
digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
quarta-feira, dezembro 26, 2007
sexta-feira, dezembro 21, 2007
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Vidas diferentes
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É meio dia, quase Natal. Apenas a poucos passos do Natal. Vives numa avenida, vivo só. Desejar bem. Um muro. Uma divisão. Não desejar nada. Desces a avenida, sigo pela rua.
Encontraremo-nos noutro mundo.
sexta-feira, dezembro 14, 2007
Ir indo

Cuco
terça-feira, dezembro 11, 2007
Brincar com a luz

Dentro de poucas horas estarei além. Além do mais, agora não saio. Fico. Quieto, quase imóvel. Fico.
Pouso as pálpebras. Apenas oiço. Para dentro. Para fora. Como se os olhos abertos deixassem entrar o ruído e as orelhas não pudessem escutar tão delicadamente.
Repouso as costas e deixo-me ir. Fico. Não vou. Irei. Deixo-me ir enquanto não vou. Irei quando retornar do deixar-me ir.Onde está o Sol. Onde está o menino? Sorrisos e palminhas. Deixo-me ir. Quem me dera voltar. Voltar para a barriga da mãe.
Sob a luz cónica

Nunca percebi como o arrastar do arco sobre as cordas pode ser belo. Não percebo nem tento. Não vale a pena, pois é belo e isso basta.
A luz cónica é quente e, à primeira vista, tocador e instrumento não têm sombra. O escuro está em redor, onde a luz não bate.
Embora o tocador esteja só, ele não está sozinho. Consigo tem o som, a música e este narrador inexistente. Serei eu o instrumentista? Será apenas uma imagem imaginada, idealizada?
Não conheço a música. Nem a oiço. Apenas o tocador a ouvirá na sua acompanhada solidão. Por mim é a canção da Rita. A nostalgia da luz e o escuro do passado.
Não sei onde ela está, mas conheço-a em toda a parte. Em toda a parte a vejo. Em sonhos partilhamos momentos. Ultimamente tristes.
A tristeza abandonou-me, um alívio. Um alívio. A memória feliz e o presente amargo. Porém, a tristeza largou-me.
A tristeza largou-me como ela me deixou um dia. Não a desejo, mas sinto-lhe a falta. Só em sonhos. Ultimamente tristes. Eu e ela. Doridos pelo tempo, desencanto e separação.
Houve um tempo de grandes ilusões. Todo o desejável foi desejado. Até ao dia da partida. Um dia ela, depois eu. Suspiro. Suspirará?
A luz cónica não chega a aquecer. O escuro frio cerca de perto. Há os negligenciáveis arrepios, mas não está calor sob a luz.
Não sou o tocador, mas sei que luz está e qual a sua temperatura. Sou narrador e, contudo, não estou na sala. Nem sei, imagino.
Imagino qualquer coisa para além do que vejo. A realidade minimalista da sala irradia pensamentos. Imagino-me e imagino-a. Que temos a ver com isto?
Que temos a ver um com o outro passado este tempo? Já não é dor. O afecto ou a amizade ou o antigo amor deu, deram, lugar ao ressentimento.
É uma música triste. Não há dúvida que é triste. O vibrar das cordas pelo arco e a luz cónica não são nostalgia nem melancolia. São outra coisa qualquer. Coisa bela.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
Eco e Narciso
domingo, dezembro 09, 2007
As palavras do amigo

O mistério das frases claras. A força serena das palavras. Significados ocultos e um vórtice. O mergulho pelo escuro até ao passado. Memórias de andorinhas e outros bichos.
O amigo fuma cigarros e tem óculos. Por trás dos dedos e dos vidros há uma cabeça repleta de cifras e segredos. As folhas do caderno são receptáculo da arte toda e da arte possível do amigo. A arte possível do amigo é suficientemente grande para se ver da Lua.As frases claras e as palavras fortes têm labirintos e intranquilidades. Por isso gosto de ambas e também do amigo.
sábado, dezembro 08, 2007
Inteligência
Ambulância
Dualidade corpórea
C.A.N.A.L.H.A.
sexta-feira, dezembro 07, 2007
Vida 2b

- A vida é mecânica?
- A vida é a vida.
A minha cabeça mecânica e redonda tem pensamentos vivos. A minha cabeça ordena. Os pensamentos vivos dizem ao braço mecânico para levar a sopa viva à boca mecânica.
- A vida é fluída?
- Não sei.
Vida 2a
Divergências intuitivas
quarta-feira, dezembro 05, 2007
Foi na casa dos amigos

Foi lá em casa

O prato de honra foi de carne de vaca aos quadradinhos feita na frigideira com morcela desfeita e molho de vinho branco, mostarda e pimenta preta. Acompanhou batata assada no forno, salada de endívias com molho de mel e azeite e ratatui de tomate, alho-francês e cenouras.
A sobremesa foi iogurte de avelã com amoras, groselhas e framboesas. Sobre os vinhos não me apetece escrever sobre quem foram nem como estiveram. No final houve quem tivesse fumado um Romeo & Julieta.
Nota: Este texto é dedicado à Colher, Mafas, Nês e ao Turco.
Insensibilidade
terça-feira, dezembro 04, 2007
Antes do fim

Nota: obrigado aos meus poucos leitores.
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Estética
Nudez sem roupa
Descarrilamento
sexta-feira, novembro 30, 2007
Faz sol
É sexta-feira e eu aqui fechado. Lá fora pode ser Verão. E eu aqui fechado. As horas demoram-se. O dia está de sol. Cercado. Cercado por orelhas e olhares. Bisbilhotado. Uma enorme vontade. Vulcão. Uma gargalhada. Um desejo. O verbo ir. Lá fora está sol.
Ir e voltar a amar
Amei-te outrora. Desamámos. Amei-te depois. Morremos separados em sangue. Amei-te ainda há pouco. Desamaste-me. Amarei-te um dia. Amar-me-ás novamente. Um dia. Entre os dias de trás e os da frente não sei o que devo sentir.
A casa (2)
Construi a casa num sonho. O ruído entrou no sonho. O sonho ficou vazio. A água entrou no sonho. A loucura entrou no sonho. Quando ia a sair do sonho, sonhei que ficava e sonhava novamente. Sonhei e fiquei.
Antes assim
Não tivesse deixado o coração em Edimburgo talvez ingressa-se na caravana. Fico de pé à espera que passe para, então, subir a bordo. Vivo preso na liberdade. Antes isso do que livre numa prisão. Antes de pé em dor do que suplicante de joelhos. O que importa? Tenho o coração em Edimburgo.
Demasiado
Já aconteceu. Passou. A vida sem um ou sem o outro é insonsa. Noites de sono. Noites de insónia. Dor de cabeça. Dor de corpo. Muita água para depois. Que um não atrapalhe o outro.
Dancing with myself
Estou quase a conseguir. Daqui a nada já está. No final destas palavras. Dançarei sozinho. Dançarei e só saberei porquê. A vantagem dos trinta. Trinta e tal passos. Não está cá para dançar comigo. Mesmo sem ela danço. Estou quase a conseguir. Já danço. Consegui.
Passos perdidos
Se não tivesse já ido, dizia para ficares. Se tivesse ficado, dizia para ires. Na verdade, se estivesses, dizia para ficares. Entra-me pela vida ou sai-me da cabeça.
Love will tear us apart
É fatal que um dia nos havemos de nos entender. Então haverá novamente lágrimas. A separação une-nos. Há um amor prometido.
Fé
O teu Deus é melhor que o meu. Tens tudo e eu quase nada. Temos o mesmo Deus. Um só criador. A fé dum é maior que a do outro. Fé íntima. Um dia dormiremos. Um aprenderá a ter mais fé e o outro mais ainda. No novo acordar talvez tenhas menos e eu mais. Haveremos de ir e voltar, mas só no sono saberemos. Memória transitória e instrumental. Deus só justiça e bondade. Deus inteligente e amoroso. Fé íntima.
Fé
O teu Deus é melhor que o meu. Tens tudo e eu quase nada. Temos o mesmo Deus. Um só criador. A fé dum é maior que a do outro. Fé íntima. Um dia dormiremos. Um aprenderá a ter mais fé e o outro mais ainda. No novo acordar talvez tenhas menos e eu mais. Haveremos de ir e voltar, mas só no sono saberemos. Memória transitória e instrumental. Deus só justiça e bondade. Deus inteligente e amoroso. Fé íntima.
Natalidade

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quinta-feira, novembro 29, 2007
Quatro elementos
Terra
Magia e sortilégio
Avanças com os passos de tristeza duma alma penada, perfuras a sombra e a escuridão, para me resfriares o corpo, cortar-me o sono, assustares-me com surpresa e tremeres-me a voz e o jeito com a antítese da esperança.
Algumas vezes vi o teu sorriso no rosto austero. Foi antes de te ires. Um dia foste. Foste no dia seguinte ao repouso. Foste numa tarde e levaste a luz do dia. É desse dia que me lembro quando me quero esquecer de ti.
Vejo-te mais do que queria, quando sonhas. Quando sonho. Vejo-te em sonhos. Como todos os sonhos. Chegas-te como alma penada, um fantasma escondido da luz. Vens como a miragem da memória feliz.
Há qualquer coisa de alegria na minha tristeza de ti. Uma centelha de luz. A luz bastante para te recortar o corpo e revelar o rosto sério. Há uma felicidade feita de tempo e algumas certezas. Um luto de veludo negro e escarlate.
Ainda que me doas, há hoje uma felicidade. Canto-te, porque és rainha da Noite, das minhas noites de insónia. Canto-te, porque a alvorada não tarda e delas fugirás como todos os fantasmas.
Sim, canto-te. Canto-te. Porque um fantasma vive. Vives em mim. Nas aparições frias e súbitas. Canto-te feliz, porque sou capaz de cantar. Canto-te com a alegria de quem não ama, mas sabe do amor eterno do passado.
Há alegria no luto. A carne arrancada é carne que já não dói. Sente-se a ferida da ausência. Tudo vai e carne perdida é pedaço dos outros. Por isso há estrelas.
O Sol um dia será uma anã. Um dia voltarei à Terra. Um dia deixarei de ser o teu fantasma. Quiçá um dia tomaremos do outro o amor negado. Não fosses tu a rainha da Noite, das minhas noites ébrias, não seria eu o papagaio dos mesmos dias de amor passados.
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terça-feira, novembro 27, 2007
quarta-feira, novembro 21, 2007
O jardim

Desalinhados são os passos pensativos. De vez em quando, os olhos atiram-se para o chão e vão seguindo o caminho de areia escassa e raras pedrinhas.
Não se deve olhar o chão. Ver onde se põem os pés. O velho, o rapaz e o burro. Pensa-se melhor com os olhos confortáveis, estejam fixos, fechados ou em voo, rasante ou celestial. Quando se pensa quase nem se repara no horizonte da vista.
Sobre as sebes, sob as árvores, sobre tudo, as aves fazem tangentes e secantes, mas nunca intersecções. Parece que o odor tem ruído e o som tem aroma. Distraídas passam as mãos pela sebe, mais do que os olhos.
Distraídas passam as mãos pela sebe. Mais concretos são os passos. Os passos não têm objectivo. Há uma música muda. Há uma música só na memória. E há a música do envolvimento.Depois do que fica depois do verde natural e do lago há um muro, depois da barreira de árvores grandes. Talvez plátanos. Talvez tílias. Depois do que fica depois, depois das últimas árvores e do muro, fica o que não interessa.
Moby - Porcelain.w... |
terça-feira, novembro 20, 2007
Movimento

A vingança. O corte do ar e dos sítios como uma faca. Metal opaco. Sem uma gota de sangue. Gotas de chuva no pára-brisas. Suor da natureza. Metal sensível. Desejo de chegar e usufruto do prazer indefinível de ir.
A carnificina de insectos só cessa no fim. No último rodado. Foge lebre. Foge cão. Foge gato. Fujo para a frente. Fujo sabendo do que fujo. Fujo sabendo do que não sei. Desejo de chegar e usufruto do prazer indefinível de ir.
Quanto falta para chegar. Distância igual à de partir.
segunda-feira, novembro 19, 2007
Hugo Chávez 0 x Juan Carlos 5
Enquanto mandas outros desobedecem. Se te enfrentam feres. A tua boca infame morde naqueles que acusas de atitudes como as tuas. A tua desfaçatez não engana. Já todos sabem da besta que és. Ainda assim continuas a falar.
domingo, novembro 18, 2007
Pelo vinho
Uma luz em particular

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terça-feira, novembro 13, 2007
Afinal

Deus é Pai. Deus é Filho. Deus é Espírito Santo. Afinal, quem é Deus? O rementente, o correio ou a encomenda?
Sei as respostas, mas não as digo.
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segunda-feira, novembro 12, 2007
Já dei

Já dei. Para ti. Agora vivo na ilha. Há outra ilha, aquela onde nos encontraremos um dia. Uma noite.
Antes era um e um. Depois fomos dois. Agora somos um e um. Um dia outras contas serão. Um dia faremos contas. Um dia. Um dia. Saudade. Raiva. Saudade.
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Ainda que seja só uma miragem

Sinto o meu corpo fraco para carregar o peso do mundo. Mas há uma ilha. Uma miragem. No esforço do penar faço a desistência. Porque agora encolho os ombros e esqueço-me. Na ilha. Curto a bom curtir como se não houvesse amanhã.
Na ilha. Há a música. A adição da música. O mundo cabe na ilha. Na ilha há a música. Há droga alucinogénica. Há placebo. Curto a bom curtir como se não houvesse amanhã.
Amanhã não carrego com o mundo. Acredito. Acredito na ilha eterna. Lugar de música e sem amanhãs. Não carrego com o mundo e dali não vou sair. Não há dores. Há placebo.
Canteloupe Island ... |
Até lá

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