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Não há árvore que não abrace porque nos seus braços de lenha lhe vemos a altura do colo da mãe e sua sombra.
digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
sexta-feira, agosto 25, 2017
Árvores
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Há árvores muito estúpidas, que não entendem o que lhes dizemos..
Há árvores mudas. Há árvores surdas.
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Há árvores malcriadas, que não nos respondem.
quarta-feira, agosto 23, 2017
Distracção
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Fantasismo, a fantasia de ver fantasmas e, na doença da
imaginação, inver os de real imaterialidade.
Na Terra
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Por que te vejo Vénus? Porque tens o brilho e a imperfeição
que uma deusa traria para a carne para que não a descobrissem. Do nariz até
onde se consiga pensar.
Fumo
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Sou espectro, volúvel e de densidade insolúvel. Se conheces
o fumo. Como me desconheces?
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Não sei o que fazer das carnes para que as provemos. Sem
poder sentir-te o cabelo nem saber da exaustão.
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Não te peço amor nem paixão. Antes luz que me queime a
curiosidade do tempo em que só o céu maravilhava.
O sítio
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Vi-te e estive-te onde inexistes. A impossibilidade de me
arder sem que enxergues. Sabes, sei que sabes desta paixão. Não é impossível
nem platónica, faz-se do sentir da utopia, que consumo desperto e sonhando
desperto.
Escarlatina
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Se tivesse o azul no ânimo como o sangue dos príncipes
dir-te-ia, olhos-nos-olhos, que te boca-à-boca.
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Sim, as palavras. O seu problema é dizerem e nem sempre
contarem, por vezes mentirem, muitas vezes calarem-se e inumeramente enganarem
na dúvida verdadeira do equívoco da cobardia.
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Sim, a cabeça. O seu problema.
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Não te mentirei e possivelmente com candura acreditarás ou
ingenuamente dir-te-ás descrente.
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É tão verdade quanto a Lua. Que te olhei demoradamente nos
olhos e descendo os meus pela boca, te vi o peito e fizemos amor.
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Se eu tivesse o azul do ânimo como o sangue dos príncipes e
não o escarlate da desonra.
sexta-feira, agosto 04, 2017
Estranhava a ausência
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Estranhava a ausência, porque vem no fim de Maio e larga-me
tardiamente, quando a aragem arrasta a folhagem e as dores. Regressou porque é
fiel e crua e sou-lhe alimento.
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