.
Não sei se há muitas pessoas com pensamentos inúteis. Tenho muitos,
todos os dias produzo-os com abundância.
.
Os pensamentos inúteis dividem-se em objectos-não-funcionais
e em coisas-nenhumas. Gosto mais desta segunda vertente, acho-a mais
interessante, pois pode gerar mais coisas-nenhumas, servindo de incubação
mental, parto, escola e ginásio, incentivando-me a inventar vazios de préstimo.
.
Essas nulidades têm alternativa, pois têm. Só de pensar
nelas turva-se-me o pensamento e escarafuncha-me todas as entranhas, incluindo
as que não existem – obviamente um objectos-não funcionais.
.
Contudo, a realidade é muito aborrecida e entedia-me. Com
verdade, interessa-me pouco. Faço o que tenho de fazer, só faço o que tenho de
fazer por isso mesmo, porque tenho de fazer.
.
Não digo por pedanteria, sinto-me nessa infelicidade, como enfeitiçado
por mau-olhado. A vida tem-me dado utilidades-sem-préstimo. Não sou bom em
nada, exceptuando em objectos-não-funcionais e em coisas-nenhumas. Algumas
raras aparições tornam-se coisas-vagas, de funcionalidade.
.
Portanto, entre o enfado da banalidade e o desinteresse pela
quase totalidade do que tenho de fazer, prefiro os meus objectos-não-funcionais
e as coisas-nenhumas.
.
Por aí crio e amo, multiplicando os afectos de quem
gosto-gostam.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário