digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, outubro 20, 2015

A meio do princípio

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Chovia (não sei) e para dentro umas manchas frias no ladrilho bicolor – preto quase preto e branco quase branco, não por gasto.
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A professora de matemática disse:
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– Não gosto de turmas de arte.
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Não sei se só eu – se lá fora chove pode mais do que chuva.
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Para dentro da porta as manhãs.
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Corredores de espectros esperando pelo tempo. Suspiros e cinzento quente e húmido.
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Dela para fora acontece inumerável.
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Aquele tempo na turma foi cinzento-chuva – o que tinha ela para me ensinar?
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A afirmação rompeu e lá fora inumerável.
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Nessa manhã tanto fez e depois nada para fazer. Pensando ser espectral, desencarnado diante no inumerável.
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Do deleite à dor, tudo há tudo – todos. A sala de madeira e giz e coisas tão importantes e inúteis.
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Se a arte era o que via pela janela plasmado numa tela – a professora de matemática.
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Para mim do incinzento à luz insombreira – negro e branco – prata e ouro – invisível e intangível – ultravioleta e infravermelho – as cores e os seus sons – os vocábulos e suas cores – os corpos, seus suores e alguns desejos – bilhetes para infinitos e o inumerável – do deleite à dor.
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O que me ensinou – tudo na primeira afirmação. Única e inacabada.
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Tédio útil apontando o ponto-de-fuga.
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Nota: Se alguém souber da autoria desta fotografia, por favor informe-me, de modo a poder atribuir-lhe a autoria.

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