Tu por aí. Eu por cá. Se te falo é porque não me diriges a palavra. O tempo já passado é maior que o passado. Princípio sem meio nem fim, um desvio. Mais uma vida, mais um desperdício. A história repete-se.
digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
segunda-feira, março 31, 2008
Repete e repete e repete
sexta-feira, março 28, 2008
Verdes anos
Foi na cama, quando me dançaste pela primeira vez, que fiquei a sonhar com o corpo e a voz. Tinhas nessa data a minha juventude. Tinha nesse momento as tuas ilusões de amor.
Na sala de soalho corrido. Com a luz reflexa do Tejo pela casa. Com o verde das nespereiras na vista. Com uma linha de rio na frente.
Quando sonho, sonho com a infância, a casa, e a outra casa, a do amor primeiro. Do amor maior.
Antigamente eram rosas vermelhas. Hoje são malmequeres brancos. O sonho e a solidão. A paixão e a constância.
Fotografei-te nua nos lençóis em que dormíamos. Na casa distante de tempo.
A intimidade perdida, mas sempre tu. Tu e a música nos lençóis brancos, como os malmequeres de agora. A mesma música e sempre a memória do teu corpo.
quinta-feira, março 27, 2008
segunda-feira, março 24, 2008
quinta-feira, março 20, 2008
quarta-feira, março 19, 2008
Às voltas no destino

segunda-feira, março 17, 2008
Sambento

Em São Bento encosto sempre a cabeça ao vidro da janela da carruagem. Os olhos não querem fixar-se no vidro, mas algures no vazio da gare. Doi-me sempre partir do Porto.
Conversas difíceis

Passaram-se muitas noites, mas aquelas que ainda vivem são tuas ou de negro. Quando não és tu, é a tua ausência.
Quando não me assombras sou eu que te peso. Muitas noites ainda dormimos juntos, em camas separadas ou possuimo-nos em sonhos penosos, doridos de despedida.
Um dia ainda hei-de escrever sobre todas as loucuras da casa e espero ouvir-te contar as dores que te dei. Um dia talvez haja um dia normal.
sexta-feira, março 14, 2008
Tempos
Fui pessoas diferentes em diferentes espaços. Diferentes tempos. Lá fora chove, cá dentro faz Sol e dentro de mim um tempo incerto. Vida incerta. Diferentes tempos. Sempre eu. Diferentes pessoas em diferentes espaço. Um dia lá fora, que tempo fará?
É sempre tarde. Ainda cedo
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Os ponteiros apontam-me o tempo, mas o mostrador não me mostra o fim. Repetindo sempre, como os dias. Às voltas sempre, como os dias. O movimento quase quieto quando há tempo para ver. A comichão no estômago da espera. Os tremores dos dedos. O suspiro final. Repetição. Mecânica. Luz. Espaço. Às voltas, tanto faz.
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Vida repetida
Um dia. Dois dias. Três dias. Quatro dias. Cinco dias. Um fim-de-semana. A ausência de dor de cabeça. A ausência de objectivo. A ausência de motivo. A queima das horas. As horas de sono. Os minutos dos gatos. Os afectos dispersos. O sono leve. A televisão e o sofá. O sono longo. A televisão e o sofá. Um dia. Dois dias. Três dias. Quatro dias. Cinco dias. Um fim-de-semana. Recomeça.
Resumo interpretativo duma conversa

quinta-feira, março 13, 2008
quarta-feira, março 12, 2008
A magia

terça-feira, março 11, 2008
segunda-feira, março 10, 2008
Inquietação

Quando for manhã haverá vacas a pastar neste campo de sangue, um dia. Agora é tempo de sentar e esperar a volta da luz. É tempo de assentar enquanto o novo ânimo não chega. Momentos de suspiros.
A espera é uma floresta. Uma floresta de noite iluminada. Uma correria. Ânsia de chegar. Ânsia de partir. Ânsia de ser dia, tempo de parar, de todas as esperanças.
Enquanto os bandos não levantarem há o frio e o horizonte curto. Quem dera este vale fosse de clareira e a cara se iluminasse no luar. Quem dera. Quem dera.
Banda sonora
O engano de Adão e Eva

sexta-feira, março 07, 2008
Ilusão

Houve o tempo do amor e haverá o do cinismo, como ao ouro sucedeu a prata e ao bronze o ferro. Os dias não regressão nem as ilusões. Os segredos depois de revelados não encantam. Desta boca, por estes lábios, não saem mais palavras em ramalhetes. Não se ama, dança-se. É o tempo do bronze.
Vermelho
Alvura
terça-feira, março 04, 2008
Pirosada das 23h23
Lamento, mas tenho saudades de Sevilha e dos amores que lá vivi e dos que ficaram por conhecer.
Nota: Que se há-de fazer quando bate o Sol no foleiro que existe em nós? Sevilha também é assim.
A mulher
A mulher não existe. Há uma inventada, uma projecção do passado. A que houve morreu e dela resta o aroma e a memória da voz, causa e efeito de tanta coisa. A do futuro ficará entre a carne duma e a fantasia da outra.