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É mais fácil ser-se do favor. É mais fácil ser-se do contra.
E é tão fácil dizer-se diferente, concordar divergindo e desviando no aceitar.
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Onde estou?
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Monárquico distraído, republicano preguiçoso e cansado de
explicar a quem não quer ouvir.
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Onde estou?
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Talvez nos cínicos. Talvez até nos hipócritas. Nos medrosos,
certamente nos merdosos.
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Onde estou?
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Nos tolos. Nos que acreditam em qualquer coisa aparentemente
possível. Nos da bondade de boca e barriga cheias, de bolsos vazios. Nos que
acreditam terem uma importancizinhar.
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Nos peremptórios. Nos das excepções. Asseado por fora e sujo
para dentro. Dolorido e lastimoso: chame-se índole e consciência.
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Voz em frequência modelada: social-cristão para ser
revolucionário e poder agradar ao mundo.
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O mundo não se importa. Importo-me e espero que alguém se
importe. Não importo, nem preciso de me preocupar com gregos e troianos.
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Social-cristão, a coisa imprecisa e fácil de pronunciar.
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E é tão fácil dizer-me diferente, concordar divergindo e
desviando no aceitar.
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Tão simples como ser do favor e da contestação, só que numa
névoa – dispensável, mas obrigatória – de ridículo.
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Onde estou?
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Onde me deixam estar.
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Provavelmente tem a ver:
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– O meu futuro é aquilo que se viu.
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Nota: Obrigado Fernando Tordo por este último verso.
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