digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
quinta-feira, dezembro 31, 2015
quarta-feira, dezembro 30, 2015
terça-feira, dezembro 29, 2015
segunda-feira, dezembro 28, 2015
Navio-fantasma
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Enrolado em lã, da macia, porque dia do gato. Tenho muito
para fazer quando não tenho nada para fazer. Destapo-me e dispo-me, olho em contrapicado para a
fachada da Catedral de Colónia e os olhos quase não chegam. É isso, a construção
da casa e das vozes surgentes na cabeça. O início arrasta horas e a desoras
noto a inanição e vou já, e já significa uma paragem depois de horas. Bebo água
e acalmo-me quando o mar desce e fica a areia na vista, então deixo a nudez.
domingo, dezembro 27, 2015
sábado, dezembro 26, 2015
sexta-feira, dezembro 25, 2015
quinta-feira, dezembro 24, 2015
quarta-feira, dezembro 23, 2015
terça-feira, dezembro 22, 2015
segunda-feira, dezembro 21, 2015
domingo, dezembro 20, 2015
sábado, dezembro 19, 2015
Coração patinador
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Então:
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– Então, apaixonei-me por ela.
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– Quem? Quem?
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– Uma miúda da minha turma…
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– Como era ela?
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– Não sei bem o porquê… era cool, tinha pinta, popular e
boa-onda.
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– Mas, fisicamente…
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– Baixota e… muito bonita.
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– Como bonita?
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– Bonita!
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– O que fizeste?
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– Não fiz nada. Fui tímido até muito tarde. Em contrapartida,
sempre fui muito consciente da realidade e que andar de patins era coisa que
escusava.
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– Assim é que é não tiveste mesmo hipótese.
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– Nunca teria.
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– O que aconteceu depois? Esqueceste-a? Cortaste os pulsos?
Choraste desalmadamente?...
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– Suspirei. Suspirei triste. Na verdade, aos treze anos, não
sabia o que era isso de namorar – sabia que tinha de haver uma declaração… e se
ela aceitasse, o que fazer?... e se ela me desse uma, mais do que provável
nega, o que fazer?... E no dia seguinte?... E os intervalos?...
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– Esqueceste-a?
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– Apaixonei-me por outra.
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– Esqueceste-a depressa, à primeira.
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– Nada! Estava apaixonado pelas duas ao mesmo tempo.
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– Essa segunda miúda como era?
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– Loirinha…
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– Aos treze anos somos muito atraídos por loiras.
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– A primeira também era loira… aloirada… ouro velho.
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– Conta-me mais sobre a segunda.
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– Loira e de olhos azuis… ou seriam verdes?... Penetrantes.
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– O que fizeste?
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– O mesmo que não fiz à primeira.
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– Eram parecidas?
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– Nada. Em nada. A primeira era cool, a segunda era daquelas
muito arrumadinhas. A primeira gostava de desporto. A outra preferia ficar à
conversa nos intervalos.
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– Essas paixões adolescentes… quanto duraram?
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– O tempo todo em que estive na escola.
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– Bolas! Isso parece uma coisa de Sempre-Noivo ou de
Triste-Viuvinha…
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– Nada! Fui apaixonando-me por mais. Mais tarde, aos dezassete
anos, é que encontrei uma miúda a quem fui capaz de me declarar.
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– E?...
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– Ela aceitou.
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– Quanto tempo durou?
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– Nem sei. Mas, uma semana depois, fui de férias para o
Algarve e comecei a namorar uma alemã.
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– Don Juan...
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– Acho que não.
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– Finalmente esqueceste as outras.
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– Sim. Mas continuei a apaixonar-me sucessivamente, mesmo
tendo namorada… tive muitas, mas também ganhei campeonatos de hóquei em patins.
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– O quê?
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– Par de patins.
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– Ah!
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– Só atinei aos vinte e três anos.
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– Quanto tempo?
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– A partir daqui não digo mais nada.
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– Porquê?
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– Não me apetece. Quando esse primeiro amor sério – sérios foram
também os outros, no padrão adolescente – terminou voltei a ser namoradeiro e
campeão de hóquei no gelo.
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– Mudaste de desporto?
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– Sim… mais fácil de cair, de me manter de pé e de me
aleijar.
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– Por isso não contas mais nada a partir de mil novecentos e
noventa e três…
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– Não! De dois mil.
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– Sabes delas?
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– Duma, sim. Doutra não.
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– Compreendo.
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– Mas, olha. Dessas duas primeiras namoradas… ainda somos
amigos. Falamo-nos, não todos os dias ou semanas ou meses, mas várias vezes por
ano.
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– Tá giro, oh patinador.
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– Depois vi a luz.
Referências:
a flor amarela,
a flor azul,
a flor de Luz,
a flor lilás,
a flor verde,
a flor vermelha,
a intimidade,
a paixão e o amor,
Fotografia de Alfred Eisenstaedt
sexta-feira, dezembro 18, 2015
quinta-feira, dezembro 17, 2015
quarta-feira, dezembro 16, 2015
terça-feira, dezembro 15, 2015
segunda-feira, dezembro 14, 2015
domingo, dezembro 13, 2015
sábado, dezembro 12, 2015
sexta-feira, dezembro 11, 2015
quinta-feira, dezembro 10, 2015
quarta-feira, dezembro 09, 2015
terça-feira, dezembro 08, 2015
segunda-feira, dezembro 07, 2015
domingo, dezembro 06, 2015
sábado, dezembro 05, 2015
sexta-feira, dezembro 04, 2015
quinta-feira, dezembro 03, 2015
quarta-feira, dezembro 02, 2015
terça-feira, dezembro 01, 2015
Bomba calórica
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E se houvesse uma bomba inteligente? Que acertasse só no
alvo. Que fosse bondosa e avançasse com vontade própria para que ninguém fosse
carrasco, como a praga do raio que te fulmine. Mas fosse falível, para que eu
pudesse estar no sítio errado. Só uma vez. Depois de arranjada seria perfeita.
segunda-feira, novembro 30, 2015
Futebol-barbitúrico
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Preciso como um relógio. Não como um qualquer, mas como mecânico
de fabrico suíço. Os de pilha não têm estatuto, os nucleares são inacessíveis e
os regulados por satélite arrefecem por banalidade.
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Um relógio mecânico. Com a precisão das coisas humanas,
quase perfeito. Quase nem atrasa ou vai além do tempo certo. Tem de ir ou não
será mecânico.
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Porém, mecânico:
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Mecânica é rigor, precisão, engenho, destreza, ambição e
desafio, provocação e permanente insatisfação.
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Mecânico significa grilar tique-taque.
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Além se lembrou de chamar tiki taka ao futebol praticado
pelo Futbol Club Barcelona.
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Rigor, precisão, engenho, destreza, ambição e desafio,
provocação e permanente insatisfação. Tique-taque.
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Correndo caminhando longitudinalmente ou caminhando correndo
latitudinalmente ou ora correndo e ora caminhando em diagonais, sempre perto
uns dos outros, os jogadores fazem:
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– António passa a Manuel passa a Pedro passa a João passa a
António passa a Raul passa a Manuel passa a Paulo devolve a Raul atira para Vasco,
que é o guarda-redes e quase deixa perder a bola para o adversário, mas atira
para Paulo, passa a António passa a Miguel passa a Carlos passa a Nuno passa a
Paulo deixa para Miguel passa a António passa a Carlos que remata e marca golo.
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Os adversários são toureados e nem lhes cito os nomes para
que má memória deles não fique. Tanto-fazem, porque é imparável a dinâmica do
relógio.
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Entediante como ficar a olhar para o trabalhar da máquina
relojoeira durante uma hora e meia, com um intervalo de um quarto de hora pelo
meio.
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Tanto-faz, é igual a ficar a olhar por noventa minutos, com
quinze de pausa, para o mostrador dum relógio.
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Futebol de empata, o tique-taque.
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O tique-taque, sobretudo se bem jogado, parece-se com um
número de circo!
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Detesto circo!
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Trapezismo, equilibrismo, malabarismo, contorcionismo,
palhacismo ou domesticação de feras que interesse têm?
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Futebol é corrida, domínio de bola e avanço, corte e
resposta. Poupo-me ao jogo do passa ao outro ou ao mesmo.
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Detesto circo e só na cama gosto de touradas. Há tantos
belos relógios mecânicos!
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Tique-taque.
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Nota: Aproximam-se o Natal e o meu aniversário… adoro
relógios Nomos.
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domingo, novembro 29, 2015
sábado, novembro 28, 2015
sexta-feira, novembro 27, 2015
quinta-feira, novembro 26, 2015
Negro-permanente
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Não consegui identificar a autoria.
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Não consegui identificar a autoria.
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Não consegui identificar a autoria.
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Não consegui identificar a autoria.
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Não consegui identificar a autoria.
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Não consegui identificar a autoria.
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Ian McQue.
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Não consegui identificar a autoria.
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Não consegui identificar a autoria.
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Não consegui identificar a autoria.
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Não consegui identificar a autoria.
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Alexey Menschikov.
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Ian Michael Rousey.
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Não consegui identificar a autoria.
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