digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, agosto 10, 2018

Dívidas

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Que dívida terei de pagar por te ter.
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Que valor terei para me teres?
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Seguraste-me na mão e deste-te. Absorvi-te como a areia salgada e o mar.
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Desapareci, numa infelicidade sem tempo de visão do seu fim.
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Fizemos amor. Sem o termos feito. Fizemo-lo no amor nunca negado e no afecto incrível.
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Sempre adiantado, atrasei-me muitos anos.
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Sempre atrasada, aguardaste-me.
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Saciaste a sede por me ter morrido.
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Esperaste-me como uma viúva do mar.
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Esperaste-me com a paciência dos anjos e a certeza dos crédulos.
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Esperaste-me com a esperança dos vencedores e a certeza dos gloriosos.
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Estiveste na chegada, que desejaste e pediste.
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Estiveste no sonho, pedindo-me.
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Estiveste no silêncio dos mudos.
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De olhos abertos, desconhecendo que lavravas a completa minha absoluta salvação.
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Livre nas vagas do sono, cativa em burburinho de tristeza, quiseste-me e pronunciaste, em bondade e fé.
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Que palavra te disse?
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Primeira, amor.
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Segunda, raiva. Por uma agonia injusta.
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Pela dor do sal, das lágrimas da distância e da aflição dos anos do longo naufrágio.
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Então cortei-te, queimando-te.
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Perdoaste-me, chorando.
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Novamente me chamaste com a esperança e a bondade de quem ama e ama de certeza.
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Não tenho muitas palavras para te beijar, chorando de alegria e arrependimento.
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Desculpa é todo e tudo, por não existir mais grande e pleno.
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Obrigado é todo e tudo, por não existir mais grande e pleno.
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Dizes-me que me amas.
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Lacrimejando ou desértico, digo que te amo.
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O que mais dizer?

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