digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, maio 12, 2015

O nu das praças

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Por que tenho um tumulto nas veias se não sei de raiva? Talvez o pesadelo do veterano de guerra.
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Afogo-me no sono, afundo-me num colchão mole, afundo-me num colchão rijo. Abraço as almofadas como se a mãe. Na posição fetal.
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Não quero conversar com o mundo nem com o indivíduo. Exijo a coragem do nu das praças e a desvergonha do alcoólico invisível, encarnado e fedente.
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Quero o revólver. Quero fazer amor. Quero tocar as balas e alimentar o tambor. Quero fazer amor na persistente noite. Um orgasmo qualquer.
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Quero todos. Por não, antes ninguém.
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O sono. O sono. O sono… O sono.
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Se não sonhasse no sono. Se não vivesse. Mas o peso.
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O peso morto da alma, o fígado quieto, os pulmões às vezes, a cabeça. A cabeça.
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Vórtice de palavras, conversas, burburinhos, gritarias e além das praças. Dói-me aqui.
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Oiço demasiado bem, excessivamente vivo.
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Com o suor da vigília e o aperto, exausto, sem renascer. Com uma culpa qualquer.
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Com uma culpa qualquer.

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