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Há dias em que se morre um bocadinho.
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Esses bocadinhos de morte é que são morte. A outra não existe.
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Há que sobreviva ao amor? Ao perdão? Por aí, por aí.
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Quanto se morre quando se mata. Assim, sem perguntar a resposta, devolvendo questão.
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Das palavras ao ouvido-coração-cabeça e até no movimento do gesto, o jeito de matar e vontade ou fome ou jejum.
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Hoje morri um bocadinho e em mim caíram bocadinhos de mortes.
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Não morreu ninguém. Morremos e morrem-se. Nas-das doenças do cuidar, onde se é frágil e o colo até talvez baste. Ou bruto e o regaço até talvez chegue. Da fealdade do desencanto.
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Vejo mortos diariamente e julgo a certeza de terem vida. Esta e não a do após o corpo desfalecer.
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A morte de que falo des-é corpo e des-é tempo e des-é tudo.
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Os dias da sobrevivência, não pensei o que são, se do corpo se do fluído ou se do plasma ou se.
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Não se pensa para se sentir nem para isso existe o corpo.
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Quando digo morte falo da ausência que se descobre, da perda sem aviso.
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É disso, a morte.
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Porque, de resto, a morte não existe.
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Vemo-nos por aí, daquém e dalém.
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Havemos de ir para voltar e por lá de modo gémeo.
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Vivos, sempre.
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É fácil inconseguir aclarar a mediunidade, nem sei se maior ou menor revelar da morte.
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