.
Disse-lhe:
.
– A realidade é uma chatice, mas a verdade é ainda pior.
.
– Falas por falar. É um aforismo de adolescente. Que sentido
isso faz ou se não é o mesmo?
.
– A realidade é palpável. Tropeças ao atravessar a rua e
esfolaste no alcatrão, riscas os braços, sentes ardor…
.
– E a verdade?
.
– A verdade é que isso existe.
.
– Retórica adolescente. És um bocado crescidote para
isto.
.
– A verdade é que sentes vergonha, todos os olhos te observam,
há risos de gozo, conheces vontades tardias de te auxiliar a levantar, vês
fazerem sinais aos automobilistas para abrandarem…
.
– A realidade.
.
– Não. A verdade. Pode não estar ali ninguém e tudo o que
sentes, essa verdade, não existe – no todo ou na parte ou no nada ou outras
situações.
.
– Se coincidirem?
.
– Realidades paralelas, não se anulam.
.
– Filosofia adolescente.
.
– Eis um caso em que a realidade é verdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário