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Os corpos renovam-se em sete anos. Nenhum velho morre velho.
Mas o espelho e as fotografias dizem do tempo. A mana não me reconhece como o
bebé que se aliviou na saia nova da adolescente vaidosa.
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Isso importa. Importa-me a paciência que substituiu a
impaciência. Importa-me a impaciência que substituiu a paciência.
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– Ser jovem é ter espírito jovem!
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Quem diz de mente, mente. Porque ser-se bonito por dentro só
encanta os feios.
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Agora quero a calma que sinto lentidão. Os brancos e as
rugas são-me indiferentes, mas não o rosto e o encarar.
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Hoje sou mais velho do que alguns já vistos. Passaram-se os
vinte cinco, quando entristeci pelo simbolismo. Passaram-se os vinte e oito,
passados numa euforia cortada porque um adolescente me tratou por senhor.
Passaram-se os trinta da leveza e dos terrores. Passam-se os quarenta.
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Olho para as fotografias e não reconheço o espelho.
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