digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, julho 12, 2016

Com éne se escreve não

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Não sei onde estive estes anos. Adormeci ou morri ou invisivelei-me, alguma coisa que não sei, o que disse, o que fiz, se fiz ou se disse.
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Num comboio expresso a paisagem não se demora. A janela está molhada dos dois lados.
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Na estação ninguém me espera nem fica, vazia de vida como se sorvida por espaçonave, um canto de ave e nada mais do que as folhas mexendo-se nas árvores. Fechando os olhos, ánimas rodeando-me enlouquecidas. Ainda assim é dia, terrivelmente dia.
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Não sei se dormindo, sei que não, mantenho-me desperto e confuso. Olhando o vazio ou cegando-me temporariamente, na irresistível dor, para inquirir personagens deletérias. Porém é dia.
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Nesta vida não sei e noutras pouco menos. As contas desta e das outras espelhadas na folha do deve e haver escaldando na consciência, lembradas nos urros e ameaças dos espectros. Antes fosse noite para acordar.
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Não, não pode ser. Não posso estar, não posso ser. Atónito e mudo, culpando-me pelo que sei, deduzo e dizem.
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As mais antigas questões da consciência. A janela é molhada.

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