digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, novembro 09, 2018

Cristal negro – oitenta anos

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De nove para dez de Novembro de 1938.
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Pensa em quem és hoje, ainda que te lembres da última vida.
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Se significar – porque significa – mais do que acomodar a culpa, plasma a consciência e faz, a coisa como conseguires, para o pensamento não manchar igual à memória.
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Se significar – porque significa – mais do que acomodar a dor, plasma a dor-mortal e faz, a coisa como conseguires, para o pensamento, não esquecendo, te apazigue a memória.
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Noite de Cristal é uma expressão poética, cheia de negrume. É antes negrum – aquela ausência da luz, desfazendo o «E».
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É expressão tenebrosa!
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O cinzento das fotografias não mostra o cinzento-verde nem o negro furioso do assalto furioso.
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Nem o amarelo da estrela.
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Pensa no que não queres.
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Que o tido de outrora seja uma arma para pedires perdão.
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Pensa em quem és hoje, ainda que a estrela te esteja pregada.
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Tenta lavrar o teu pedido, em paz, para o perdão.
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Tenta perdoar.
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Um dia serão capazes.
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Talvez ainda por mais uma vida, para.
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Neste momento, faz a paz. Talvez lembrando-te de quem foste.
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A memória inesquecendo – o inesquecível – para outrora não ser a qualquer hora ou mais uma vez.
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Não volte a acontecer.
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