digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, novembro 08, 2017

É hoje

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Há dias em que o meu futuro é um passado intido. Um sonho dormente e circular como a insónia.
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As horas vão e o meu tempo sem se assomar. Ignorando-as de olhos, alastram-se silenciosas por mim todo até desmaiar.
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Há dias que não valho o baraço para me erguer ou pendurar.
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A imensa claridade é de nitidez para lá da clarividência, mas não vi e. Se soubesse, o optimismo crédulo cegar-me-ia.
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E ainda todos me juram ombro e amparo. Nas minhas costas leio as minhas costas, pois os dias e os dias-depois-dos-dias cansaram-me o amor-próprio e morreram-me a esperança.
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Sim, cego teimoso.
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Sou calado meses de desilusão sem saber de culpado. Sou quieto meses na vez de atrevido para cantar protestos.
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Sou alegria de falsa resignação. Sou soturno de natureza, de cobardia e fé. Os olhos ardem de sal
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Há dias em que a mãe não me compra vida e a porta não tem casa nem vista para viagem, igual a cubo de reclusão.
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Há dias para pedir que me falem descansa em paz.
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E eu descansasse. 

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