digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, junho 08, 2025

A beleza do

 


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O neorrealismo é feio, não por elogiar quem vive em muito esforço nem por engrandecer o trabalho de suor. Mostrar a miséria como miséria é feiura concentrada e sem diluição possível.

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Revelar a pobreza é denunciar injustiças e não é, quase sempre, arte. Não há muitas imagens das lágrimas de pobreza e do suor laboral que tenham a virtude da beleza.

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O feio é feio tal como é errado o quadrado de linhas tortas, o qual se elogia por ter nascido da inesclarecida intuição matemática dum poeta.

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Os desgostos da transpiração oficiosa e a melancolia do pouco da troca não são de envergonhar. Ainda assim, a dignidade é maior se a crueza for desbastada do óbvio.

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A maioria rende-se à expressão, do rosto e do corpo, pensando revelar uma verdade invisível e, por isso, alcançar uma graciosidade na dor. Há quem conte tudo mostrando pouco.

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Quase todos só falam da matéria, alguns mostram a carne a tocar na alma.

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Nota: tive de escrever este texto por causa da força desta imagem. Depois descobri que já a mostrara. Contudo, a força da imagem justifica voltar a mostrá-la.

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