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A morte não é a morte. A que falo é um bocado de coisa densa, compacta donde não se escapa. Nem a luz invade, nem a luz se evade. Tenho essa morte dentro e tenho-a em redor, como se fosse a caixa que me guardará o corpo. Nem a tristeza é triste, só desesperança. Que alívio se houvesse um fim, mas desexistir não se pode. O vento compõe a paisagem, despenteia e seca as lágrimas, mas não leva a morte, que me corrompe vorazamente. Qual a dor de bater com a testa na calçada ou como será pendular com o sopro ou a que saberá o vómito infrutífero e incompetente contra o veneno? Matava-me já se soubesse que a morte existe. Mas morte só a que me consome.
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