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Chovia (não sei) e para dentro umas manchas frias no
ladrilho bicolor – preto quase preto e branco quase branco, não por gasto.
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A professora de matemática disse:
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– Não gosto de turmas de arte.
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Não sei se só eu – se lá fora chove pode mais do que chuva.
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Para dentro da porta as manhãs.
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Corredores de espectros esperando pelo tempo. Suspiros e cinzento
quente e húmido.
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Dela para fora acontece inumerável.
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Aquele tempo na turma foi cinzento-chuva – o que
tinha ela para me ensinar?
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A afirmação rompeu e lá fora inumerável.
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Nessa manhã tanto fez e depois nada para fazer. Pensando ser
espectral, desencarnado diante no inumerável.
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Do deleite à dor, tudo há tudo – todos. A sala de madeira e giz e coisas
tão importantes e inúteis.
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Se a arte era o que via pela janela plasmado numa tela – a professora
de matemática.
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Para mim do incinzento à luz insombreira – negro e branco –
prata e ouro – invisível e intangível – ultravioleta e infravermelho – as cores
e os seus sons – os vocábulos e suas cores – os corpos, seus suores e alguns
desejos – bilhetes para infinitos e o inumerável – do deleite à dor.
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O que me ensinou – tudo na primeira afirmação. Única e
inacabada.
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Tédio útil apontando o ponto-de-fuga.
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Nota: Se alguém souber da autoria desta fotografia, por
favor informe-me, de modo a poder atribuir-lhe a autoria.
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