digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, abril 06, 2016

Mariposas

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Então foi aí e ela disse enfim o esperado há tanto faz de dias.
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– Anda, vem.
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Depois disse mais:
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– Junto a mim. Chega-te e toca-me.
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Como se fosse uma ovelha, docilmente me cheguei e tímido e discreto como um gato. Ela era macia e seus pêlos suaves e de maçã.
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Não falou mais e sussurrei-lhe ao ouvido sílabas aleatórias como se fizessem poema.
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No final sem fôlego falámos do estado do tempo e do anticiclone dos Açores e inevitabilidades.
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Reincidimos a espaços cronometrados involuntariamente, tal os sismos e vulcões da Terra.
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As mariposas vivem horas e despenham-se na luz.

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