Um local donde não se sai, terra de velhos e risos mudos. Os
carros esquecem-se de passar e se passam, passam só por passar. Dias sem
sombra, nem Sol nem chuva. Sempre mais um dia à espera. Todos os dias iguais de
solidão. Água fechada nas torneiras públicas. Ruas sem cães nem crianças. Onde vive
o tédio e sepultam vidas. Bairro de esquecidos, de quase pobres. Operários
vencidos.
digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
terça-feira, maio 28, 2013
Um outro dia
Um dia, o entardecer. Outro dia para outra coisa. Na tarde,
um mergulho no tédio. À tarde, gin tónico e cerveja. À noite, um bitoque numa
tasca de azulejos deprimentes e luzes perfurantes de melancolia e outras
tristezas. Pela manhã, desperdício de tempo se acordar cedo. A manhã sem
história. Ao almoço, qualquer coisa, porque nada importa. Se ficar sem comer,
também não importa. Outro dia, o entardecer. Um outro dia para morrer.
Questionário 6
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Um escrevo...
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a) Um poema piroso.
b) Um poema merdoso.
c) Um tédio.
d) Um mergulho.
Questionário 5
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Um dia terei ao pescoço...
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a) Um colarinho romano.
b) Uma gravata pirosa.
c) Os dentes dum vampiro.
d) Um nó corrediço.
Questionário 4
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Um dia terei...
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a) A cabeça vazia.
b) A cabeça cheia de ideias.
c) A cabeça vazia de palavras.
d) A cabeça com as palavras ordenadas.
Questionário 3
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Um dia serei...
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a) O teu amante.
b) A tua mãe.
c) A noite depois do dia.
d) O dia depois da noite.
Questionário 2
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Pela hora da morte...
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a) Está a sorte.
b) Estão os dias.
c) Está a morte.
d) Está além da morte.
Questionário 1
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Um dia destes...
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a) Finjo-me de morto.
b) Deixo de chegar a horas.
c) Dou um tiro na cabeça.
d) Beijo até sufocar.
terça-feira, maio 21, 2013
Ópio-sonho
Via-te novamente nua, com a novidade que a saudade confere. Fazia
amor em arrepios, porque tomados por fantasmas os corpos não descansam dos
medos adquiridos pelos dias.
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Faria amor como quem vomita o veneno que nos demos. Faria amor
como a despedida que ficou por fazer.
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Há qualquer coisa de passado em todos os futuros. Há qualquer
coisa que nasce quando alguém morre. Só o amor divino não tem doença nem
defeito.
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Daria o que não tenho por um mergulho suicidário que me
rejuvenescesse. Daria a vida para voltar
a viver. Daria esta vida por uma que valesse a pena. Daria tanto por um beijo
num prado de solidão e melancolia.
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Beijaria a gruta mãe que todas as mulheres têm, fonte de
generosidade. Como quero adormecer na tarde do silêncio e acordar numa manhã
com aroma de maçãs.
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Quendera morrer no acto do amor, na ebulição do prazer e na
dor tão boa. Numa ilusão de amor, numa verdade de carne, suor e beijos.
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Perder-me de sono e acordar noutro amanhã. Saciado de
saudades, lavado de nudez. Pronto a renascer de amor imperfeito.
quinta-feira, maio 02, 2013
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