digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, agosto 03, 2018

Telhado-tecto


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Sob a clarabóia, melancolia da chuva num dia silencioso.
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Imaginava-a cinzenta e intemporal ou então um refúgio de passado.
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Afinal, qualquer.
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Quando se olha, do retrato à sombra, a luz diverge por causa da clarabóia.
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Não como um manto profano. É o odor das máquinas paradas.
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No vazio de horas de movimento, termo-nos deixa-nos não-sós.
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Ser-se sob uma clarabóia é esquecimento.
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É-se o que se é, ninguém precisa de saber e sem segredo ou consentimento ou compreensão.
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Não desgosto da melancolia da chuva caindo na vidraça do telhado-tecto. Como se essa prostração precisasse do consolo da minha melancolia.
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Uma satisfação-ânimo da enfermagem e da desmemória.
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Pode pensar-se uma solidão e ser-se qualquer coisa.

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