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Não seria capaz de desenhar Nova Iorque recorrendo a outra
coisa que não riscos – vi. Corre-se, o céu é riscado e gatafunha-se a relva de
Central Park. Uma multidão de riscos atravessa as zebras e a cocaína e também o
pudor. Num papel, amontoados e desconexos, bem vincados, os algarismos da
sessão de NYSE e os de orgasmo ou impotência do Dow Jones e do NASDAQ 500. No
final, o corretor fita melancolicamente os valores, mais velhos e escritos
suavemente a encarnado, dos fechos de Londres, Frankfurt, Paris e Milão. Que se
lixem – e até amanhã – os mercados asiáticos. Risca-se a lápis, no cartão
reciclado da base dos copos dum bar, as cervejas bebidas como massagem. Nas
conversas ninguém diz dos jactos que mudaram o mundo. Tudo diferente, até a
quinta-feira negra de vinte e nove. Eram de riscos e orgulho. Com três riscos
se desenham N e Y.
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