digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, setembro 07, 2016

No subúrbio

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Na alcatifa no chão duro e almofadas e quase nada sem horas sem campainha sem telefone só nudez solitária dos solteiros e pipocas amendoins e cerveja, coboiadas ao sabor da pólvora.
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Os bandidos mortos na dança de cair, com cigarro na boca e pó todos só o cheiro não, e iguais.
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Que seria a vida sem fitas de cowboys e tardes antigas nos cinemas de reposição e sessões contínuas onde primeiros beijos.
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Sem cerveja não haveria espaçonaves nem homenzinhos-verdes pistolas de lazer portas de luz nem viagens sem distância e matéria e parte da vida.
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Que do cinema negro e série B de terror e erotismo sem cerveja e segredo esquecendo o tempo.
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Só sem cigarros e haxixe e conversas inlembráveis e respiração.
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Tudo resumido numa palavra de nudez silenciada em rios do esquecer, pipocas amendoins e cerveja no escuro da luz da televisão sussurrando para ninguém saber.
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Para ninguém e nem mesmo.
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Quando se vive como um rato resta morrer como um homem.
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Quando se não se sente nada é porque se sente tudo. Por isso.

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