
- O que fazer com um amor antigo?
- Recicla-se em amizade.
- E se não fôr possível?...
Eu, cancro, me confesso em estado de voragem: escrevi um texto de raiva. Estava tão sedento de sangue que atirei letras a ferir alguém que tanto amo (não há outro verbo) e há tantos anos.
Agora choro e compadeço-me. Tenho pena de mim e lamento tudo o que não fiz. Olho para as vísceras desenhadas e penso nas minhas a palpitar e nas dela e no quanto já bateram juntas e acertadas, no quanto andaram zangadas e no silêncio fingido de frio em que estão hoje.
Hoje não jantei com uma ex-namorada... tardiamente sentei-me triste e lembrei-me de todas as outras antes dela até encravar naquela, na única, de quem não estou amigo. Desatei a puxar dos pontos, atrás deles saquei das feridas, das infecções e das dores, estiquei a pele, escarafunchei a carne e raspei o osso, quase ao vómito medonho. Quando sentia o ardor acre a doer-me jorrei agressões pelos dedos, vomitei ciúmes antigos, novos, razoáveis e delirantes... consporquei-me de cio fétido até chorar.
Depois de chorar... depois de lavar os olhos e a cara. Lembrei-me de todas as palavras bonitas que ela me disse já depois da nossa relação ter terminado. Limpei os olhos e apaguei o texto. Deixei ficar a imagem e o título. Fui muito bruto e injusto. Gosto tanto dela!
Nota: Este texto é dedicado a quem pensa que lhe é dedicado...
6 comentários:
dp do golpe, há q sarar as feridas...ou pelo menos apazigua-las.
(gostei da sugestão p post lá no "folha")
As palavras são armas poderosas! É preciso ter cuidado ao usá-las... especialmente porque são, muitas vezes, boomerangs... És tu, que as lanças, quem acaba por sofrer com elas!
Ainda bem que há pessoas que ainda se arrependem! E ainda bem que há erros que podem ser apagados!
Oh Aninhas, ainda por cima ela não merecia!... Há dias e noites atravessadas...
As noites são mais longas, quanto mais obscurecidos estiverem os pensamentos. Para saires da sombra tens de aceitar a luz e renunciar ao orgulho. Colhemos o que semeamos. Somos vítimas da nossa imprudência, egoísmo e intolerância. Para perdoar não são necessárias palavras, mas actos. Por vezes, basta apenas um gesto.
Reconcilia-te com a vida. Nunca é tarde demais para começar de novo.
adoro-te Calvin!
:))
Enviar um comentário