digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, outubro 20, 2015

E se um adolescente tiver razão

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Disse-lhe:
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– A realidade é uma chatice, mas a verdade é ainda pior.
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– Falas por falar. É um aforismo de adolescente. Que sentido isso faz ou se não é o mesmo?
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– A realidade é palpável. Tropeças ao atravessar a rua e esfolaste no alcatrão, riscas os braços, sentes ardor…
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– E a verdade?
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– A verdade é que isso existe.
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– Retórica adolescente. És um bocado crescidote para isto.
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– A verdade é que sentes vergonha, todos os olhos te observam, há risos de gozo, conheces vontades tardias de te auxiliar a levantar, vês fazerem sinais aos automobilistas para abrandarem…
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– A realidade.
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– Não. A verdade. Pode não estar ali ninguém e tudo o que sentes, essa verdade, não existe – no todo ou na parte ou no nada ou outras situações.
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– Se coincidirem?
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– Realidades paralelas, não se anulam.
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– Filosofia adolescente.
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– Eis um caso em que a realidade é verdade.

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