digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, junho 20, 2006

Carta a uma bailarina desconhecida

O ataque da surpresa às vezes é um sufoco outras um festival de flores sem cheiro. Conheço o sabor das memórias. Tenho medo. Atrás duma doce palavra podem esconder-se adagas cortantes e o ardor da ferida jovem.
Li entre o teus papéis que encontraste um vestido. Já nem te lembravas dele nos dias corridos. Vieram-te os prantos e os gestos e os gracejos de há dez anos quando o reencontraste. Quantas coisas bonitas fizeste com ele e quantos corações destroçaste? Também importa! Quanto tempo passa e de que são feitas as recordações? Não têm a espessura do fumo e na maior parte do tempo nem as sentimos presentes.
Encontraste um vestidos e despiste uma parte de ti à frente de toda a gente. Trocaste emoções por palavras e tocaste-me num nervo pequenino. Tenho saudades de ti, mesmo não te conhecendo.

6 comentários:

Anónimo disse...

Apesar de chamares de desconhecida, cheira-me que sabes quem é?

João Barbosa disse...

não sei, não

Anónimo disse...

Peço desculpa pela confusão. Pensei tratar-de de outra bailarina a pequena a quem dedicaste o texto.

mena disse...

fiquei sem palavras...
(e não é coisa que me aconteça muitas vezes:))

obrigada
t&v

perdida em Faro disse...

Momento de perfeição...muito lindo e muito obrigada pelo sentimento. Dancei quando era mais nova e cada vez que finjo ser por acaso que abro aquela gaveta onde sei que estão as minhas coisas de bailarina criança, não me toca só num nervo. Toca-me este músculo todo chamado coração. Pode não ter nada a ver mas fez sentido e sentimento para mim.

Anónimo disse...

Bolas, João, que texto fantástico...