Sei o que tenho dentro da cabeça, mas não sei onde tenho a cabeça.
digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
quarta-feira, fevereiro 20, 2013
terça-feira, fevereiro 12, 2013
Ai, ai...
Viver o não-tempo é tão penoso quanto o tédio, tão penoso quanto
o ter-que que não apetece. Há dias na vida que trocava por dias de vida. Estar
morto não é problema, o problema é estar sem viver.
segunda-feira, fevereiro 11, 2013
Estar vivo
Hoje fumo um cigarro, para esquecer ontem. Hoje tomo os
comprimidos que me porão como anteontem. Hoje beberei água e trabalharei. Hoje acordei
para não me apetecer. Hoje fugirei daqui.
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Estás linda a meu lado, dormindo enquanto as minhas
palpitações comprimem o coração, afogam o respirar e oprimem a alma. Se estivesse
a morrer, acordarias…
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Deste dia não haverá memória. Ameaça de chuva, frio e tédio.
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Esmagado, encastrado num sofá, vejo que não acabei o uísque.
Sem ressaca, o odor da ressaca está no copo. Agora está tudo quente, ou pior,
morninho.
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Na inquietude do sono, a humidade da vida. Se é Inverno, devia
ter frio.
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São dias destes que confrontam: para que serve viver?
domingo, fevereiro 10, 2013
Três rosês com banda sonora
Olá, como se viu no texto anterior (no blogue do lado), não gostei muito da
Essência do Vinho. Entre alguns encontrões,
ainda poucos porque eram 15h00 e picos, deu para provar três vinhos, todos
rosados.
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Rosado, um critério como outro qualquer. Não tinha muito
tempo, era impossível ir a todas as bancas… enfim, fui colher rosas e não me
piquei. Três propostas para tragar com muito prazer. Três produtores que têm
lugar habitual aqui no blogue: Adega de Borba, Casa de Cello e Sogrape.
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Estes vinhos não são comparáveis, podem facilmente completar-se
num dia bem passado, quando o calor dilata os corpos e encolhe as roupas. Vinhos
para convívio marcado para o fim de tarde e final nocturno… dançar na praia,
com gente amiga… o mar a bater, os olhos a seduzirem… quero ter outra vez 17
anos.
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Encontro a partir das 18h30 em casa da Inês e do Paulo, com
piscina e praia perto. Duche tomado depois da praia e uma vontade louca por
água fresca e uma sensação palpitante na pele (devia ter posto mais protector
solar). Saciada a sede e acolchoada a barriga, para que a naite (night) não
seja aos tombos, momento para o primeiro vinho.
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Mateus Sparkling. Espumagem suave e elegante. Que coisa boa! Refrescante, sensual, com muita maçã (verde e golden smith) e pêra Williams. Que bem que vai com uns salgadinhos, um queijo de cabra para comer à guloso.
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Vegia Rosé 2011. A Casa de Cello não bota pra fora os vinhos logo a seguir ao seu (suposto) término. O vinho aguenta mais um ano. Ai aguenta, aguenta. Ai aguenta, aguenta. Este tem um absolutamente salivante aroma a framboesa, uma doçura de cair para o lado. Porém, na boca é seco. Muito seco. Dizem os amigos do Cello que vai bem com peixes gordos. Azar! Não como peixe… tenho a certeza que as febras na brasa até se lambem ao saberem que vão juntar-se na mesma refeição. Este é dos rosados que mais prazer me deu alguma vez beber.
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.Vegia Rosé 2011. A Casa de Cello não bota pra fora os vinhos logo a seguir ao seu (suposto) término. O vinho aguenta mais um ano. Ai aguenta, aguenta. Ai aguenta, aguenta. Este tem um absolutamente salivante aroma a framboesa, uma doçura de cair para o lado. Porém, na boca é seco. Muito seco. Dizem os amigos do Cello que vai bem com peixes gordos. Azar! Não como peixe… tenho a certeza que as febras na brasa até se lambem ao saberem que vão juntar-se na mesma refeição. Este é dos rosados que mais prazer me deu alguma vez beber.
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Adega de Borba 2012. Sensacional aroma a pastilha elástica
de morango. Os miúdos, todos menores de idade, vão adorar… depois caem, mas
hão-de se levantar. E os seus pais e amigos adultos? Vão passar a noite de copo
na mão, a gulosarem-se com gelado e sorvetes, de melão, morango, groselha,
limão...
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Já se sabe que a dada altura um arma-se em urso e vai beber cerveja. Mas como Deus castiga, não com paus nem com pedras, mas com sua divina sabedoria… o malandro terá ressaca no dia seguinte.
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Depois há que acordar tarde, ir para a praia e… a festa repete-se.
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Já se sabe que a dada altura um arma-se em urso e vai beber cerveja. Mas como Deus castiga, não com paus nem com pedras, mas com sua divina sabedoria… o malandro terá ressaca no dia seguinte.
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Há sempre dois que acabam com Água das Pedras e os outros divertem-se com rosé até ser dia, sem sombra de ressaca.
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Há sempre dois que acabam com Água das Pedras e os outros divertem-se com rosé até ser dia, sem sombra de ressaca.
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Mateus Sparkling
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Origem: X
Produtor: Sogrape
Nota: 5/10
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Vegia Rosé 2011
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Origem: Dão
Produtor: Casa de Cello
Nota: 7/10
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Adega de Borba Rosé 2012
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 6,5/10
A vida vive sempre
Não te quero confrontado pelo medo, logo tu, herói de vida. Há
sonhos e pomares de laranjeiras. Olhos que viram tanto, têm vidas para contar. Há
alma e altura guardadas no repouso inquieto dos dias correntes; tudo ao mesmo
tempo, passando diante das vistas. Não chegam os abraços e é tanta a
generosidade, quanto as promessas e os sonhos em catadupa, as palavras
desenfreadas, verdadeiras na essência. Há coisas que te não posso dar, mas
posso dar-te um beijo na alma infantil e abraço ao teu abraço; enlace que tenta
unir o céu. Se até hoje não envelheceste, não poderá ser o medo que agora te
derrotará.
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Nota: Para o grande amigo Carlos Fagulha.
sábado, fevereiro 09, 2013
Banho da memória
Vi e logo chegaram os dezanove anos, quando quase dormimos e te vi tomar banho. O campo debulhado, o calor e o corte de cabelo. A vida estava prestes a mudar, mas naquele Verão tudo era Primavera.
sexta-feira, fevereiro 08, 2013
Sob a sombra
Disseram que Zanskar é uma terra maravilhosa e distante. Disseram-me
como se fosse uma terra de literatura, de literatura oral. Disseram-me que só
foi descoberta, para além dos antepassados de quem lá está, em meados do século
vinte.
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Disseram-me, é certo que sou crente. Tanto faz. Fica longe e
é terra de mitos. Lá chegaram poucos, porque são poucos os que lá vão.
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Agradam-me as terras impossíveis, os territórios invisíveis
nos mapas, os reinos de pouca gente. Sou sedentário e com os pés cansados. Não irei
a Zanskar.
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Aqui tenho Sol e não me obrigam a andar. Basta-me uma
imperial fresca e uns amendoins ou pevides de abóbora. Basta-me a chuva e um
cálice de vinho, quente cá dentro.
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Basta-me o chão e os olhos bastam-se no pavimento. Sossegam-se
na monotonia dum cão a passar e alegram-se fantasiando coisas obscenas quando
passa uma bela rapariga.
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Olho e vejo árvores. A cerveja desfoca além da linha dos
pés, quando as pernas estão esticadas. A sombra seduz-me, cruzada com a música
inquietante de ébria. Os tremoços acabam por enfastiar, no Verão comem-se
caracóis, mas gosto mais de amêijoas à Bulhão Pato, das verdadeiras.
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O dia roda e as sombras esticam-se, pardam-se, intensam-se. O
que fica entre a sombra e o chão. Enigma de física, religião ou filosofia? Poesia
de se esquecer. Vinho.
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Sob a sombra há um espaço ínfimo-infinito. Uma terra de
anões microscópicos, que colhem floras específicas da penumbra. Esse mundo
acaba quando o lusco-fusco se apaga e renasce sossegado no primeiro bocejo da
manhã.
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Sob a sombra, um reino ínfimo-infinito. Zanskar, por que
não?
terça-feira, fevereiro 05, 2013
Azul como o limão
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Dizem que o azul é triste. Não sei, não percebo. Triste seria
a vida sem azul. E a luz sem azul.
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Triste será o verde, que dizem ser da vida.
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Enjoa-me mais o amarelo, do limão. Até lhe prefiro o
amargor.
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O negro é luto? Seja, viuvez de luz. E toda a cor é a coisa
nenhuma que o branco não é.
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Cru, despojamento. Sem luxo nem glória. Tecido tosco,
humildade. Luto?
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Ah! Magnífico é o escarlate e o carmim é eminente. O azul é
real.
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Real é o azul do céu, sítio sem alcance. Azul é triste? Triste
é só beber limão com açúcar.
Nós aqui tão perto
Essa luz que seguras nos olhos é sol e água e ar. A boca de maternidade,
nem zangada se embruxa, mas de beicinho endiabra. Com as mãos seguras sem
agarrar, o abraço é agasalho e o beijo é refresco de água em dia de sede. É
tudo o que te quero dizer antes de te mentir.
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