofetada e só paro em Cacilhas. Pelas ruas com passos apressados e a mão decidida a estranhar todos. Assim talvez me contente. A dor começa onde começo. Se me dói é porque devo.
Os dias não são um pesadelo. O pesadelo é a vida. Já não levanto os pés, porque os tenho pesados. A cabeça não tem vista sobre a ribeira da cidade e eu, de corpo todo, não vou ao castelo.
O horizonte não é o meu limite. Fico-me por Cacilhas. À bofetada até Cacilhas. Nem mais um dia. Nem mais um dia para ser feliz. Agora fico só por estar em casa e por saber que os telhados são, genericamente, vermelhos. Há a música. Há a colecção de arte e a garrafeira.
Se me dói é porque devo. Mas há a música, a colecção de arte e a garrafeira. Fico a ver os outros divertirem-se. Não acredito que possam ser felizes como o fui. Não é por amar os anjos que o gesto têm bondade. Se me dói é porque mereço. Já só tenho a música, a arte e a colecção de arte.
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Fugir daqui
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Dualidade
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domingo, novembro 11, 2007
terça-feira, novembro 06, 2007
Dançar sozinho
Não chove. Não parece que vá chover. Sobre o campo florido passa um ar quente. Um silêncio de sonho.
A bruxa do Oriente vive no seu castelo. As dos outros pontos cardeais estão nos seus sítios. Não se vêem fadas. Saltam coelhos na verdura.
As cores são vivas e sobre o chão verde, púrpura e vermelho passa um ar quente. Ao longe ficam os castelos das bruxas. Não se chega a ter medo.
A nuvem voltou. Há um silêncio de sonho. Não se chega a ter medo. Há fadas que não se vêem. Pode ser que o vento quente a leve para longe, novamente.
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segunda-feira, novembro 05, 2007
Universo
sexta-feira, novembro 02, 2007
Verde esporádico
Ninguém viu o meu verde como Erva. Se verde é esperança é também desilusão. Verde foi. Os meus olhos esporádicos. Os meus olhos verdes. Os olhos verdes da Erva. Os lábios vermelhos e os beijos, a cama de amor e a esperança entornada. Ninguém viu os meus olhos de verde esporádico, mas os olhos que os viram esqueceram o meu coração.