digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, abril 20, 2006

Descanso

Morrer é como passar um cheque. A alma vai-se logo embora, como o dinheiro sai da conta de quem assina. Contudo, o corpo leva tempo a fundir-se na terra ou no mar, como demoram os números da verba a misturar-se com os que estavam na conta de quem recebe.
Por mim, tanto me faz que seja cremado ou sepultado. O corpo deixará de ser meu mal a minha alma o abandone.
Por agora, só durante uns minutos e apenas para quem me lê, fantasio como se não fosse e penso-me fantasma e numa casinha para morar. Gostava de ter uma árvore grande para fazer sombra à pedra quase lisa com o meu nome. Nesse local de silêncio e ausências não teria família a chorar-me, só algumas visitas por engano e uns passantes. A todos esses gostaria de ajudar ou assustar... conforme os apetites. Mais ou menos como faço agora.

3 comentários:

sa.ra disse...

Bom dia à alma!

sabes, acho que o que vai é o corpo... lentamente, como dizes...

a alma fica, permanece ... invisível ou não!

aos meus filhos que já perguntaram se vou morrer a aos quais respondi: "sim, claro!"...

Acrescentei... "mas não se afligam a mamã não vai a lado nenhum... só têm de procurar-me e se me procurarem bem vão encontrar-me de certeza... posso estar numa árvora, nas núvens, numa borboleta... no vento... mas vou estar sempre cá... afinal, não lugar algum para onde ir!!!!"

beijos!
(percebi que não era/é ficção)
tem um dia feliz!
Amor!

João Barbosa disse...

nós andamos sempre por aí

Anónimo disse...

Tu és surpreendentemente adorável :) Adorei os comentários que precedem este :)